quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Onde está o medo?


 Caramba, agora saquei o perigo no qual me tornei. Que sensação esquisita é essa que tampa diversas partes do meu corpo? Boca, olhos, mãos. Tudo cessou, a reação não existe. Que ser humano é esse que sofre de ansiedade e na hora que mais precisa dela é como se fosse a pessoa mais calma e completa? Já escrevi uma história interessante e estou esperando a tese se concretizar para determinar os próximos capítulos. Sou um perigo para a minha vida e tudo o que nela pode vir a acontecer. Eu só quero uma cutucadinha, bem aqui ó, tá vendo? Vê se ele ainda está batendo do jeito certo, pois esse sujeito nunca ficou quieto por tanto tempo. Travar sentimentos não é típico da minha personalidade e eu andei rezando muito para que eu não tenha me tornado mais uma dessas almas frias e cheias de orgulho. Bateu medo, mas não senti o sentimento. Estranho não né? Queria me sentir viva e agora pareço um morto vivo sem preocupações. Não é justo sonhar com um conto de fadas para no final descobrir que sou apenas a bruxa. Não tenho vocação para esse blá blá blá de quem não sente, não se envolve. Tenho um coração forte e cheio de energia, que nos últimos dias está colocando medo em mim. Cadê aquela cachoeira de emoção hein? No passado eu já estaria sem unhas, cabelo e com o coração na mão. Mas e agora? Onde eles se esconderam, ou quem os matou? Vou tentar resgatá-los de algum canto escuro e perdido dentro de mim. Não dá para ser assim, e dessa vez eu me sinto bem quando na verdade eu não deveria. São sinais que muita coisa está por vir, e eu só estou esperando pelos próximos passos.

- Jana Escremin

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Driblando o destino



Sacanagem é esperar que a vida me dê um susto dos bons, quando na verdade eu assusto ela. Ela já não me surpreende porque eu inventei todas as possibilidades de destino que ele pode me oferecer. Acho que o destino se cansou de mim. Fico tentando adivinhar o quê ou quem está por vir, elaborando um livro em menos de cinco minutos na cabeça. O destino quer surpreender e eu não deixo que ele faça isso. Morro de medo de surpresas! Melhor estar preparada para tudo e não deixar a peteca cair. Eu sacaneio a vida de uma maneira bem covarde e o resultado sou eu vivendo o óbvio, pois é óbvio que nada me surpreende se espero tudo de alguma coisa. Pareço difícil de entender, e eu sou mesmo. Não aceito perder, mas tenho preguiça de quem não está nem aí para nada. Gosto de gente que sonha alto, sonha forte e não tem medo. São nelas que eu me agarro porque sozinha morro de medo, e quando tenho companhia sou capaz de virar do avesso a minha vida em segundos. Queria pedir perdão para o destino e todas as armadilhas que ele teima em colocar no meu caminho e eu nunca passo por elas. É que criei uma maneira bem louca de me defender dos murros da vida. Corro igual o diabo foge da cruz quando escuto a palavra "sofrer". E não adianta vir aconselhar, eu acredito no amor e espero que um dia ele venha limpinho e gostoso. Sem essa loucura que é sofrer, querer, batalhar e blá, blá, blá. Ou melhor, eu até gosto de tudo isso, mas que não dure uma vida inteira, por favor. Peço desculpas, mais a culpa que carrego é igual a uma bola de neve, me consome, sufoca e correr dela as vezes faz bem. Nunca foi fácil ser intensa.

