segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O que é o amor?

Então depois de muito pensar, cheguei a algumas conclusões:




O que é o amor? Amor é você ser idiota, boba, sonsa. Talvez ser alguém que você não sabia que era até descobrir que existe outra pessoa dentro de você quando se apaixona. O amor são aquelas batidas no coração que todo mundo no primeiro momento tenta esconder, mas sabe que se isso se tornar frequente com certeza é amor. Amor pode ser para alguns o mesmo que ignorar, fingir a inexistência do outro pode ser amor também. Me disseram que amor se revela muitas vezes com outros parceiros que não seja a pessoa amada. O amor é você entrar e sair do msn mil vezes para que aquele ser venha falar pelo menos o 'oi' necessário para sua sobrevivência. Amar pode ser aguentar todos os sofrimentos, afinal dizem que só ama quem sofre. Ver o outro acompanhado e não poder derrubar uma lágrima também se confirma como amor. Traição não é amor, mas perdoar uma é.

Outra interessante conclusão foi que o amor não escolhe defeitos. O amor acontece com o tempo, é preciso realmente perder para confirmar se é amor. O amor disperta ciúmes e medo de tudo. Medo é consequência do amor. Amor é não querer fazer mais nada durante 24 horas que não seja acompanhada. Essa palavra aí pode ser também momentos como uma flor durante seu trabalho. Um pedido de desculpas, um soco no painel por saber que seu amor foi de outra pessoa um dia. Amor é não saber se controlar após alguns copos e quando se reencontram todos os costumes antigos voltam a ativa. O amor pode ser você negar o outro a você, e principalmente a ele. Pensando bem não seria o amor uma dúvida? Deixar o outro esperando, inseguro, pensando mil besteiras na hora de dormir. Afinal já me falaram também que o amor é isso. Esnobar ultimamente virou sinônimo de amor ou talvez seja mesmo nada. Sei lá, para mim o amor tem tantos sinônimos.

Me indago se o que sinto é amor, obssessão, paixão, fogo, azar. Sei lá. Ele é tão complexo e com tantos significados. Cada ser humano expressa de uma forma. Eu odeio todas elas a não ser a minha. O amor se parece comigo as vezes. Mudando sempre e querendo aprender novas formas para 'ser'. O amor é aquela saudade que pode doer ou te alegrar. O amor está aí para provar que existe sim sexo bom. Que amar não é só isso também, o amor está na pele, na cabeça, no coração e se duvidar o amor pode ser encontrado até na ponta dos dedos. Sinto o amor como uma humilhação em sua maioria, o amor não quer saber de afinidades, ele quer saber de história. Esse mesmo sentimento quer ser passado, presente e futuro, quando muitas vezes no futuro faz você ir a falência emocional. É entrega, conquista, lágrimas, verdade, mentira, sorrisos, abraços, amassos, sustos! É tudo o que você acha impossível mas vê acontecendo no mesmo segundo

O amor é cego, surdo e mudo, se não for paraplégico! Pode ser encontrado aqui, ali. Quem sabe em uma folha de caderno com um coração desenhado. O amor são nomes incalculáveis, todos feitos sem inocência. Sim, o amor é tudo, menos inocente. Cilada pode ser amor. Amor pode ser uma sorte. Amor não quer data ou hora, ele escolhe com precisão suas vítimas. O amor não deseja pessoas boas com pessoas boas, ele quer juntar o desnecessário e mostrar ao necessário que é possível ser um oposto perfeito. O amor é um livro que não tem fim, crônicas feitas para mostrar que amar tem seu lado bom. O amor é o amor... E aí depois de tantas conclusões, o que é o amor para você?


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domingo, 29 de agosto de 2010

O valor do amor



Esse dias questionei os valores amorosos de um amigo. Ele confessou ser apaixonado pela antiga namorada, e que seria capaz de dar o mundo por ela porém estava começando um novo relacionamento e percebeu que era algo bom para ele. Questionei ele pois não vi razão nas suas atitudes, como pode alguém amar uma pessoa e ser de outro seriamente? Durante a conversa eu questionei tanto que fui desmascarada por ele quando me disse sem rodeios que eu não pensava direito sobre o assunto. Falou que eu não podia esperar que ele ficasse sofrendo, sem ninguém novo enquanto ela seguia a vida dela. Quem tinha razão? Na verdade nunca vou saber, para mim é algo tão estranho ver pessoas andando por aí com corações partidos e ao mesmo tempo estarem gostando de outras quando na verdade se aquela paixão chegar tudo que foi construído se desmorona em alguns segundos.

Pensei sobre o que seria o amor e qual o seu valor. Na minha visão de mundo, que sem exageros é uma visão muito além da realidade, vejo tudo com olhos de criança. Hoje sei que me encontro um tanto quanto distraída para a minha realidade. Tento esconder feridas não arrumando outros amores, mas procurando esquecer o que não sai do coração. Acho impossível falar que é amor quando você não liga nem para ouvir o som da voz, não se interessa pel o que está passando na vida do outro. Na verdade ontem mesmo chorei pensando como seria a minha vida se aquela pessoa por algum motivo fosse embora desse mundo. Eu chorei igual uma criança só de pensar no fato. Não saberia dizer o que é pior: perder a presença ou saber que existe alguém que não se interessa sobre o que passa na sua vida.

O meu jeito de amar é o mais complicado que conheci, e parei para pensar nele quando joguei conversa fora com o tal amigo. Eu ainda choro, eu ainda pego o celular e digito números, leio emails antigos, fico lembrando passados. Escutei a seguinte frase 'Milhares de recordações transformam tudo em canções'. Sei que o que restou estão nas músicas que escuto por aí. Realmente percebi que sou a idiota do século XXI ao pensar que o amor é ligar para ouvir apenas a voz do outro. É se importar se o amado está vivo ou não, e mais importante do que todos as breguices que eu achava que era a forma física do amor, é poder falar e ter respeitado seus sentimentos. Estou aprendendo a deixar para lá, e isso me dói tanto que não saberia comparar com qualquer outra dor.

Na conversa percebi que não existe mais o amor dos filmes que eu tanto espero. Aquelas cenas clichês como alguém movendo céus e terras para ter o outro do lado. O amor virou o conformismo do mundo. Não aceito esse amor, mas tenho que aprender a amar ele. Ou melhor dizendo, estou aprendendo a não amar, porque ao meu ver isso não é amor. A indiferença, o desprezo, a disputa para mostrar ao mundo quem está mais feliz se tornou mais importante do que amar. Não quero deixar de amar, mas preciso. O mundo é cruel para quem ama como eu. Se comportar como um robô que não ama, e esquecer que existe um passado e um sentimento é a nova expressão do amor e para mim isso não tem valor nenhum. Mas hoje em especial tenho que aceitar que ignorar faz parte do processo. Não adianta querer ir contra o sistema, isso só traz lágrimas. Não seja mais uma Janaina no mundo, ou seja, você quem sabe o que é melhor para o seu coração.

Infelizmente meu amigo não conseguiu colocar na minha cabeça que o amor é isso. Mas ele me mostrou uma realidade que é a de que eu faço parte do mundo, então ou eu ando com ele ou eu ficarei a mercê dos meus tormentos. Ainda estou tendo minhas oscilações, mas a esperança não morreu. Um dia eu sei que vai ser bola para frente e com cabeça e coração livre para qualquer obstáculo. O problema do meu amor é que não quero que ele vá embora mesmo com as lágrimas que rolam todas as noites.

Assim, a palavra 'valor' é algo que têm importância e o amor é na minha vida a fonte de todas as minhas inspirações sendo algo de grande valor para mim, ele me move e por eu falo. Nesses dias me peguei perguntando porque amar alguém que não se importa se eu morrer hoje é tão importante para mim? Achei a resposta mais humilhante que consegui encontrar e conclui apenas que para mim teve e tem o seu valor, até quando não se sabe, mas existe mesmo com todos os seus defeitos de fábrica. Amor e valor combinam comigo, mas é difícil dizer a quem eu gostaria todas essas palavras.

Faço do meu tormento meu melhor amigo, e do meu silêncio minha pior dor.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Romance Paulista



Quem disse que não existe amor de carnaval estava enganado e posso provar. Não digo amor só entre homem e mulher, é mais como um carinho, uma ausência sentida e sempre saciada nos cinco dias de folia que todo ano me faz mais feliz. Entre tantas bagunças, pulos, letras carnavalescas eu acabei encontrando alguém com quem passei três dias apenas do meu lado, e quando finalmente tivemos dois dias juntos, ele foi a pessoa mais perfeita dos cinco dias, mais uma vez. Ficamos sorrindo por um bom tempo, porque a presença dele já me fazia sorrir.

Eu tenho um romance que não se limita em amores de carnaval. Ele vai além com uma amizade e alguns quilômetros que poderiam separar qualquer manifestação de carinho. Pensando no carnaval, logo já penso nele e quando nos conhemos ele estava lá, pequeno e lindo. Matando a saudade da amizade, e muito mais do que isso, ele estava sempre fazendo as suas piadinhas com aquele sotaque paulista que eu acho o máximo. Tão diferente do interior onde vivo.

