quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Eu quero ser reconhecida



Algumas pessoas desejam viver. Outras querem ter um cabelo mais curto, longo, loiro, moreno, liso ou enrolado. Vejo notícias o tempo inteiro sobre gastos milionários para se tornar alguém que já existe. Mas talvez não seja só o visual, pode ser que o talento também nos impulsione. Quantas vezes quis ser igual as escritoras que acompanho? Aposto que você conhece alguém que batalha para ser referência na área que atua. Isso são os nossos sonhos para ser alguém que mereça reconhecimento. Um nome inesquecível, uma história que ultrapasse a linha do tempo. Não importa.

A verdade é uma só: sempre queremos ser alguém. Bons ou maus exemplos, whatever. Porém, essa não é uma afirmação generalizada. É apenas a minha simples visão, e talvez algumas pessoas compartilhem dela, ou não. Tanto faz.

Mas e eu? Como quero ser lembrada? Acho que sempre quis ser reconhecida por dentro. A minha autoestima não está na cor dos meus olhos, no meu peso ou nas roupas que visto. Está na minha batalha. Quero ser reconhecida fora do tempo, do corpo, da visão superficial. Quero ser lembrada pela alma, pelo o sorriso, pelas histórias construídas lado a lado.

É óbvio que faço alguns esforços para manter o padrão que todos seguem. Mas ser reconhecida pelo o que faço, isso me deixa radiante. Sinto que os meus esforços não podem ser em vão. Me coloco a prova todos os dias. Digo que não vou mais repetir os erros, mas lá estou eu. Digo que terei foco, e crio pilhas de planos. Digo que serei feliz, e cumpro, mesmo que demore.

Talvez eu só queira ser reconhecida como um Cazuza, um Renato Russo, um Kurt Cobain ou um Michael Jackson. A diferença é que não quero a mídia. Eu desejo essa lembrança de se eternizar por algo que fez, que mudou, que transformou na vida do outro. Desejo ser reconhecida por ser importante ao agregar um sorriso, uma saudade, um amor, uma amizade, um porto seguro. Se eu não puder ultrapassar o tempo para algumas pessoas, então deixo as mesmas irem embora. É melhor assim.

Desde pequena fui reconhecida como a mais fraca das três irmãs. Quando cresci virei a romântica e "bonequinha" para os amigos. Agora até sou um pouco grossa, e muitos me chamam de batalhadora, quem diria?! Quantas divergências em um corpo só!

Me importa a maneira como você me olha, porque eu quero ser especial. Não tenho a pretensão de ser eterna, mas anseio por ser uma lembrança que traga sorrisos, esperança e amor. Esse sentimento me persegue. Preciso ser reconhecida com adjetivos que vem da alma, não do corpo.

Talvez nenhum desses textos vá parar na prateleira das maiores livrarias do mundo ou nos perfis e compartilhamentos da vida online, mas se eu atingir três pessoas com as palavras, me sinto a Angelina Jolie dos livros, entende? Eu quero ser lembrada por ser intensa a ponto de cravar na tua pele um sentimento que você talvez não conheça, talvez fuja, talvez abrace e não queira nunca mais soltar.

Muitas coisas passam e poucas ficam, mas do fundo do meu coração desejo que todos saibam que dei o meu melhor para ser alguém e aceito que nem sempre sou boa com o meu objetivo, mas me deixem com a certeza de que sou reconhecida pelo o coração e sorriso que carrego. Esse seria o único pedido a todas as pessoas que circularam pelo o meu caminho. Apenas ser alguém atemporal.

- Jana Escremin

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Seja alguém. Não, calma.


Seja meiga. Seja educada. Seja autêntica. Seja feliz. Seja assim. Seja assado. Seja inesquecível. Sorria. Seja diferente. Seja gostosa. Seja atraente. Seja boa.

Calma, por favor!

E se eu for eu? Se eu gostar de sentir muito? E se eu for um pedaço de gente que ainda não se encaixou nas modernidades do século XXI? Qual o pecado em ser quem eu sou? Sinto, respiro, digo, escrevo. Não preciso de orgulho para ficar fazendo joguinhos. Eu jogo muito bem, mas tenho preguiça de quem manda eu ser quem não tenho a vocação de ser. Se eu quero, eu vou, simples.

Sim, vou usar muitos "eu" nesse discurso. Sou assim!

Quis ter filhos e um casamento igual aos que vejo por aí. Idealizei tantos sonhos que hoje só quero a paz de estar sozinha. Me sinto bem aliviando vontades sem compromissos. O desapego é uma dádiva que poucos conseguem dominar. Eu não domino nada, mas finjo tão bem que se tornou natural.

Não preciso ser essa pessoa que todos dizem ser a ideal. Se eu quisesse ser ideal para alguém teria aceitado os chifres, as falhas, as desculpas. Quero ser ideal para mim. Ponto.

Conheci uma pessoa uns dias atrás. Em dois minutos de conversa ele já disse que eu era fofa. Lancei a mão e disse: "Pare". Não sou fofa, porra! Mas poderia ser, se quisesse, claro. Eu sou assim e talvez seja o meu maior problema. Não preciso fingir ser fofa, as vezes me escapa, assim como a grosseria. As vezes sou muito grossa, e as pessoas acham errado. Quer saber? Foda-se.

Como explicar quem eu sou se não pareço com o que o mundo enxerga? Tenho uns defeitinhos aqui, outros acolá. Mas cansei desse papo de "seja alguma coisa para ter o que todo mundo tem". Fala sério?! Não quero ter o que todo mundo tem. Quero ter o que é meu, por merecimento e felicidade. Amei, sorri, chorei, sofri, levantei e olha só! Aquele papo de que a gente tem que se bastar, bastou.

Ser alguém perfeito para o outro é tão errado. A primeira vez que quis me moldar, percebi que não nasci para isso. Como perdoar quem não tem vergonha na cara? Como sorrir quando a vontade é de chorar? Sinto muito, mas eu sou dessas que sente, fala, grita e você não pode impedir.

Gostou? Ótimo. Não gostou? Ótimo, também.

Eu já sei o que procurar. A ideia de filhos, casamento, amor e cabana nasceu para alguns, talvez eu sonhei com algo que não me pertence e hoje aceito isso.

Ontem interfonaram no meu apartamento para saber o meu nome. Não sei quem foi, mas notei a intenção. A vida tem mostrado que ser mais para dentro do que para fora é destaque. Agora sei que ser alguém sem regras é o melhor remédio para ser perfeito para si mesmo e ninguém mais. Chega de tanto "seja".

- Jana Escremin