terça-feira, 23 de junho de 2015

Tirando o pé do freio


Tenho algo para te contar. Mas não se espante se o seu coração parar ou quiser correr na velocidade da luz. Primeiro me deixa contar uma coisa sobre quem sou. Eu costumava ser muito melosa. Tanto que esquecia de puxar o freio e quando percebia estava engatando a quinta sem olhar para trás. Mas aí vieram os caminhões e as estradas de mão única, sem direito a passagem irregular pelo acostamento. Sim, eu fui esse tipo de garota. A que gritava, se entregava, corria, beijava e ouvia todo mundo dizer o quão lindo era meu sorriso ao dirigir por aquelas estradas loucas.

Sim, essa é a primeira coisa que você não deve se esquecer. Não importa mais quem fui, mas quem estou batalhando para aparecer, sendo verdadeira e sem fraudes.

Porém, no meio dessa estrada eu andei tomando algumas multas, sofri uns acidentes e o acelerador foi perdendo o ritmo sem que eu percebesse e esta sou eu hoje e é sobre isso que quero lhe falar. Não é com você, é comigo. Então só tenha paciência, por favor.

Morro de vontade de abraço no meio da noite, de declaração de amor e envio de mensagens que fazem o sorriso esticar de um lado para o outro. Eu tenho vontade de pegar na mão, tomar cerveja e contar tudo o que passei no dia, porque eu falo para caralho quando quero. Principalmente quando amo. Mas não é mais assim e eu sinto tanto por essa minha perda. Todos os dias tento voltar para aquela sensação de velocidade alta e confiança no caminho. Mas as placas gritam, o medo apavora e é injusto com você que eu esteja assim. Entende?

Paciência, por favor. Porque essa é só uma das primeiras coisas que tenho a dizer sobre mim. É uma fase e para quebrá-la preciso de alguém. Você já tirou um sorriso, já conquistou uma parte e mesmo assim andei correndo e brincando de ser alguém que não sou porque outro acidente como o último seria cruel demais comigo. É que você parece diferente, parece alguém que freia mais do que eu. Alguém que não diz nada, mas está ali e até entendo isso. Também sou assim. Um pé no freio e o outro ameaçando dar a largada tão desejada.

Deixa eu te contar mais uma coisa e essa você não pode esquecer: eu sou entregue, sou sentimento, sou tudo isso que vivo escrevendo, mas enferrujei e agora faço um esforço para você poder enxergar as coisas que realmente sou. Então, que tal esperar um pouco? Eu agradeceria muito. Ainda tem amor, carinho, abraço no meio da noite por aqui, mas o coração insiste em ser o cara durão, mas estou o empurrando para o penhasco que sempre amei me aventurar.


Você espera?