Lembro que quando conheci esse garoto ele brincou muito comigo e minhas amigas, ofereceu carona e eu recuei porque tinha medo dele ser alguém louco. Desses que se pode encontrar em qualquer esquina, principalmente no carnaval. Ele é um louco, mas um louco do bem e por isso aceitei sua carona. E lá estava ele no banco da frente do carro. Lembro da forma como falou comigo e com as minhas amigas, sendo o mais simpático que já tinha visto. Ele e os amigos eram tão engraçados e se precisar dizer quem marcou mais o meu carnaval, com certeza foram eles.

Infelizmente, nós nos afastamos quando comecei um relacionamento. Porém quando terminei faltava muito pouco para o início do outro carnaval e ele conversou comigo novamente como se o tempo sem nos falarmos não tivesse existido.

É um amorzinho e digo isso sem meias palavras porque ele veio e tudo ficou mais bonito. Brincadeiras, abraços, beijos e muita alegria. Era sempre ele ali do meu lado fazendo graça e sendo quem ele realmente é. Mas eu tenho que lembrar que ele não foi capaz de me defender de um tambor de metal que voou na minha cabeça. Isso foi um caso a parte que eu ri muito junto com ele, óbvio.

Sei que logo aí já existiu um carinho muito grande por ele. Me arrancou sorrisos como ninguém já havia feito. Não vou dar detalhes do tanto que ele me enrolou nos três primeiros dias de carnaval. Mas acredito que foi preciso passar por isso para poder crescer o meu carinho por ele.

Ele é o mais engraçado, simpático, gentil e lindo paulista que conheci até hoje. O sentimento com certeza nunca irá embora, se tornou o romance para sorrir, beber, bagunçar e curtir muitos carnavais que estão por vir.

Apenas a presença dele nesses cinco dias fazem toda a diferença. É especial no seu jeito paulista de ser. Ele merece algumas palavras, só para dizer o quanto é importante para mim. Enfim, hoje ele é o meu romance paulista e ponto final.


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Chimarruts


Deveria ser um lema de vida. Vou tentando...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A tecnologia e meu coração


Sabe o celular?! Pois é, eu ando com um azar em relação a ele. O bendito sempre quer me pegar desprevinida. Toca quando eu desisto de olhar para ele e receber alguma ligação. Não toca quando eu fico segundo a segundo olhando e esperando todas as ligações do mundo. Pegou a mania de me enganar, e eu caio sempre. E muito mais quando eu tenho que cair naquelas mensagens da própria operadora. O meu celular tá de brincadeira comigo. São telefonemas que eu não quero receber. Os que quero nunca recebo ou só chegam quando estou lá na frente, sem vontade nenhuma de ver alguns nomes aparecerem novamente na agenda.

Pensando bem a única ligação que eu gostaria de receber não tenho mais na agenda. E sei que do outro lado da linha nunca irá funcionar. Difícil saber que números e lembranças vão embora todos juntos com o final de algo que é bom. Ou era, sei lá. Tão complicado quanto receber ligações nada interessantes é ver Deus brincar com você na madrugada. Fazendo seu celular tocar para ser alguém totalmente sem lógica. Certa vez ouvi de um garoto que ele daria tudo para que eu escrevesse sobre ele do mesmo modo que escrevo para aquele que solta gargalhadas das minhas palavras,  disse que gostaria que eu esperasse ligações dele ao invés de ficar me matando por ter a certeza e me torturar com ligações não realizadas. Fiquei sem reação.

O meu celular está de brincadeira comigo. Eu durmo com ele do lado do travesseiro pois eu sou cheia de esperanças, e um dia quem sabe alguém conhecido irá ligar. Vai lembrar dos dígitos que tanto utilizou um dia, mas que seja para algo bom, algo novo. Ou quem sabe alguém desconhecido, são tantas esperanças com a tecnologia. Estou surtando com os 'não sei' da minha vida. Não sei o que fazer com tanto sentimento, não sei o que dizer a quem eu amo quando  surge apenas para achar graça dos textos que escrevo. Não sei o que fazer dos meus sentimentos que não querem ser livres. Me sinto macumbada no amor, sinceramente. O celular não toca, o computador dois dias atrás deu sinal de vida fazendo meu coração sangrar, pois depois de todas as palavras bonitas e humilhações que eu sinto dentro de mim e expresso aqui, vi apenas alguém gargalhar das mesmas.

Difícil segurar a vontade de dizer tudo pela internet ou  no celular quando o sentimento ainda está aqui intacto. Eu estou me segurando, o problema é: ATÉ QUANDO?


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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desabafo


Não me faça escrava da sua indiferença. Não seja tão ruim comigo. Já percebi que sou página amarela  na sua vida, que você passou e não dá nem as olhadas que eu insisto em dar no meu livro autobiográfico. Essa história que a vida segue em frente não é comigo. Eu ainda sinto todos os sintomas. Me engano e engano os outros. Eu tenho que escrever que existem outras pessoas, outros caminhos. Mas sempre esqueço de escrever como eles duram segundos e são todos círculos fazendo eu voltar para o ponto inicial sempre. Me iludo com qualquer amor para ver se alguém tem coragem de tomar o que é seu. Mas a coragem que falta é minha, eu não quero dar esse amor para qualquer um, ele é seu. Ainda espero ver você tomá-lo de volta como uma criança que pega seu brinquedo. Não finja que não estou viva, porque um dia vou morrer com isso, e aí será tarde demais para nós. Na verdade eu vejo que já é tarde. Não poder ligar, teclar ou fazer qualquer movimento para ir de encontro com sua vida me tortura e a única forma que posso expressar esse amargo em mim é soltando lágrimas quietas antes de dormir. Ontem foi mais um dia onde eu vi que você já era, que eu já era na sua vida. E dói saber que tudo aquilo só restou em mim. Logo eu, que tomei a decisão de seguir em frente. Você fez tudo o que podia para que eu abandonasse meu amor, você queria a liberdade mais preferiu consegui-la na covardia, fazendo quem mais te amava largar tudo. Cansei das pessoas me dizendo que você não me merece. Será tão difícil perceber que eu te mereço?! Procurei beijos, abraços, encontros casuais, bebidas e tudo o que pudesse me tirar do tormento que é você. Nada funciona! Você grudou em mim e eu não quero que solte. Mas vendo você se soltar agora sou eu quem me agarro as lembranças pois você está longe demais para olhar para mim. Nem sequer uma ligação na madrugada eu tive direito. Pequenas coisas que mostram como eu sou pequena aos seus olhos. É como entrar na sorveteria e pedir meu sabor favorito, que é limão, e ficar feliz por ele estar ali mas o gosto amargo mostra como tudo o que acho bom um dia amarga minha vida. Será que vou enjoar da sua indiferença assim como enjoei do gosto do limão? Sei que você não me ama mais, está na cara. Nem meu nome você repara,  só escrevo assim porque sei que por aqui você não passa. Mas eu queria muito que tudo mudasse, hoje eu vi que posso ir para o fim do mundo e você estará lá. Difícil de entender, preciso de intervenção. É fácil dizer que te esqueci, o difícil é sustentar essa mentira dentro de mim.

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Últimos segundos - Tati Bernardi



Não deixe quebrar, não deixe romper, não deixe virar grafite envelhecido e esquecido como qualquer contrato sem alma. Corra e cole os pedaços, corra e segure meus pés no chão porque eu estou quase voando, ou me faça voar novamente com você. Por favor, não espere o sanduíche ou a festa do ano, e a minha cara assustada perdida na sua ausência.

Venha logo, traga de volta a minha certeza, não deixe, por favor, não deixe. Traga um agasalho para esquentar a minha falta de amor e ganhe em troca um ingresso para a minha fidelidade. Não espere o horário do trânsito livre, não espere ouvir o que você não quer, não espere a vida dar merda para colocar a culpa na vida. Eu ainda estou aqui por você, limpa, ilesa, sua. Mas cada milímetro do meu corpo me implora por vida, por magia, por encantamento. Por favor, me roube, não deixe, não esqueça do nosso pacto em não ser mais um daqueles casais que não conversam no restaurante e reparam tristes nos outros.

Outro dia ouvi a música do Closer e lembrei o tanto que eu te amava, o tanto que ainda te amo, mas havia esquecido. Eu lembrei que enxergar sem pretensões você dormindo, com o seu ombro caído pra frente fazendo bochechas de criança na sua cara feliz, é a visão do paraíso pra mim. Eu preciso de força, eu preciso de ajuda, eu preciso que você me lembre de que eu não preciso de mais nada, que mais nada é tão perfeito e que podemos ser um casal imbatível.

Caso tudo isso seja um trabalho inconsciente para me perder, parabéns, você está conseguindo. Mas se ainda existir dentro de você alguma esperança, eu preciso demais que você me abrace e me faça sentir aquilo novamente. É fácil, basta você querer, eu ainda quero tanto. Venha agora, não espere o músculo, a piada, o botão, o calo, a saudade, o arrependimento, o vazio. Eu preciso sentir que você ainda sente, eu preciso que o seu coração dê um choque no meu, eu preciso saber que seu peito ainda aperta um pouco quando eu vou embora e se espalha como borboletas nas veias quando eu chego.

Tudo o que eu quero, quando ela me olha sem pressa e sorri nervosa sem saber porque a gente procura se perder. Eu ainda preciso que você me ache bonita, se surpreenda, me comemore e esqueça um pouco de todo o resto pra se encantar sem medo do tempo. Não me tire a razão, não me tire a honra, não me faça estragar tudo só para sentir o vento na cara de novo e a música alta. Berre e assopre em mim enquanto é tempo. Eu ainda quero viver para você. Venha agora, ganhe a corrida, passe todo o resto pra trás, é você quem eu continuo eternamente esperando na linha final.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

BLOGBOOKS - Vote!