- Jana Escremin

Diálogos sem fundamento

Você diz que sou de lua. Eu digo que você é bipolar. Você diz que eu não sei medir as palavras. Eu digo que você é um mistério. Você diz que não importa o tempo. Eu digo que não importa quem você é. Você diz que tem paciência. Eu digo que agora é a hora. Você diz que eu não sou qualquer garota. Eu digo que você já foi um qualquer. Você diz que eu mudo na sua presença. Eu digo que você é o culpado pelas minhas crises. Você diz que não sabe mais o que fazer com a nossa situação. Eu digo que já tenho tudo esquematizado na minha cabeça. Você diz que não pode. Eu digo que talvez eu consiga. Você diz que precisa de espaço. Eu não digo nada, e mais uma vez a história se repete. É uma luta para continuar o diálogo entre a gente, e para quê? Não sou mais aquela menina cheia de paciência e sem medo. Eu cresci, me decepcionei e errei muito, por isso não tenho mais vontade de sofrer, ou pelo menos arriscar o "quase" nessa etapa da vida. Ou tá comigo, ou tá sem mim. Posso ser radical, mas continuar dizendo coisas para você colocar obstáculos não faz meu estilo. De tudo o que aprendi nessa vida é que quando a gente quer realmente algo a gente vai a luta. E eu quero muito lutar, mas isso exige que pelo menos duas pessoas estejam em batalha, e no nosso caso só eu estou armada. A gente busca, sonha, fala um monte de coisa legal para morrer afogada na praia. Tudo bem que eu não ligo de me reerguer e adoro inventar história em cima de história, mas não dá para ser sempre assim. Eu estou com medo, e sei que você também está, mas e daí? Esse é o sentido da vida não é? Não quero mais romances baratos de uma noite, e muito menos a garantia do "para sempre". Eu só queria entender porque você não tira de mim essa preguiça de ir além com tudo isso? Eu quero falar, quero dizer muitas coisas mas você me trava, deixa no ar um mistério que ninguém entende. Não está fácil te entender, mas entenda que eu não piso se o chão não for firme. Tenta entender que cansei de tentar e cair de cara em uma história sem futuro. Venha e tire as palavras da minha boca, não diz que tanto faz ou que eu não te mereço. Isso é desculpa e dói muito mais. Se você não quer eu vou entender. Quantas vezes eu já disse adeus para pessoas tão maiores que você? Eu sobrevivo! Mas não me cozinha como se isso fosse seu dispositivo de segurança porque é dessa maneira que eu fujo, e para bem longe. Eu quero ter uma certeza nesta vida, e seria muito bom se você também tivesse ela comigo.

- Jana Escremin

Minha mãe

Minha mãe e eu somos muito parecidas, talvez esse seja o motivo para a gente se dar tão bem. Se o mundo estiver contra meus argumentos ela concorda, por que ela enxerga as mesmas loucuras que eu. Nunca passou a mão na minha cabeça, ao contrário, é sincera até a última gota. Ela vive sozinha, mas é completa com suas riquezas que me dão orgulho. Eu vivo sozinha e me completo de vazios por aí. Aprendi muito com essa mulher. Somos diferentes do resto da família que possui personalidade forte e extremamente decidida. Nossas personalidades são fortes, mas não aprendemos a falar "não". Manteigas derretidas em forma humana. Eu e ela nunca sabemos o que escolher. Temos aqueles momentos de mudar os móveis sempre que algo nos incomoda. A gente vive incomodada, a gente vive feliz. Com a minha mãe eu aprendi a sorrir mesmo quando o mundo desaba nas nossas cabeças. Ela sempre me ensinou a melhor das lições, que é amar incondicionalmente. Quando ela diz que está com saudades dá vontade de apertar sua bochecha e falar: "Para de frescura mulher", só que ela fala primeiro que eu. Sempre soube que sou manhosa e preciso de carinho toda hora, por isso não liga para meus dramas. Ela nunca perdeu uma piada e nunca deixou escapar qualquer bola fora. Me divirto muito com essa mulher. Ela é capaz de realizar maravilhas e eu sou capaz de escrever um livro sobre ela. A solidão correu para o nosso lado, mas ela é tão fofa que abraçou, cuidou e mostrou que de ruim mesmo ela só tem a preguiça. Sou tão parecida com ela que me pego em alguns momentos assustada com a dedicação que dou a certas coisas, como ela fez toda as vezes que suas filhas fizeram um pedido. Minha mãe me mostrou todos os lados da vida, e eu assisti ela vivenciá-los com uma força que nunca vi igual. Dela eu só tiro coisa boa. Tiro um sorriso, tiro uma força, tiro as melhores piadas, tiro o maior e melhor amor que alguém é capaz de dar. Somos muito parecidas com essa história de nos entregar. Puxei até o ciúmes dela, dá para acreditar? Ela me fala com tanto carinho dos momentos da sua vida que eu preciso fotografar cada momento do seu lado. Ela me chama de louca e estabanada e sempre pergunta onde errou, mas ela sorri e descobre na sua mente que eu sou igual ela. Minha mãe possui seus medos e segredos, porém eu tenho orgulho de parecer com ela fisicamente e emocionalmente. Um orgulho tão grande que eu posso escrever mil linhas sobre essa mulher tão parecida comigo.