- Jana Escremin

terça-feira, 16 de junho de 2015

O que Greys Anatomy me ensinou


Tinha jurado que só ia escrever quando chegasse ao fim, ou pelo menos próximo dele. Mas preciso dividir a experiência de ver uma história e sentir ela me ensinando a ser melhor. Quando decidi ver Greys Anatomy, a amiga que indicou avisou: "Você vai amar!". "É mole, doce, engraçado, forte, chocante e esperançoso". "Homens e mulheres viciam". Propagandas a parte, lá fui eu. Depois de maratonas de séries com sangue, guerras e drogas, chegou a vez de entrar em uma história que mais parece comigo do que qualquer outra que tenha visto por aí.
O recado foi dado, era uma série de despertar lágrimas, amores, vontades e de deixar o coração tão mole e tão aberto que deveria vir com contra indicações como vem nas caixas de cigarro. Não era uma novela mexicana, era um retrato da vida real, da nossa vida real. Os personagens, as histórias, os casos. E até pode passar despercebido, mas se tem uma coisa que move o ser humano a fazer suas loucuras não é o amor, é a vida propriamente dita. Quando lutamos com a morte, com os amores, com os laços, com nosso coração, nossos limites e nossa cabeça teimosa e cheia de si é que percebemos quão pequenos somos, e como é preciso ser fraco para ser forte. Faz sentido? Em Greys Anatomy faz.
Sem perceber ela te faz ligar para quem você ama e ser sincero. Faz você desfrutar de momentos normais e torná-los mais do que especiais. Faz você querer falar tudo o que precisa, porque guardar pode ser um fardo. Não sei se você já viu a série e eu até queria guardar meus comentários para o final, mas é que já chorei, já sorri, já torci, já me identifiquei que agora só posso querer viver uma vida tão plena ao ponto de não me arrepender pelas coisas que passaram. Ela faz a gente entender o sentido de viver. Seja para amar, lutar, sorrir, comemorar, gritar, brigar. É correto dizer a verdade, doa a quem doer. E perdoar é a coisa mais difícil do mundo, porém é a mais importante para sua evolução pessoal. Em algum momento da série você entende que perder é fundamental e essencial para mudar quem você é. É, essa história está me levando a um patamar diferente.
Ela já entrou para a minha lista de favoritas antes mesmo de eu terminá-la. As lágrimas que prometi guardar depois do meu coração ter sido quebrado, saíram facilmente em diversos episódios. Os sorrisos que prometi esbanjar, foram triplicados. E agora eu opto por ter uma vida como Greys Anatomy. Já comecei até a consertar alguns erros. A vida é uma montanha russa, então desfrute. Não que eu não saiba disso, mas a ficção está me ensinando algo para ser compartilhado e indicado. Então amoleça também o seu coração e pense na vida e nas pessoas como algo além do valioso.
Descubra o que você tem em comum com cada personagem - e garanto que você terá algo em comum com todos - afinal, uma parte deles é nossa, e tenho certeza que isso foi de caso pensado. Talvez o segredo do sucesso desta série são as jogadas emocionais que nos fazem viver de verdade. É, eu havia me acostumado com as pancadas da vida, mas agora voltei a amolecer para ela de uma maneira boa. Em partes, Greys Anatomy é culpada.
Sou a garota do bar. Já tive os meus "Mc alguma coisa". Já lidei com perdas irreparáveis. Já julguei e fui julgada. Já perdi e ganhei. Tive que lutar contra desejos e o chão já foi um amigo íntimo. Então que venham mais episódios e séries como essa. Uma lição de vida que indicarei para todos que possuem ou querem ter um coração de verdade. Ela fala da vida para trazer a sua de volta como deve ser.
Ah, e tem mais uma lição: você não aprende nada sozinho. As pessoas ensinam muito umas as outras e normalmente aquelas que menos esperamos são os professores da nossa vida.




- Jana Escremin

Meu último dia dos namorados

Não consigo me lembrar do que aconteceu no dia dos namorados no ano passado. Eu namorava, era Copa do Mundo, era trabalho e depois era cerveja. Mas não consigo me lembrar como comemorei o amor que sentia. Lembro de ter uma discussão pois passei um pouquinho do ponto na cerveja. Mas não lembro aonde foi e nem o que comprei para dar. Queria lembrar, mas por um processo de defesa que criei, poucas coisas restaram daquele relacionamento. Minha cabeça não é ruim, ao contrário, sempre sou eu quem lembro das falas, dos gestos, dos lugares. Mas esqueci. Na memória ficou apenas a parte que não prejudica o coração quando lembro daquele passado. Talvez esquecer esse dia seja um sinal de que o namoro já não estava bem. Eu descontei na cerveja e ele... Bom, ele descontou em mim, com toda razão. Queria ter certeza que de que foi uma noite legal, que foi divertida, romântica e cheia de comemorações, mas nada vem, foi esquecido. Inédito na minha vida. Não teve surpresa, não teve balões, não teve música. Não sei o que houve naquela noite e agora já são três horas da tarde e nenhuma lembrança concreta sobre um ano atrás apareceu. E sabe o que é engraçado? Hoje sonhei com ele. Era simples e diferente. Não estávamos juntos mas ele estava lá, sabendo que perdeu e eu sabendo que ganhei. Hoje eu sonhei com o "meu 1 ano atrás" e logo hoje não consigo lembrar de sorrir neste dia - Com exceção do gol do Brasil no primeiro jogo da Copa do Mundo - Eu queria lembrar, mas só posso ficar com o sorriso e os olhos apertados dele no meu sonho que olhou e disse meia dúzias de palavras para me acordar. Não consigo me lembrar do último dia dos namorados pois minhas técnicas de evitar qualquer lembrança pela primeira vez funcionaram aqui dentro e no fundo, agradeço por isso.
- Jana Escremin