Estou concorrendo ao 2º Prêmio Blogbooks A Próxima Página, um concurso que dá a oportunidade de escrevermos a próxima página da nossa vida.

Conto com vocês mais uma vez: Clique aqui!
Podem votar quantas vezes for preciso, se você gosta do que escrevo e quer ver isso como um livro só clicar!
Obrigada!

domingo, 22 de agosto de 2010

É assim

Lá estava ela se preparando para mais uma noite sem companhia masculina, apenas as amigas. No entanto ela aproveitou a oportunidade para chamar um amigo-paquera. Ele aceitou seu convite. Não sabia não se relacionar apenas com garotas. Era sua chance, ela somente abraçou-a. Após tudo terminado foram para a festa, ela colocou sua melhor roupa e fez a maquiagem para destacar seu rosto. Queria brilhar naquela noite. Mas a noite não era dela, e logo ela foi percebendo detalhes que sua inocência e excesso de confiança não deixam que ela enxergue com clareza.

A noite inteira teve como destaque outra garota. E sua atenção foi tomada por aquela que sempre sai na frente na corrida da conquista. Era alguém próxima dela, porém resolveu calar e se esconder na multidão já que sua face foi ocultada por essa que resolveu esquecer do pacto que certas amizades fazem sem dizer palavras. A noite continuou e quando ela esqueceu dos sinais ele a puxou. Olhou nos seus olhos, ambs estavam um pouco alterados devido a festa e suas bebidas. Pediu um beijo e ela não viu problema em ceder. Ela cede a quase todas as suas vontades ou melhor, ela cede a todas!

Mas sua noite, seu desejo e sua imagem foram escondidas com ações nada agradavéis e inesperadas. Aquela pessoa próxima se jogou para cima. Como quem não quer nada foi se aproximando e ele começou a esquecer do que tinha pedido a ela segundos atrás. Era como se o beijo fosse cancelado, e de repente ela virou apenas a antiga amiga, enquanto a outra amiga virou o alvo principal da conquista. Ela deixou, não tinha o porque dizer nada a ninguém. Ela sentou e viu toda a cena quieta. Saindo de lá, olhou para trás e viu um abraço que segundos depois foi confirmado como beijo. Mas ela não viu essa parte, e por isso apagou da sua mente aquela noite. Uma traição era normal na sua vida. Tantas vezes passou por isso, aquela seria mais uma. 

Ela anda hoje como quem não sabe de nada. Como a pessoa que não vê, não ouve e não fala nada. Seu silêncio as vezes dói, mas ela segura ele, que tenta escapar entre as bebidas que toma. Mas ela decidiu deixar a água rolar, mesmo que isso custe rolar do seu rosto mais uma vez


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A Solidão

Eu tenho medo da solidão. Assumo isso pela primeira vez. Ando por becos, ruas, festas e me encontro com ela diversas vezes tentando me assombrar dentro da bebida pelo lugares onde vou. Eu sinto medo de não conseguir mais começar algo novo na minha vida. Cheguei a achar que estava andando para trás, mas andar para trás ainda muda alguma coisa, e na minha vida nada mudou. Sendo assim a conclusão que tenho é a de que estou parada. Acordar para a realidade me machuca, como um amor desaparece no ar? Se o meu ainda está aqui do mesmo jeito. Reservei um dia da semana para entrar em depressão, na verdade para odiar essa solidão que me encontro. Hoje é um dia desses, quase imploro para ela ir embora sem nenhuma lembrança para me torturar.

Ouço amigas dizendo como eu não mereço o que sempre quero. Me desconheço tanto ao ponto de só querer o que me faz mal? A solidão é a minha melhor companhia nos meses que seguiram. Eu já cansei de brigar com ela. Era bem melhor quando eu brigava com alguém de carne e osso. No final das brigas pelo ao menos tinha o abraço, o perdão (mesmo que falso), ou seja tinha alguma coisa ali. Com a solidão não tem nada, somente ela. Estou assustada, e quero dizer isso hoje. Estou com medo, medo de descobrir que a frase: "Tudo que é seu sempre volta" seja uma grande mentira. Não sei enfrentar mentiras, solidão, desprezo e todas essas coisas. Na verdade eu não sei enfrentar o silêncio alheio. E me dói ficar em silêncio, não sou dessas e tenho que ser segundo conselhos amigavéis. O silêncio não combina comigo, e hoje tenho que me adaptar a ele.

Achei engraçado quando me falaram que logo um outro amor chega, sempre aparece. Porém não quero acreditar nisso e por isso a solidão me adora, me torturo não querendo deixar um amor tão grande como o meu ir embora ou ser entregue a outra pessoa. Vou me enganando cada dia com pequenos problemas sendo que o problema principal está guardado a sete chaves. Será possível amar alguém do jeito que eu amo? Amando o outro eu deixo de me amar, e isso eu não quero mais para mim. Com a falta de possibilidades na minha vida só sei que a única companhia que tenho é a de algo nada físico mas que me aperta mais do que tudo. Hoje eu vejo que o pior abraço é o que dão no seu coração. Tudo seria mais fácil com uma formatação da minha mente ou o congelamento do meu coração. Coisas impossíveis... como sempre.

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Só sei ser eu...



Hoje eu procurei motivos para não ir sempre pelo mesmo caminho. O amor me deixou burra, ignorante porque eu percebo o que acontece, o que devo fazer, mas sempre acabo agindo da mesma forma de antigamente. Modo Janaina de ser. Ser assim cansa, ser igual dá tédio e traz as mesmas decepções. Atitudes iguais, resultados iguais. Eu sei disso e não faço nada. Deixo simplesmente como está. Meias palavras me cansaram a muito tempo, porém eu continuo aqui mostrando como eu sou, e eu não quero ser assim. Contentar-me com essas meias palavras não está no meu roteiro.

Sou a garota que se deixa levar por qualquer palavra meia boca, por qualquer gesto. Eu deixo-me levar porque qualquer sorriso. Sou fácil quando estou afim, não sei jogar isso que minhas amigas chamam de 'indiferença'. Qual a razão para ignorar quem eu gosto?! Não tenho medo, mas esse mesmo medo me traz grandes decepções. Uma coisa é fato: Não acredite nos homens (meninos né). É traiçoeiro achar que dessa vez será diferente. Vivo dizendo como mudei, como estou mais preparada. Até sinto que estou, mas quando coloco isso na prática e analiso lá estou eu mais uma vez cometendo os mesmos pecados.

Sou pecadora nessa história de conquistar. Não sei medir tempo, pessoas ou qualquer outra coisa que envolva um sentimento maior. Ontem pensei nas duas situações que vivi e continuo vivendo nas últimas semanas. Uma garota consegue o que ela quer, e ponto. Cadê o restante da história? Aquela parte que eu sempre acostumei com o antigo romance. Onde foi parar a emoção das atitudes não pensadas? Eu amo filmes, e procuro nos meus relacionamentos cenas que posso transformar em letras, imagens para a minha biografia. Sou assim.

Acho besteira dizer que hoje tudo é mais fácil. Para mim tudo é mais difícil pois eu procuro em cada detalhe a verdade e se ela não existe eu transformo um pequeno sorriso ou toque na própria. É errado me entregar assim, mas eu sou toda entregue ao amor. Só sei agir segundo o que eu acho que devo. Me disseram que eu não sei deixar ninguém sentir saudades. Eu sei disso. Mas uma vez eu pergunto: Pra que?! Se ambos se gostam e ficaram juntos para que sentir saudades? Sinto saudade do meu passado quando vejo que os meus presentes estão tão próximos e tão distantes. Venha e traga emoção com você. Traz aquele olhar que me deixa sem palavras. Beba e me beija. Chega de palavrinhas medíocres. Aja segundo os filmes clichês. Mostre na prática suas benditas palavras.

VOTE! Não esqueça.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

VOTE!

Queridos leitores,

Abrindo uma exceção no conteúdo do blog venho humildemente pedir que vocês votem (é muito simples e rápido) no link abaixo e tornem um grande sonho realidade: transferir minhas palavras para o papel. 

Sim, estou concorrendo ao 2º Prêmio Blogbooks A Próxima Página, um concurso que dá a oportunidade de escrevermos a próxima página da nossa vida.

Conto com vocês: Clique aqui!
Obrigada!

Beijos,
Janaina Escremin

Me diga: o que você quer?

Enquanto eu estava na aula, as palavras do meu professor sobre filosofia se perderam em pensamentos secretos. Comecei a ficar assustada com tantas informações, e mais do que isso: eu estava terrívelmente sentindo meu coração bater mais rápido. Eu sentia os sintomas da paixão. Frio na barriga, cabeça borbulhando com possíveis realidades, diálogos pré-selecionados. Eu me conheço quando estou querendo me apaixonar. E digo a palavra "querendo" porque estou permitindo isso. O pior é saber dos problemas que arrumo com o amor que está por vir (ou não). Sem contar as dúvidas por não saber se é realmente o 'algo a mais' que procuro para mim. Pensei nele a aula inteira. O que estaria fazendo, quando olharia para ele de novo vendo ele sorrir com aquele sorriso malandro que escreve sem letras que amanhã vai sumir... mais uma vez. Não entendo onde ele está querendo me levar. Amo homens que me levam a loucura! Mas a minha loucura está ficando um pouco como uma obsessão. Ele me deixa esperando anos para aparecer como quem não quer nada, dizendo frases de efeito. E eu só continuo pensando nele porque sinto que tem verdade no que ele diz. Para não ser hipócrita, depois do último relacionamento não acredito muito, porém com ele eu estou me esforçando. Muito, muito ruim.