- Jana Escremin

Cadê a naturalidade?

Muda. Completamente muda é o que eu sou perto de você. Não dá para ser natural quando vejo seu sorriso. Derrubo coisas, fico sem ar, faço um gesto que ninguém entende. Sou toda engraçada, mas com você meu corpo congela. Respiro fundo e digo para mim mesma que você não é nada demais e já passamos por isso antes. Na primeira tentativa de ser natural eu já demonstro toda a minha falta de experiência em te fazer sorrir. Eu quero falar, dar gargalhadas e fazer todas as brincadeiras que sou acostumada a fazer com meus amigos, mas você chega dando voadora no meu estômago. E eu prometi não passar por isso de novo, mas agora desvio dos seus olhares para não ser pega de surpresa com essas borboletas no estômago. Meu corpo paralisa e eu tenho vontade de socar minha cara para ver se as coisas ficam mais naturais. Queria te mostrar o melhor que tenho, mas ele se esconde quando você chega. Nem mesmo os litros de álcool do final de semana conseguem me deixar a vontade com você. Isso é estranho, por que eu sempre pensei que quando gostasse de alguém tudo aconteceria naturalmente, e eu poderia falar qualquer coisa sem me sentir reprimida por seus julgamentos. Porém tudo mudou. Agora eu fico forçando uma naturalidade que não existe. Morro de medo de não ser interessante o suficiente para você, e ensaio roteiros para te agradar. Para quê? Na hora H nada funciona. Vejo milhões de filmes, leio muitos livros para ver se a luz aparece em flashs. Sou uma completa otária por não saber me comportar na sua presença. O pior é que eu sei que se tudo fosse mais natural eu poderia estar à frente dessa situação, no entanto o máximo que consigo é tropeçar ou soltar um sorriso amarelo. Tamanha timidez deveria servir para alguma coisa, mas não.

- Jana Escremin

A loucura está em mim

Ontem eu tive certeza absoluta que sou completamente louca. É tortura demais imaginar cenas sem ao menos conhecer verdadeiramente o meu coração. Não dá para desligar. Leio um livro, escuto uma música, inundo minha vida com trabalhos. Estou enlouquecendo da maneira mais idiota que alguém pode ser capaz: Em silêncio. Sou um poço de palavras e gestos, por isso não sei "não demonstrar", e todo mundo confunde isso com infantilidade ou com amor incondicional. Ninguém entende que eu  sou assim e ponto. Não quero contratos de "para sempre" ou "até que a morte nos separe" (pelo menos não por enquanto). Sou assim com quem eu me importo. Beijo, abraço, carinho e nada mais que isso. Em meus textos eu vou escrevendo e já coloco um ponto final por que eu não sei estender essa quantidade de sentimento. Curta e grossa. Fofa e louca. Enlouqueci faz algum tempo, e escuto todos os dias as minhas amigas dizendo o quanto sou retardada por falar tantas maluquices em menos de um segundo. Peço socorro com os olhos brilhando e me torturo por saber que a vida não poderia ser mais simples. É castigo precisar vivenciar tudo com tantas incertezas, não existe coração que aguenta. Sou doida e tenho consciência da minha loucura, mas dói sentir tanto e não poder oferecer. Silêncio não combina com a minha loucura. Nunca combinei com essas pessoas que guardam o melhor para o final. Eu já solto os cachorros em cima das novidades, sem aviso prévio de que tem coisa nova vindo por aí. Não dá para enlouquecer no silêncio, mas pela primeira vez eu necessito e isso está me matando por dentro.

