quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Palavras novas

Parece que só quando vivo uma nova história é que os meus dedos decidem escrever sem parar. Optei parar por um tempo por não ter a quem destinar as palavras que ficaram duras e silenciosas. Apaguei todo o histórico de desabafos que deixavam um rastro de sofrimento e força. Me anulei para o que mais amo fazer, que é escrever. Não consigo simplesmente redigir as palavras se elas não estiverem em meu coração, sou feita de papel e muitas vezes ele cortou fundo cada pedaço de sentimento que eu tinha. Por um tempo pensei que não fosse mais possível escrever, não existia aquele sentimento capaz de escrever folhas e folhas durante as aulas. Tudo havia acabado. Inspiração virou luxo, e minha vida continuou sem grandes emoções. Fechei a porta dos sentimentos e perdi aquela vontade de inventar qualquer história boba para poder escrevê-la. Demorei muito para perceber que não é assim que as coisas funcionam. Eu amo o que faço, amo quem eu me tornei, mas tenho medo das minhas palavras. Tenho medo de estragar toda uma poesia com sentimento sujo. Agora só escrevo de coisas puras, que tocam meu coração e alimentam minha alma. Não dá mais para escrever sobre o cara que eu tirei da minha vida. Não dá mais para escrever sobre a saudade de pessoas que não lembro da voz. Não dá para gastar tinta de caneta com sentimentos passados. Confesso que estou assustada, nunca fiquei tão firme nas minhas decisões. Nunca me senti tão pronta para o próximo passo. Travei por tantos anos que escrever era a única coisa que havia me restado. O que não entendia é que me prendi a títulos sem fundamentos. Apertei por inúmeras vezes a mesma tecla, até entender que o toque das outras me faziam muito melhor. Dessa vez eu não vou escrever que estou cansada ou me sentindo livre. Eu vim aqui escrever que estou nova, limpa e com muito medo. Acho que esse é o propósito da vida, não é? Sujar para limpar, então aqui estou eu.

- Jana Escremin

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