Não entendo, afinal você queria que eu sentisse algo por você, agora estou aqui, e você, onde está?! Assim eu acordei dos meus pensamentos com uma amiga querendo conversar. Mas bastava reinar o silêncio que ele surgia em cada momento. Para que sofrer antecipadamente? Pensar o que ele pensa, o que faz e o que quer está me matando. Sinto que é como ver a segunda chance para o amor, mas tenho medo. Sem contar que ele é totalmente estranho. Um dia está ali disposto aos meus desejos, no outro some. Sem satisfação alguma ele desaparece, e ouvi dizer que ele quer que eu sinta saudades. Dizem por aí que é dessa forma que conquista as garotas. Quero um mundo mais simples. Chegar na lata e dizer é isso, isso e isso. Juntar nossos medos, segredos e o carinho que sentimos um pelo o outro é o meu desejo do dia. Mas e o medo de tudo ir por água a baixo?! Sem contar a insegurança que ele me passa sumindo e aparecendo. Um dia eu sou a covarde louca e obcecada. No outro sou forte, cabeça erguida e com outros sonhos. Termino esse desabafo dizendo que eu quero. Porém mais que tudo HOJE preciso sentir a segunda chance nascendo em mim. Sobretudo quero ela nascendo no outro, e toda vez que vejo a pontinha da semente  dele, ela surge e desaparece na escuridão. Vou na fé, sem essa de deixar para lá. Mas preciso que minha cabeça pare de simular futuros que podem não existir. Garotas tem mania de pensar lá na frente, e eu sou especialista no assunto. Então por favor, como diz a música: "Vem para perto de mim, faz o tempo parar". Eu agradeço!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

500 dias com ela

 Trecho do filme:



Ele: Você nunca quis ser a namorada de ninguém e agora é a esposa de alguém...
Ela: Me surpreendeu também.
Ele: Acho que nunca vou entender. Quer dizer, não faz sentido.
Ela: Só aconteceu.
Ele: É, mas é isso que não entendo. O que só aconteceu?
Ela: Só acordei um dia e soube.
Ele: Soube o quê?
Ela: O que eu nunca tive certeza com você.

[Silêncios. Desilusão.]
Ele: Sabe o que é uma droga? Perceber que tudo em que você acredita é mentira, é uma droga.
Ela: O que quer dizer?
Ele: Sabe, destino, almas gêmeas... Amor verdadeiro e todos aqueles contos infantis... Besteira, você estava certa, eu deveria ter escutado.
Ela: Não.
Ele: Sim, por que está sorrindo?
Ela: Tom... [...] Eu estava sentada numa doceria lendo Dorian Gray, um cara chega pra mim e me pergunta sobre o livro e agora ele é meu marido.
Ele: É, e daí?
Ela: E daí que... E se eu... tivesse ido ao cinema? Ou tivesse ido almoçar em outro lugar? E se tivesse chegado 10 minutos mais tarde? Era... era pra ser. E eu só ficava pensando... “Tom estava certo.”
Ele: Não...

[Sorrisos.]
Ela: Sim, eu pensei...

[Cumplicidade.]
Ela: Só não era sobre mim que você estava certo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Sabe dar as cartas, sabe me ganhar.



Ela não parou de pensar nem por um segundo nele. Era toda hora, todo momento em sua cabeça era ele. Não sabia mais o que fazer. Não podia dizer a ninguém, seu segredo estava consumindo-a. A história de brincar de se esconder estava ficando séria dentro do seu coração. Um dia ela chegou a sonhar com ele que vinha e dizia todas aquelas palavras que sempre diz, mas dessa vez ele veio determinado. Queria ela, e se ela não fosse dar o próximo passo espontaneamente ele ia fazer isso por ela. Quer ela por inteira. Não por momentos, quer ela vinte e quatro horas. O par perfeito: ele sabia jogar, ela sabia perder.

Foi nesse instante que ela começou a observar suas atitudes. Desde que cedeu a sua vontade, ela olhava para o celular diversas vezes. Ela procurava sinais, alguma coisa que podia mostrar ao seu coração resultados positivos. Mas o celular não tocava, na verdade ele tocava, porém só quando ela não tinha mais esperanças. Ele sabia que quando ela estivesse abandonando a própria causa, ele podia voltar. Ela se questionava se tudo isso era um joguinho. Se fosse ela estava pronta para se render. Ele tem todo um charme que ela não sabia negar. Nunca soube negar desejos. Não gosta de sofrer, e principalmente de se arrepender. Ela sente que algo pode sair dali, algo bom e duradouro. Mas fica cada vez mais difícil ter a certeza que está fazendo o correto.

Ela queria jogar tudo para o alto. Fazer a proposta e deixar rolar. Mas ela odeia o tempo, odeia ter que esperar, antes era tão mais fácil. Porém esperar ligações, saudades, vontades e seus afins estava deixando seu estresse em um nível que ela não gostava. Ser salva não era o que queria, queria mesmo é se meter numa roubada, mas que ela tivesse a certeza que o resultado será positivo. Ele e suas palavras. Ela e seus sentimentos. Fica tão difícil ter algo sério quando você depende do tempo, das pessoas e dos seus desaparecimentos. Ela desejou fugir, fugir com ele.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Voltar à realidade




Voltar é uma das palavras mais estranhas do nosso vocabulário. Voltar para algo bom ou ruim é estranho  Nunca vou saber se essa palavra me faz bem. Mas existe um 'voltar' que me faz mais feliz hoje. Voltar ao presente. Parando de andar entre passados e possíveis futuros. Porque voltar mesmo, é voltar a sua cabeça a realidade sem questionar decisões ou o motivo das coisas serem como são. Sou um tanto quanto vingativa nos pensamentos, se eu conseguisse colocar em atos minha humilde vingança teria pena de tantos por aí, mas para que voltar para uma humilde vingança? O mundo gira, e eu acredito tanto nisso, quero mais é voltar para mim. 

Mas o que quero dizer é que voltar significa recomeçar. Este 'estar de novo a favor da realidade' me agrada. Me surpreendo como as pessoas vão e voltam, e não percebem que voltar para algo é bom ou ruim. No caso se isto for ruim para que voltar, para que reviver momentos já vividos em que nada mudou?!  Desculpa, não tem lógica. O que foi bom passou, o que é ruim está lá e não vai embora. Quantas vezes você vai ter que ir e voltar na sua vida? O caminho é ir em frente, o 'atrás' é questão de lógica. Um álbum de fotografias em que eu olho e divido experiências algumas vezes. Mas voltar não. Voltar é coisa de quem não sabe o que quer, ou até sabe, mas deixa o outro decidir por você.

Cansei da história em que os outros decidem por mim o que é melhor. Voltando minha cabeça para a realidade eu consegui ver coisas com muito mais clareza. Meus objetivos passaram de fúteis a importantes, e agora eu tenho uma meta! E enquanto eu ficava nessa de altos e baixos, vai e volta, não tinha meta alguma para me dizer: "É isso que vou conseguir". Seguir é o meu melhor conselho. A vida ensina, a vida engana. Mas nada no mundo vai me fazer voltar, porque a meta é ir em frente.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sem nomes, sem regras... só o amor [5]

Juntos eles ficaram por dias e semanas. Houve até o pedido de namoro quando ele junto dos amigos parou o carro no meio da rua, desceu em frente ao seu portão e quando ela ia entrando, ele um pouco tímido fez o pedido e quando ouviu o 'sim' beijou-a com tanta felicidade. Ela não gostou do começo do namoro, amava outra pessoa. Porém aquele garoto estava conquistando-a e ela tinha medo de se decepcionar com o amor caso houvesse uma segunda chance. Ela desistiu, depois que tomou a iniciativa de largar pois não podia enganar seu coração percebeu que estava totalmente equivocada, sentiu uma falta enorme dos carinhos dele. Queria ele, com todos os seus medos e vontades.

Voltaram, e com o tempo as coisas foram melhorando. Afinal agora ela o amava, não pensava em outra pessoa, era ele o tempo todo. Com esse amor veio o ciúmes. Ciúmes esse que ele adorava, pois já tinha confidenciado a uma grande amiga dela que sentia uma felicidade ao vê-la se estressar por outras garotas, fazendo assim certas situações acontecerem de propósito. E assim o tempo foi correndo, os meses se passaram. Houve até um dia dos namorados com direito a aliança e rosa. Era tudo lindo e sério. Mas com o tempo e o amor, chegaram as brigas. Garotas, garotos, ciúmes de ambos. Durante um ano e meio largaram quatro vezes, sendo a última definitiva para ela. E em todas as vezes ela tomando essa iniciativa de se afastar e cuidar do seu coração sozinha, mesmo não querendo ela abandonava seu grande amor pelo simples fato de não aguentar mais. Ela não aguentava mais amar tanto e receber em troca tão pouco amor. Porém não era só o amor, o amor tinha mudado ela, começou a dar valor para cada sorriso, cada noite em que ele dormia em sua casa, juntos no sofá vendo filmes ou qualquer coisa banal na televisão. Era todos os dias assim, até em seu serviço ele chegava, lindo e sujo do trabalho, sorrindo e se importando. Ela não via defeitos, eram beijos e promessas apenas. 