- Jana Escremin

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Esqueci de lembrar

Não, eu não estou escrevendo esse texto para me lembrar de você. Ao contrário, eu estou escrevendo para me certificar que pela primeira vez te esqueci por completo, por incrível que pareça. Faz um tempo que não procuro nada sobre você e não tenho a mínima vontade. O que aconteceu é que hoje eu cometi o erro de perguntar qual dia era para uma pessoa qualquer e quando ela disse senti como se estivesse esquecendo de algo. Pensei, pensei e pensei. Quando de repente senti meu corpo gelar. Como fui capaz de esquecer sem esquecer? Meu corpo tão acostumado a comemorar essa data, dessa vez não soube controlar a mente quando ela voltou ao passado. Hoje é um dia qualquer para mim, mas para minhas recordações esse dia mudou tudo. Eu fui capaz de e-s-q-u-e-c-e-r. ESQUECER! Parece ironia escrever sobre algo que supostamente está esquecido, mas a ideia é a de as coisas mudaram. Eu nunca deixei de comemorar este dia, nunca deixei de escrever sobre ele. Nas madrugadas eu te desejava um parabéns tão silencioso que parecia segredo. Não posso negar, hoje é o seu dia, mas algo em mim mudou. Estou morrendo de medo, pois sair dessa rotina me deixa apavorada. Será possível esquecer tão facilmente tudo o que me matava? Santo Deus! Nunca pensei que fosse gostar tanto de esquecer alguma coisa na vida. Meu peito está em chamas, como se eu sentisse novamente o ar sem a sua presença. Escrever sobre esse dia sem mencionar uma saudade é conquista das grandes. Com direito a medalha de ouro. Meu corpo agradece por tamanha coragem. Não dói e não tortura. Nada acontece além desse ar quente que está nos meus pulmões. Respirar está sendo fácil, e eu tenho medo dos próximos capítulos.

- Jana Escremin

Riscos

Corro o risco de viver tudo igual mais uma vez. Corro o risco de correr para o nada. Corro o risco de não saber o que fazer, de novo. Com tantas coisas acontecendo, comecei a sentir um medo absurdo de mim. Ouvi dizer que eu sou uma pessoa dura, que não deve ser fácil conviver com meu jeito desesperado e ao mesmo tempo tão aberto. Nunca soube controlar esses sentimentos. Eu dou um passo para recuar dez. Não sei mais como funciona o amor entre as pessoas, e morro de medo de entregar o meu. Coisa sagrada não se dá assim. Se estivesse sob o meu controle, eu faria de tudo para poder entregar meu coração abertamente a alguém, mas acontece que já levei tombos maiores e por criar expectativas em cima de pessoas que falam, falam, falam e nunca sentem. Entreguei meu coração a três homens e nenhum deles soube o que fazer com ele. Morro de medo de tentar pela quarta vez. É difícil sustentar um músculo pesado e cheio de receios. Quero correr o risco, quero dar a cara para bater, mas não estou preparada para mais uma queda. Pelo menos não agora. A vida deveria ser mais simples, com mais reciprocidades e menos dúvidas. Por que no final de tudo o que nos dilacera é a dúvida. Ela quem nos faz recuar mil passos. Mais uma vez eu ouvi dizer que não posso pensar que a história sempre irá se repetir. Infelizmente que eles não entendem é que eu amo muito, e consequentemente o sofrimento pode vir em dobro. Eu tenho muito medo de encarar esse mundo. A vida é tão gostosa quando se está na zona de conforto. O amor se tornou um campo minado para o meu pobre coração. Ele já não aguenta as pressões e os joguinhos. Ele só quer sombra e água fresca, não deve ser tão difícil assim. Poxa, amor e paz também combinam! No fundo ele deseja apenas que as confusões apareçam quando tudo já estiver claro, só para poder causar um pouco de rebeldia na alma. Nessa história de me machucar, acabei me tornando uma ignorante. Mal sei escrever sobre o amor e sua intensidade é tão grande que eu não sei se estou preparada para ofertá-lo. Só quero paz. Só peço paz. No fim eu vejo que estou correndo os riscos sozinha. Que o maior dos riscos sou eu. Lutando contra tudo o que já vivi, tentando deixar os preconceitos de lado e jurando de pé junto que agora eu consigo. Mas basta um gelinho ou sintoma de confusão, que eu saio correndo como criança assustada. Alguém precisa dar jeito nesse coração. Nenhum fantasma é tão forte que não possa ser vencido, assim eu espero.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Descrente

