Cadê a naturalidade?
Muda.
Completamente muda é o que eu sou perto de você. Não dá para ser
natural quando vejo seu sorriso. Derrubo coisas, fico sem ar, faço um
gesto que ninguém entende. Sou toda engraçada, mas com você meu corpo
congela. Respiro fundo e digo para mim mesma que você não é nada demais e
já passamos por isso antes. Na primeira tentativa de ser natural eu já
demonstro toda a minha falta de experiência em te fazer sorrir. Eu quero
falar, dar gargalhadas e fazer todas as brincadeiras que sou acostumada
a fazer com meus amigos, mas você chega dando voadora no meu estômago. E
eu prometi não passar por isso de novo, mas agora desvio dos seus
olhares para não ser pega de surpresa com essas borboletas no estômago.
Meu corpo paralisa e eu tenho vontade de socar minha cara para ver se as
coisas ficam mais naturais. Queria te mostrar o melhor que tenho, mas
ele se esconde quando você chega. Nem mesmo os litros de álcool do final
de semana conseguem me deixar a vontade
com você. Isso é estranho, por que eu sempre pensei que quando gostasse
de alguém tudo aconteceria naturalmente, e eu poderia falar qualquer
coisa sem me sentir reprimida por seus julgamentos. Porém tudo mudou.
Agora eu fico forçando uma naturalidade que não existe. Morro de medo de
não ser interessante o suficiente para você, e ensaio roteiros para te
agradar. Para quê? Na hora H nada funciona. Vejo milhões de filmes, leio
muitos livros para ver se a luz aparece em flashs. Sou uma completa
otária por não saber me comportar na sua presença. O pior é que eu sei
que se tudo fosse mais natural eu poderia estar à frente dessa situação,
no entanto o máximo que consigo é tropeçar ou soltar um sorriso
amarelo. Tamanha timidez deveria servir para alguma coisa, mas não.
- Jana Escremin
Nenhum comentário:
Postar um comentário