Ela estava amando mais do que esperou. E consequentemente mais do que ele amava ela. Mas cada vez que largavam ela desmoronava. Ele implorava seu perdão, ela não aguentava mais ser trocada por alguém que não trazia benefícios a ele. As drogas. O problema dele com as drogas virou uma confusão no namoro, fazendo ela abandonar todos os planos e sonhos construídos juntos. Todos os momentos maravilhosos ao seu lado eram destruídos por um bendito pó branco. Ela chegava a gritar que ele não precisava disso, a família dele tão maravilhosa não merecia. Ele, e muito menos ela merecia isso. Se perguntou durante noites em claro o motivo de tal atitude. Onde ela estava faltando? Afinal seu ciúmes era enorme mas nunca negou seu amor a ele. E ele nunca a tinha traído, porém era tão banal por quem ela era trocada. As mentiras começaram a aumentar, toda vez a mesma história, seus olhos já sabiam de cor soltar lágrimas quando descobria.

Porém com cada separação ela descobria que não era SÓ isso. Era ela chegando aos prantos para suas amigas e sua mãe. Perder a fome, não sentir vontade de sair da cama viraram costumes, apenas para descobrir que ele toda vez que largavam pegava o carro e ia ficar com outras garotas no mesmo dia. Para que no outro dia voltasse atrás, voltasse para ela que negava seu pedido de perdão, não conseguia mais acreditar que ele ia mudar, era tão clichê perdoar, ele durar algumas semanas como um bom moço, e depois se entregar a droga e largarem. Ela já estava cansada. Amava-o por isso tentou uma, duas, três vezes reconciliar e mostrar que era ela e não as drogas. Na última vez que voltaram ela avisou que seria a última chance, mas ele sabia que não ia demorar para cair em tentação. Ela se questionava sobre os sentimentos dele. Se eram verdadeiros ou não. Ele chorava, pedia perdão, mudava e fazia sempre as mesmas declarações, para depois esquecê-la quando precisava de outra distração (droga/amigos).

E mais uma vez, ela deixou os dias passarem. Voltou a perdoar, afinal quem ama perdoa. Naquele exato momento ela sabia mais do que nunca a verdade deste ditado. Mas perdoar cansava também. O amor dela nunca tinha diminuído. Além do amor, ela tinha um carinho por ele de querer cuidar e mudar sua vida. Mas ele não dava espaço. Eram sempre as mesmas desculpas. E foi aí que as mentiras começaram a acontecer com mais frequência. Ele estava toda noite com ela, dando o seu amor, e ela oferecendo o que de mais puro tinha. Ela se entregou para ele, pela primeira ela foi de alguém de corpo e alma. Na verdade para ela foi a primeira vez de tudo: do amor e do prazer. Aquele garoto tímido e simpático estava diferente. A amava entre quatro paredes, tinha seus ciúmes porém começou a ficar agressivo, dando-lhe diversas decepções. Tratava ela mal, como se trata um cachorro. Houve momentos em que ele xingou e ela guardava tudo dentro do coração. Era apenas no momento a dois, quando o amor carnal estava começando a rolar que ela se sentia amada.

O amor ficou cego. As amigas não aguentavam mais ver ela vivendo por ele, ela perdoando ele. E ele a amando do jeito mais egoísta que se pode amar: Maltratando-a. Ela não sabia existir sem ele. Eram um casal, e juntos eram um. Separados  se tornavam dois, e ela não sabia ser dela, apenas dele. Mas ele já estava treinado. Ele sabia ser dele, sempre soube. A máscara em seu rosto caiu, ele era grosseiro, egoísta, amava e não amava. Amava quando precisava satisfazer seus desejos, não amava quando fazia dela seu tapete mágico. Ela soube conviver com tudo isso, chorava e sorria. Teve todos os momentos altos e baixos com ele. Até que decidiu se entregar e fazer dele seu amor, nem que para isso ela o obrigasse a mudar. Mas com o tempo juntos, ele estava melhor com ela. Por fim estavam se dando bem, o amor estava como tudo em cima. Mais alto do que baixo.

Entre os tapas e beijos programaram uma viagem. Passar o final do ano juntos com os amigos na praia era algo que como todo casal deveria fazer e eles estavam tão bem. Ela vivendo a ilusão que agora estava bem e ele sendo o cara que ela descobriu ser após um ano de namoro. Um dia estava do jeito que ela o conheceu, com o mesmo olhar apaixonado, no outro ele deixava pontos e mais pontos de interrogação na sua cabeça. Foram viajar, passar dez dias longe da confusão da cidade. Os dias foram perfeitos tirando o corte que seu coração levou no segundo dia. Estavam querendo se divertir e porque não irem até a beira da praia, a noite com algumas bebidas e amigos?! Fizeram isso no segundo dia em que estavam lá, entre bebidas e muitas risadas, ela decidiu ir até o banheiro com uma das amigas, enquanto a outra ficaria para cuidar caso ele resolvesse aprontar.

A noite seguiu, ela dormiu com ele como sempre fizeram. Eram casados quando dormiam. Se combinavam, o abraço encaixava, tudo dava certo. Quando acordou ela sentiu que uma das suas amigas estava estranha, mais fingiu não se importar. Foi até a praia com eles, enquanto ele resolveu ficar sentado na areia, ela foi se molhar junto da amiga. A água estava fria, muito gelada como nunca tinha estado. E ela esfriou muito mais quando ouviu da boca de sua amiga palavras conhecidas saírem com tanta naturalidade. A amiga antes de contar foi pedindo para que não fizesse nada, era melhor esperar até o final da viagem e quem sabe alguma coisa acontecia de diferente, talvez ele confessaria o que tinha feito. A história era que na noite passado quando ela foi ao banheiro e deixou sua amiga para cuidar do seu namorado, ela viu seus amigos tirarem do bolso o pó branco. Tão conhecido entre eles. Ela olhou para ele, que no mesmo momento perguntou se ela contaria para sua namorada caso ele resolvesse usar. Sua amiga queria ver até onde ele ia com sua coragem e sua falta de respeito, então disse que podia fazer o que quiser. E ele foi, sem dó. Em sua frente sem cerimônia colocou para dentro do nariz o fim do seu relacionamento.

O mar que estava gelado e seu coração que havia sido quebrado ao meio, foi distraído com a chegada dele, todo carinhoso, beijando-a, abrançando como se nada tivesse acontecido. Ela não sabia fingir, mais precisou. Sua amiga implorou para que ela não falasse nada. Chegando no apartamento resolveu ligar para sua mãe, estava perdida. Não sabia continuar com a história falsa e tinham tantos dias pela frente ainda. Ele não era ele, não sabia amar se não fosse sincera. Sua mãe pediu para que ela esperasse, tinha medo da reação dele, era melhor conversar quando estivessem na cidade. Ela conseguiu. Durante os dias restantes foi fria, deu algumas indiretas, brigaram. Seu coração virou pedra, dormiam juntos, riam, conversavam, beijando sempre e ela parecia até que tinha esquecido tal acontecimento, e ela desejou que esquecesse. Durante os momento de indireta ela não falou o motivo exato, e ele muito menos. Fingiu que nada tinha acontecido. Ela chorou escondida dele diversas vezes nos dias que se seguiram. Tudo tão perfeito, tudo tão falso.

A viagem acabou, seu romance também. Ela colocou em sua cabeça que ele não a amava, por tão pouco foi capaz de jogar no lixo uma história que começou tão diferente, e com tanto amor da parte dele. Ele desmentiu, riu da sua cara. Ela simplesmente abandonou. Os dias que seguiram foram de eterna magreza. Ela sem rumo, ela sem ele. E ele saindo para festas, encontros, bebendo, e sendo livre. Nos olhos dela estava escrito o tanto de água que rolou pelo seu rosto. No dele havia apenas a certeza que tudo tinha sido muito bem planejado e ela não existia mais. Ela decidiu ir embora. Pediu para sua mãe, não aguentava mais ficar naquela cidade que lembrava tanto ele. Precisou de ar puro e mais do que nunca ar novo. 

Assim a vida seguiu. Fazem oito meses que ela está sozinha, que ela se entregou a desconhecidos e conhecidos também. São oito meses que ele mostra cada dia mais que não a ama. Existiu momentos em que ele voltou atrás, implorou novamente, mas ela prometeu que seria forte, que ele não a amava, o amor era maior do que suas atitudes, e amar sozinha era a primeira coisa da sua lista de objetivos que não devem acontecer na sua vida. O tempo passou, ela aprendeu a viver sem ele. Houve um flashback que ela estava pronta para ter, tinha esquecido toda a mágoa. Viu ele fazer novas amizades, mudar sua vida, seu estilo e seu comportamento. Ela assistiu de camarote ele ter relacionamentos com garotas que machucavam seu coração profundamente, e outras que não mereciam seu amor e teve também aquelas que ele conheceu depois dela. 