Se ainda existir salvação para a falta de amor, respeito e cumplicidade então eu ainda tenho motivos para escrever, pois acredito em cada pessoa que nos envolve, que nos quer por perto. Mas por acreditar demais acabo me decepcionando. As pessoas são como lagoas fundas e sem iluminação. É difícil saber o que esperar delas. Algumas demonstram um caráter digno de estar presente em nossas vidas, já outras não nos envolvem por completo. Se alimentam das beiradas, e esquecem que o melhor da vida está em se entregar. Não gosto de quem vive pelas beiradas e peço que Deus salve todos os que insistem em passar por cima da própria consciência para ganhar créditos na vida. Crédito se ganha sendo honesto, envolvendo os outros com carinho e respeito. Minha decepção sempre aparece quando eu deposito muita fé em quem é descrente de sentimento bom. Porém, não quer dizer que deixarei de depositá-la sempre que for preciso. Sou toda mole, do coração derretido feito manteiga e não aceito desculpas para as rasteiras que alguém pode lhe dar. Rasteira eu só levo da vida e isso não envolve pessoas. Pessoas foram feitas para amar, abraçar, beijar e viver momentos de paz e felicidade ao nosso lado. Me desculpem se eu não entendo de sentimento ruim, mas é que nasci assim, 8 ou 80. Ou vem ou vai. Ou ama ou odeia. Não acredito no meio termo. Acredito no amor, no respeito e mesmo vivendo nessa época cheia de gente oportuna não deixo minha fé ser abalada. Isso só pode ser coisa de mãe, de criação, não sei. Elas nunca erram sobre as pessoas e eu aprendi tanto vivendo tão pouco.

- Jana Escremin

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Palavras novas

Parece que só quando vivo uma nova história é que os meus dedos decidem escrever sem parar. Optei parar por um tempo por não ter a quem destinar as palavras que ficaram duras e silenciosas. Apaguei todo o histórico de desabafos que deixavam um rastro de sofrimento e força. Me anulei para o que mais amo fazer, que é escrever. Não consigo simplesmente redigir as palavras se elas não estiverem em meu coração, sou feita de papel e muitas vezes ele cortou fundo cada pedaço de sentimento que eu tinha. Por um tempo pensei que não fosse mais possível escrever, não existia aquele sentimento capaz de escrever folhas e folhas durante as aulas. Tudo havia acabado. Inspiração virou luxo, e minha vida continuou sem grandes emoções. Fechei a porta dos sentimentos e perdi aquela vontade de inventar qualquer história boba para poder escrevê-la. Demorei muito para perceber que não é assim que as coisas funcionam. Eu amo o que faço, amo quem eu me tornei, mas tenho medo das minhas palavras. Tenho medo de estragar toda uma poesia com sentimento sujo. Agora só escrevo de coisas puras, que tocam meu coração e alimentam minha alma. Não dá mais para escrever sobre o cara que eu tirei da minha vida. Não dá mais para escrever sobre a saudade de pessoas que não lembro da voz. Não dá para gastar tinta de caneta com sentimentos passados. Confesso que estou assustada, nunca fiquei tão firme nas minhas decisões. Nunca me senti tão pronta para o próximo passo. Travei por tantos anos que escrever era a única coisa que havia me restado. O que não entendia é que me prendi a títulos sem fundamentos. Apertei por inúmeras vezes a mesma tecla, até entender que o toque das outras me faziam muito melhor. Dessa vez eu não vou escrever que estou cansada ou me sentindo livre. Eu vim aqui escrever que estou nova, limpa e com muito medo. Acho que esse é o propósito da vida, não é? Sujar para limpar, então aqui estou eu.

- Jana Escremin

Signos

Sou viciada em signos. Pesquiso uma página inteira do google para me desvendar e descubro cada vez uma coisa nova. Me iludo com as promessas para os milhões de piscianos que existem no mundo. Horóscopo mensal, diário, anual, isso tudo me influencia. Leio tanto e esqueço minutos depois, mais é importante que eu sinta esperança nesse coração mole. Eu sou toda pisciana. Distraída, romântica com o emocional transbordando pelos cantos e isso influencia nos meus relacionamentos com família, amigos e garotos. Não me aguento com tanta vontade de viver. Esse vício por signos faz meus amigos gargalharem quando eu começo a justificar as ações de cada pessoa pela personalidade que carregam. Brinco de adivinhar quem é quem só pela data do nascimento e eles acham uma loucura essa brincadeira que inventei. No final de tudo eu só acho que encontrei uma maneira de me decepcionar. Enfim, o importante é que me divirto lendo tanto sobre milhares de pessoas completamente diferentes. Fico intrigada quando alguém cabe certinho no signo. Sempre pensei que só eu fazia essas coisas. Dou risada de mim, sou totalmente criança quando o assunto são signos e seus mistérios. Eles me iludem e eu aproveito para inventar desculpas pelos os outros.

- Jana Escremin

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Fragmentos de vida

Fragmentos de vida me preenchem, e eu aprendi a gostar de viver de pedaços. Cada parte de mim é composta por um pedacinho de gente que passou, ficou, foi embora, morreu, nasceu, amou, perdoou e odiou. É sensacional saber que sou inteira sem ser. E mesmo sendo quebrada, fiz dos meus pedaços armaduras. Tenho milhões de medos, segredos e vontades e os guardo o mais rápido possível por não conseguir conter as palavras. Falo demais se me dão abertura, falo pouco se não me dão confiança. Meus pedaços não caem, não trincam, não desgrudam. Sou um corpo cheio de ladrinhos, caminhos incompletos, machucados, mas acima de tudo felizes por estarem onde estão. Há quem pense que viver de fragmentos seja um castigo, mas não é. Viver de fragmentos é a parte mais humana que consegui expressar. Carne, osso e pedacinhos que se completam dando forma a uma moça ansiosa. A gente reiventa os sonhos e pinta nossa pele para dizer: "Hei, eu estou aqui, viva e recheada de histórias". Não acredito na tristeza, só acho que existem pessoas que não sabem o que fazer com um pedacinho de sentimento quebrado e perde um bilhão de oportunidades de se tornar mais humana. Eu aproveito tudo o que a vida me proporciona, e se for para quebrar de novo, que seja. Um pedaço a mais é o que eu espero, quem sabe um dia alguém chega para colar todas as peças e reinventar um novo corpo.

- Jana Escremin

Música

Existem músicas que nos trazem lembranças tão fortes que em apenas um segundo somos capazes de reviver momentos guardados por falta de espaço. É incrível como eu sempre fiz das músicas um instrumento de lembrança. São aqueles momentos que me trazem paz, confortando meu humilde coração. Acredito no poder que a música tem sobre a minha vida. Ela é capaz de trazer o que estava esquecido e faz uma retrospectiva do que foi certo e errado nestes últimos 21 anos. Não consigo viver sem relembrar, por isso eu trabalho com música, durmo com música, viajo com música. Não sei, mas parece que falta alguma coisa quando o silêncio se intensifica. Com a música sinto que o canal está aberto, que a vida pode ser mais gostosa, e que as histórias possuem sua própria trilha sonora. Pois é, eu faço questão de transformar minha vida em seriado, deixando cada música entrar no momento ideal.

Enfim, eu criei uma discografia de vida e hoje ouvindo as mesmas músicas sei que eu tenho a melhor seleção musical misturadas com lembranças e sorrisos.

- Jana Escremin

Quando o tempo passa a gente entende

Se eu parar para pensar no tempo que passou, nos sonhos que construí, nos lugares onde cheguei e nas batalhas que travei começo a ficar emocionada com tantos detalhes. Não tenho grandes feitos na vida, mas eu acredito fielmente que tudo o que passei trouxe sempre uma nova pessoa. Reciclou um coração, uma alma e muitos sonhos. Sempre fui a favor da revitalização da alma.

Digo isso por que já fui surpreendida mais de uma vez por pessoas que não sabiam o que fazer com suas dores. Questionando as alternativas e decisões que tomei para ser quem eu sou. Sofri muito, me expus muito, mas nunca neguei nenhum sentimento se ele estivesse aflorando em mim. Fico confusa quando alguém me pede conselhos, por que a única coisa que sei dizer é: Tempo, tempo, tempo, tempo e força de vontade. Fui me reiventando com o que sobrava da tempestade.

Acabei crendo nas tomadas de decisões, e creio que são o apoio para o que estar por vir. Não me arrependo das coisas e pessoas que abri mão. Foi preciso deixá-las ir para nascer outro alguém. Alguém pronto para novos sonhos e desafios. Infelizmente nasci assim: Cheia de sentimentos, medrosa e com uma puta vontade de crescer. Talvez é isso que assusta quem resolveu ficar lá atrás.

- Jana Escremin