Porém ela colocou na sua cabeça que o amor é mais do que isso. Quem te ama pode até te fazer sofrer, mas não faz isso sempre, faz porque quer você e não atingir você. Quem te ama é único, sempre haverá brigas porém nunca o sentimento será negado. E ele negou. Em uma das brigas após o término ele veio atrás e ela questionou quem ele era: A pessoa que estava ali nos emails, nas conversas entre os dois, aquele que chorou e pediu para tentar de novo, dizendo mil e um 'te amo' para convencê-la do seu amor ou ele era o cara que mostrou ao mundo? Arrogante, sem passado, sem a mínima consideração por quem ficou do lado dele, mesmo vendo ele se afundar nos seus defeitos e nas drogas? Ela demorou muito para entender o que era o amor, e descobriu que o amor não era ele. Era ela.

Assim, ela foi embora. Ela encontrou outros amores antigos e novos. Ela decidiu que não ia mais sofrer, que se ele não faz questão do respeito ela não iria pensar mais nele. Mudando ela conseguiu mudar. Cresceu, sentiu-se livre. Ela se tornou ele, porém com toda a sua inocência se tornou ele no sentido de ser livre, de ser dela e conseguir ser um pouco egoísta. Encontrou com diversos homens, nenhum a completou porque ela descobriu que somente ela pode acrescentar algo dentro de si. Acrescentou amadurecimento e amor próprio. Descobriu que é possível viver sozinha, e melhor do que isso. É possível seguir em frente. Nunca quis se afastar dele, tentou inúmeras vezes mostrar que se importava, mas não havia sentido se importar com alguém que não pensa em si. Muito menos nos outros, ela desistiu do amor, do carinho, do respeito que sentia. Ela apostou as fichas nela, somente nela. Abandonou suas razões e sua coragem foi lá em cima. Agora ela não precisava mais dele para andar, sentir ou até amar. 

Hoje ela procura apenas amores clandestinos. Daqueles que ninguém precisa saber, só ela. Não quer mais sofrer por ninguém. Se tiver que amar novamente será somente quando valer a pena. Hoje ela ouve promessas, saudades dos romances antigos e novos mas sorri como quem sorri de uma piada. Se entrega como aquela garota do começo da história, se entrega sem se entregar. Do mesmo jeito que ela se reinventou para ele, ela estava se reinventando para outro, mas dessa vez com muito mais experiência. Não foi o medo, foi a vontade de não passar pela humilhação que o amor proporcionou a ela, na verdade o amor só ensinou coisas boas, foi o garoto de moletom vermelho que proporcionou desapontamento. O amor nunca seria tão cruel com ela, ele é maior do que a capacidade deste garoto de enfrentar, crescer e perceber que aquela droga entrou pelo seu nariz e nunca ia deixar o amor fazer o mesmo, o amor que ela sentia. Quem ama não entra pelo nariz de ninguém, ele sempre vai querer entrar pelo coração e só.

[+] FIM [+] - CAPÍTULO 5 - CHOVEU EMOÇÕES, AGORA ELA COLHE O QUE É BOM

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sem nomes, sem regras... só o amor [4]

Os dias foram passando, as conversas foram aumentando. O sentimento dele era estranho, sempre dizendo como ela era linda, simpática. E quase todos os dias ele estava lá, na escola do seu lado, passando em sua casa, ligando no seu celular. Ela sabia pouco sobre ele, e isso começou a incomodar. Não queria ninguém sufocando-a, afinal o seu antigo amor ainda machucava, e quanto mais alguém tentava agradá-la mais sua ferida crescia, e ela não entendia como isso podia acontecer. Como alguém que a trata tão bem poderia fazer o sentimento pelo outro voltar. Ás vezes quando se beijavam ela queria que fosse o outro. Ás vezes quando ele a abraçava ela desejava que fosse outra pessoa. O sentimento era como o da repulsa, mais ao mesmo tempo ela sentia que ele era o cara. Ele é quem a faria esquecer de tudo.

Em um final de semana haveria uma festa. Algo que reunia várias pessoas da cidade, ela queria agitação. Decidiu ir a festa com suas amigas, não queria ninguém por perto. Vestiu uma blusa azul, sandalias plataforma e uma calça jeans. Tinha conversado com o garoto, contou sobre a festa, ele garantiu que não iria, pois ia fazer outras coisas. Ela não se importou, achou legal ir a festa sozinha, estavam ficando muito tempo juntos. E no momento ela não queria isso. A festa rolou entre algumas bebidas ela foi andar e sua sandalia arrebentou, era o fim da noite para ela, não podia se mexer pois era impossível andar com uma sandalia quebrada no gramado. Porém quando a madrugada foi chegando junto dela ele chegou. Ela tentava sair da multidão quando bateu de frente com ele.

Se cumprimentaram como sempre, dando o beijo clichê, ela contou sobre o ocorrido, ele na mesma hora se ofereceu para levá-la até sua casa, e ela trocaria de sapato e poderiam voltar a tempo para a festa. Foi a coisa mais simpática que alguém já havia feito por ela. Juntos sairam da festa, foram até o carro e ele fez como o prometido, levou ela em casa que trocou as sandalias por tenis e voltaram para a festa. Ela conversou e ficou junto dele, mais por um momento após algumas bebidas não queria ele ali no seu pé. Foi quando decidiu que ia dar uma volta, encontrar as amigas e que depois voltava para falar com ele. Ele aceitou, deixou ela ir como se deixa um passáro voar. Ela adorou!

Saindo se deparou com outro garoto. Um conhecido que resolveu parar para conversar. Entre a conversa ela não notou a presença do garoto novo, que ficou atrás dela com os amigos vendo ela dando mole para outro cara. Porém nada ainda tinha rolado, até o momento em que o cara pediu um beijo, ela não soube negar, achou que ninguém estava vendo. Quando o beijo começou a rolar, ela sentiu alguém cutucando seu ombro, ela parou e olhou, era ele. Ficou sem reação, apenas olhou e ele com um sinal de positivo olhou-a nos olhos e saiu andando. Resolveu não se importar, porém não sabia que ele estava de olho e quando deu o segundo beijo sentiu apenas o cheiro da cerveja e o seu líquido escorrer pelo seu rosto e o do cara que estava junto.

Quando olhou viu o garoto novo com seus amigos, um deles havia jogado o copo de cerveja nela. Inconformado por ela estar fazendo aquilo em sua frente, depois de tudo que ela tinha feito. Mas o erro dela não tinha terminado naquele instante. Resolveu consertar seu erro, porém não sabia que ia errar ainda mais. Decidiu ir falar com ele, inventou uma história horrível, misturando as pessoas e fazendo ele acreditar em uma mentira absurda. Nesse momento ele disse algumas palavras e no final pediu: "Vamos embora comigo, agora!". Ela negou o pedido, não podia ir embora com ele depois de tudo o que havia feito. Ele insistiu, ela disse que não e que ia com sua irmã, pediu para ele ir embora que logo estaria em casa também.

Ele foi, parecia decepcionado com a garota. Não tinha reação, apenas queria ela por perto e ela negando, não sabe o motivo porém o cara com quem tinha cometido tal absurdo chamou ela para ir embora. Sem pensar muito aceitou o convite, o que ela não sabia era que o garoto ainda estava lá, esperando por ela. O cara deixou ela na porta de casa, despedindo-se e sumindo para sempre da sua vida. Quando deitou a cabeça no travesseiro ela pensou no que tinha feito. Não se reconhecia. A garota conhecida por ser simpática e sincera, tinha inventado uma mentira para alguém que se quer merecia. A bebida subiu e ela não soube mais reconhecer seus pensamentos dentro da tontura que estava tomando conta dela.

No dia seguinte acordou com seu celular tocando. Era ele. Perfeito demais para desistir dela. Ele disse que sabia que ela havia ido embora com ele, mas não assumiu que estava na esquina da sua casa olhando como ela chegou na noite anterior, isso ela descobriu com o tempo. Falou estar decepcionado com ela, pois seu amigo que sempre ia embora da escola juntos falou tantas qualidades sobre aquela garota. Disse como ela era sincera, meiga, que nunca dá mancada com ninguém. Ainda completou que falta de respeito é a última coisa no seu vocabulário e nas suas atitudes. Porém ontem ele já não sabia mais se tudo isso era verdade. Deixou-a sem palavras no celular, ela apenas queria escapar dele, do cerco em quem tinha se enfiado, ela não queria ser julgada. Inventou mais uma dúzia de mentiras e desligou. Foi quando ela parou para pensar no que tinha feito. Ela era tudo aquilo que seu amigo falou dela, porém em uma noite tinha estragado tudo, e não existia um motivo para suas atitudes. Estragou toda uma reputação por bobagem. Pediu desculpa, implorou para que ele não acreditasse no que viu ontem, ia mostrar que era tudo isso que tinham falado dela. E foi o que fez nos dias que se seguiram!

[+] CONTINUA [+] - CAPÍTULO 4 - A MANCADA

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sem nomes, sem regras... só o amor [3]

No dia seguinte, ela acordou, seguiu seu caminho para a escola, como sempre fazia nas manhãs com sua irmã. Naquela manhã não viu o garoto sair de sua casa e não o viu pelo caminho. Até achou que tinha faltado, afinal a noite tinha sido muito divertida, porém até ela estava cansada. Só que precisava ir até a escola contar a novidades para as amigas e não ia conseguir esperar chegar a segunda. Chegou, sentou e começou a contar tudo, as amigas riam e ao mesmo tempo ficaram incoformadas, porque ela tinha cometido uma loucura abandonando um e partindo logo no mesmo dia ao encontro do outro. O sinal bateu para  troca de professores e ela saiu para o corredor onde esperava ver o garoto sair também. E óbvio que eles iam se olhar, afinal seu corredor era de frente para o dela, inevitável. Não deu outra, logo ele saiu, hoje estava sem o moletom, apenas uniformizado, ele olhou direto para o corredor onde ficava sua sala, deu um sorriso tímido, com aquele olhar de cafageste que ele tem, e ela sorriu abanando as mãos.

A aula seguiu, o intervalo chegou e eles ficaram os vinte minutos conversando sobre a noite de quinta, sobre o atropelamento que ela não achou nada legal, pois saiu de casa e o gato ainda estava na rua morto, e não desejou ver aquela cena logo de manhã. Ela tinha um jeito de contar as coisas que arrancava a risada dele muito fácil, conforme foi contando, ele ria sem parar e ela zuava com ele, como se já se conhecessem há muito tempo. Ambos seguiram para suas respectivas salas, e a cada sinal para a troca de professores eles se olhavam através do corredor. Quando o sinal bateu para ir embora, ela caminhou calmamente como sempre. Enquanto ia descendo as escadas alguém atrás dela colocou as mãos em seu ombro, ela olhou para cima e o viu. Como sempre ele sorriu, ela queria saber o porque de tanto sorrir para ela, mas isso ficaria para os próximos encontros.

Naquele dia eles foram embora juntos, mais apenas acompanhando um ao outro. Seguiram caminho junto da sua irmã e do seu amigo, os quatro caminhavam e ela por ser pequena e um pouco engraçada sempre era alvo das brincadeiras que seu amigo fazia. Chegando perto da casa do garoto, seu amigo resolveu correr atrás dela para brincar e ela saiu correndo desesperadamente na frente. Mas logo parou quando viu que ele desistiu e olhou para trás, o garoto havia colocado o moletom vermelho, estava perto da sua rimã, ele sorria e a olhava, com um olhar muito diferente do normal. Ele ria para ela, não dela. Era como se achasse cada movimento bonito, e ela toda suada e cansada reparou mas continuou andando ao lado deles, fingindo não ter percebido tal situação.

No momento da despedida, seu amigo entrou em casa dizendo tchau, ela foi se encaminhando com ele para o portão de sua casa, e no momento em que ia se despedir, ele a pegou pela cintura e a beijou mais uma vez. O sol queimava, porém ela retribuía o beijo, sabia que aquilo ia acontecer, só esperou que ele tomasse a iniciativa. Terminando de se despedir ela foi embora, mais havia algo errado ainda com seu coração. Aquele antigo amor veio em sua mente e ela neste momento odiou ter beijado o garoto novo. Comentou isso com a sua irmã, que logo retrucou que não era novidade ela falar uma coisa dessas, afinal só sabia pensar no tal amor antigo, e que se ela não quisesse era só dizer ao garoto.

Porém ela precisava dar uma segunda chance ao seu coração. E nada melhor do que um garoto novo, diferente, sem passado para ela. O final de semana estava chegando, ela tinha uma festa em outra cidade no sábado. Seguiu seu roteiro, falou com ele pela internet, mais não entrou em detalhes. Apenas conversou e deram boas risadas como era típico nas suas conversas. Passou a tarde inteira em uma chacará com os amigos em outra cidade. A noite foi chegando e ela já tinha bebido algumas cervejas, quando percebeu que ela e sua irmã tinham ficado sozinhas, sem nenhuma carona para voltar para casa. Coincidência ou não seu celular tocou, era ele!

Não acreditou na possibilidade dele ligar aquela hora da noite, eram oito horas e ela já estava na praça central da cidade quando ele disse que estava com dois amigos e que iam para lá. Ela ficou surpresa e até perguntou o que ele ia fazer lá, ele disse que nada, que estavam andando sem rumo, e daqui uns minutos estariam na praça para encontrar com ela. Ela simplesmente aceitou, esperou e logo se passaram alguns minutos e ele chegou. Estacionou o carro, desceu e ela ao mesmo tempo foi de encontro com ele. Se cumprimentaram com um beijo de imediato. Ela ficou um pouco assustada com o rumo que as coisas estavam tomando. Entre conversas, ele falou sobre uma festa que haveria em outra cidade, e seu amigo estava muito afim de ir mais ele queria que ela fosse com ele.

Ela aceitou, chamou sua irmã para irem embora. Após se despedir de todos, eles voltaram para a cidade, ele deixou ela em casa dizendo que ia tomar um banho e logo passava lá de novo para pegá-la. Ela desesperada começou a tomar banho, arrumar os cabelos, roupa, sapatos, tudo muito urgentemente, afinal homens são tão rápidos, e logo ele estaria batendo no seu portão. Avisou sua mãe que ia sair e em seguida ele chegou. Após alguns minutos ele parou e avisou que estava lá na frente, ela desceu e entrou no carro. Não podia acreditar, quando o olhou, de menino ele passou a homem! Estava lindo, com uma camiseta poló, calça jeans, tenis e o cabelo arrumado com gel. 

Seguiram rumo a tal cidade e a festa que os esperavam. Ela vestia uma calça jeans, sandálias de salto e uma blusa grande e estampada. Com os cabelos lisos passou a mão e percebeu que havia esquecido os brincos. Mas já era tarde, estavam na estrada e não ia fazer ele voltar por tão pouco. Chegando no lugar da festa, seu amigo animou para entrar, mais ambos não queriam. As pessoas eram feias, o lugar era estranho. Até que ele teve a ideia de que seu amigo podia entrar, iam esperar por ele dentro do carro. E assim a noite seguiu, os dois ficaram dentro do carro, conversando e beijando-se. 

O tempo passou tão rápido para ela que não percebeu que haviam passado quase a madrugada inteira lá. Em um certo momento, ele a beijou demoradamente, ela adorava beijos demorados, e sempre retribuiu os beijos daquele garoto, quando se soltaram, ela encostou sua cabeça no banco, ainda olhando para ele, ele não tirava os olhos ela e foi quando ele pegou uma mecha do seu cabelo, colocou atrás da sua orelha, e disse: "Você é muito bonita". Tímida, ela não sabia receber elogios então apenas disse um obrigado sorrindo, que ele completou beijando-a.

[+] CONTINUA [+] - CAPÍTULO 3 - OLHARES

Sem nomes, sem regras... só o amor [2]

Após decidir que iria conhecer o tal garoto novo da escola, ela precisava esconder do loiro de olhos azuis seu interesse em outra pessoa. Não aguentava mais ver uma pessoa tão linda e tão disposta a lhe dar amor agir como uma criança, e diversas vezes acabava fugindo dele para paquerar outros pretendentes. Entre eles estava o garoto do moletom vermelho. Uma das suas melhores ferramentas sempre foi a internet, e a partir dela decidiu ir atrás do misterioso garoto.

Após procurar na internet, viu suas fotos e começou a achá-lo interessante. Começou uma amizade e o papo foi rolando, entre as conversas ela descobriu que ele além de bonito era simpático, e estava dando uma abertura para ela poder descobrir mais sobre ele. A tarde foi muito recompensadora, pois ela conseguiu conversar diretamente com ele, que contou sobre suas atuais aventuras na nova cidade, e quais eram seus amigos por aqui. Só sentiu que ele era um pouco egocêntrico (um defeito que ela abominava nos homens). Mas se divertiu com a conversa até descobrir que ele estava envolvido com outra garota. 

Logo ela pensou que estava bom demais para ser verdade, um garoto como ele estava dando conversa para ela, e não havia nenhuma surpresa até aquele momento. Porém o mais impressionante foi que ele pediu conselhos a ela sobre o atual relacionamento. Estava em crise, não queria mais continuar, a garota tinha brincado com a cara dele e ele não queria mais saber dela, procurava uma saída para que pudesse decidir se continuava ou caia fora. Ela nada boba, além de querer ajudar, deu o conselho mais clichê do mundo: "Você quem sabe, se você acha que vale a pena continua, mas do contrário deixa para lá". Ele deu uma risada quando ela disse isso, não soube se ele havia percebido que ela queria ele livre.

O tempo foi passando, ela continuava seu relacionamento com o garoto dos olhos azuis. Mas olhava muito para o garoto novo nos intervalos, que retribuía com um sorriso sempre os seus olhares. Em uma tarde de quinta feira, ela conversava com os dois garotos na internet. O dos olhos azuis dizia que ela estava estranha, que a amava, que não queria perde-la. Enquanto o do moletom vermelho chamava insistentemente ela para sair, ir até o barzinho da faculdade, como de costume nas quintas.

Foi durante as conversas da tarde que ela decidiu e sem pensar muito digitou sim para o garoto, e pôs fim ao seu relacionamento imaturo. Ela sabia o que queria, não ia sossegar enquanto não experimentasse o garoto de moletom vermelho. Achou a ideia empolgante, porém a consciência pesou quando estava no barzinho ao lado da sua irmã e viu entrar o menino dos olhos azuis, ele estava com raiva, passou por ela como se não tivesse nenhum contato. Ela se sentiu um monstro, logo passou, mas ainda sim não sabia justificar tamanha burrice.

Ao final da noite, seu celular tocou e o garoto estava do outro lado da linha, perguntando onde ela estava. Após combinar todos os detalhes, ele vai encontrá-la no barzinho. Nesse momento ela sabia que o seu antigo relacionamento tinha ido embora, e não viu problema em encontrar com ele ali, no meio de tantas pessoas. Ele chegou, com uma camisa vermelha e boné. Tinha o corpo lindo, e achou ridículo ele escondê-lo dentro de um moletom. 

Assim a roda havia se formado. Ele ficou de frente para ela, enquanto um dos seus amigos ao lado tentava conseguir algum resultado em sua paquera. Já tinha se passado muito tempo, e um olhava para o outro com os olhos de quem poderia beijar sem tocar. As frases ditas pelo amigo ao lado foram abafadas pelo momento em que ele atravessou a roda, pegou na sua mão, e com meia dúzia de palavras a beijou. O beijo era bom e durou alguns minutos. 

Ao fundo o amigo reclamava que estava quase lá, mais ele mal sabia que isso já estava escrito, e enquanto ele era carta fora do baralho, ela tinha consigo todo o momento idealizado. Assim, o mistério se foi, o beijo não parava, ele beijou-a delicadamente, importando-se com cada toque. Ela simplesmente havia adorado, alguém ali do jeito que ela precisava. Era como se as luzes se apagassem e quando se soltaram ele sorriu, olhando dentro dos seus olhos. Naquele momento ela viu um brilho dentro deles, mais preferiu não falar, apenas sorriu de volta para agradecer o momento.

O resto da noite foram beijos intermináveis, algumas piadas e momentos para conhecer um ao outro. Histórias contadas entre eles como amigos e amantes. No momento em que precisou ir para casa, ela contou que morava na mesma rua que ele, e que tinha descoberto isso a pouco tempo. Entre o caminho até sua casa, um gato passava em frente ao carro, e de repente de mocinho ele passou a vilão, tomando uma atitude cruel: sem dó passou em cima do gato. Ela apenas deu um grito e ele soltou uma gargalhada. Ela sorriu sem graça, e achou muito esquisito aquele gesto brutal depois de tantos agrados. Deu mais alguns beijos e pediu para que nunca mais fizesse aquilo, sorrindo se despediu, deitou na cama e ficou pensando o que seria o dia de amanhã.


[+]Continua[+] - Capítulo 2 - O GATO E SEUS BEIJOS

Sem nomes, sem regras... só o amor [1]

Ela chegou na escola como fazia todos os dias. Não penteou os cabelos, apenas preparou um coque que ficou preso naturalmente. Chegou, sentou com suas amigas e resolveu colocar o papo em dia. Entre as conversas descobriu que havia um garoto novo na escola, e segundo suas amigas ele era lindo e muito charmoso. O sinal bateu, ela foi seguindo seu caminho normal, entre tantas fofocas se perdeu nas risadas que dava sempre durante as manhãs com as amigas. Todo sinal ouvido na escola era um sinal que podiam sair da sala e passear até a chegada do próximo professor.

Ela se juntou as amigas no corredor e do outro lado, um garoto de moletom vermelho, com cara de sono, olhos verdes e sombrancelha muito bem desenhada (só ela sabia como gostava de sombrancelhas). Ela olhou mais não teve interesse nenhum no certo garoto, enquanto olhava suas amigas diziam que o menino para quem ela estava olhando era o novo aluno, mas que não sabiam sobre ele. Ela só fez o comentário que ele não era tudo isso, era feio.

Quando o sinal do intervalo tocou, ela saiu rindo como sempre. O tempo todo ela se divertia, era o seu último ano na escola, não sabia ainda o que queria da vida, ela apenas buscava sorrisos, e com as amigas da escola isso era mais do que certo. Andando pelo pátio com uma das melhores amigas ela reparou naquele dia frio que o garoto estava onde ela ficava quando estava com frio. Exposto ao sol ela pode reparar no seu cabelo volumoso e o castanho deles no sol viravam mechas loiras que ela não soube entender.

Ele estava conversando com o "amor" da vida de sua amiga. Um romance que durou poucos meses com muitas frustações da parte dela, porém ela ainda insistia. E nesse instante entre insistir sua amiga implorou para que fossem lá, e de quebra iam conhecer o tal garoto. Quando se aproximaram, o garoto ficou tímido, sem dizer nenhuma palavra ficou apenas com aquele olhar fechado da luz do sol no seu rosto. Mas ela conseguiu descobrir que ele tinha se mudado havia um tempo para a sua cidade.

Ela quando virou as costas cochichou para a amiga que ele era bonito, mas não fazia o tipo dela. Sua amiga riu e disse que ela era louca porque o garoto era muito bonito e que ela estava com problemas na vista. O tempo passou, ela ficou levando sua vida na escola como sempre levou. O tal garoto novo fez amizade com um dos seus conhecidos da escola, e em uma tarde recebeu uma proposta do amigo que dizia para ela conhecer o amigo, que ele tinha achado ela bonita (o que ela achou uma tragédia, pois na escola era quando se achava mais feia), que gostaria de conhecê-la e podiam sair juntos qualquer dia desses. Ela não pensou duas vezes e negou o pedido, ele não fazia seu tipo.

O motivo era que amava um garoto que tinha ido embora e machucado seu coração, e na escola já existia um loiro, de olhos azuis que estava disposto a dar o mundo à ela se fosse preciso. No auge da sua tristeza e solidão decidiu que daria uma segunda chance ao seu coração, dando espaço para o garoto loiro, que se declarava diversas vezes e de diversas formas. Uma coisa a incomodava nele: era infantil demais e as vezes ela não suportava as atitudes. Porém foi levando, o tempo passou e ela tentava abrir seu coração para o garoto do sorriso aberto. 

Até que um dia, no intervalo sentou para escapar do garoto que já estava ficando pegajoso com suas amigas, e olhando para o final do pátio viu o aluno novo chegando cada vez mais perto. Mais uma vez vestia um moletom vermelho, o frio o deixava mais branco que de costume, enquanto olhava sua amiga percebeu que ela estava reparando nele, e fez a única e seguinte citação: "Ele é muito bonito, você foi uma boba". Escutou as palavras e continuou com o olhar fixo naquele garoto. 

Um dia quando ia embora da escola, como sempre fazia, esperava sua irmã e mais um amigo e iam para casa. Moravam na mesma rua, porém ela morava um pouco mais a frente dele. Durante essas idas nunca tinha percebido nada de estranho, até a manhã do dia seguinte. Quando acordou, sua irmã decidiu que não iria a aula naquele dia, ela pegou seu material e começou a subir a rua reta e fria. Chegando perto da casa do seu amigo, reparou que a casa que ficava ao lado na esquina estava abrindo os portões, e foi quando viu um garoto com seu moletom vermelho sair com a mochila surrada nas costas. Na hora reconheceu o rosto do menino que tinha acabado de acordar. Como ele poderia morar a sete quadras da sua rua e ela nunca ter notado?!

Assim ela seguiu seu caminho andando atrás do garoto, sem se aproximar muito, foi até a escola com ele à sua frente, logo que chegou ele continuou andando, ela sentou ao lado das amigas e sem dizer muito, foi contando tudo o que tinha descoberto nessa manhã, e que queria conhecer o garoto de moletom vermelho, ele tinha algum mistério que ela não sabia identificar, e foi isso que a atiçou para ir além. Ninguém sabia ainda o quanto ela gostava de mistérios e de sombrancelhas bem marcadas.

[+] Continua [+] CAPÍTULO 1 - O MOLETOM VERMELHO

domingo, 8 de agosto de 2010

Hey, Soul Sister



'[...] Você é a única
Eu estou sonhando com você, veja
Eu posso finalmente ser eu mesmo agora
Na verdade, não há nada que eu não possa ser
Eu quero que o mundo veja você ficar
Comigo [...]'

Me pertenço

Passei dois dias sozinha. Não havia conselhos, não haviam ligações. Ouve apenas um silêncio preenchido com a música que eu fiz questão de deixar no último volume para que os pensamentos não tomassem cem por cento da minha mente. Me lembrou uma daquelas terapias onde você aprende a lidar com seus problemas sozinha, sem ajuda de amigos ou especialistas. Eu tinha a minha companhia e a internet apenas.

São coisas banais, no entanto eu me segurei, segui os conselhos daqueles que queriam me ver bem. Fui eu, feliz mesmo que sozinha. Não entrei em crise por não receber a ligação desejada e prometida. Não me descabelei por ver o status e perceber que o seu jogo funciona contra você. Não quero procurar mais. Cansei dessa história de gato e rato, serei eu a dona da minha história, como eu sempre fui. Cansei de me deixar levar por personagens coadjuvantes que pouco se importam.

Hoje eu vi a importância de como é estar bem com você mesmo. Eu sou quem sou, e sozinha descobri que posso muito mais. Não espera minha volta, não espere pelas minhas lágrimas. Secaram! Com a força e alguns puxões de orelhas ela se foi. Toda aquela angústia e decepção se foram com o momento em que fiquei fazendo terapia com o meu eu. Olhar para o celular e os contatos já não faz sentido. A sensação de me pertencer é muito boa. Sempre fui do outro, sempre deixei claro. Agora está claro que eu pertenço a mim, a ninguém mais.

sábado, 7 de agosto de 2010

Não tem como ser diferente



Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.Mania de ser bom moço, coisa chata. Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.

E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca. Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.

Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Anos nos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.

Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!

E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata. Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. 

Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz? Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

Tati Bernardi