terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bagunça e vida combinam

Eu nunca vivi em um mundo fechado. Minha mãe diz que eu tenho a necessidade de viver as coisas para depois entender o seu funcionamento. Eu acho que isso pode expressar a presença das saudades que minha vida possui. Nunca fui a mais louca, a mais correta, a mais bonita, a mais feia, a mais quieta, a mais barulhenta. Os extremos nunca conseguiram me definir porque um dia eu sou 8 no outro eu sou 80. Sempre tive medo de fechar minha cabeça para as experiências do mundo. Arrisco com a vida, evitando apenas os pulos para o amor. Sou cheia de pontos, vírgulas, exclamações e prefiro não falar sobre os três pontinhos que deixam a minha vida bagunçada. Nunca me contentei em bagunçar apenas o meu local. Quando expressam uma opinião sincera de como eu sou fico assustada. As pessoas podem saber mais sobre mim do que eu mesma e a injustiça que isso causa mostra as consequências do mundo que vivo. Dizem que quem opta por um mundo ao avesso deve estar preparado para os choques e conflitos. Aqui estou, vivendo ao contrário. Correndo ao invés de frear, freando ao invés de correr. É disso que eu falo sobre viver, são esses detalhes que eu fico pensando toda a noite. O tempo, a corrida, as pessoas, meu amor.

- Jana Escremin

Compartilhando sentimentos

Sabe o que eu gosto nas pessoas? A necessidade de compartilhar experiências, de ser tão humano ao ponto de querer dividir o que já foi vivido. Em uma conversa nada formal descobri o quanto sou frágil. Se tem uma coisa nessa vida que gosto é de sentar e ouvir uma boa história de amor e é incrível como elas não terminam sem o "Gran Finale". Todo mundo tem uma, todo mundo quer uma, duas, três, quatro histórias... E a necessidade do amor em nossas vidas é como um pedaço do oxigênio que não dá para evitar. Eu não evito as histórias que me rodeiam. Ouvir histórias é minha antiga mania e se eu tivesse o tempo vago gostaria de sair pelo mundo escutando como os casais chegaram onde estão. Encontrar a beleza do amor nos detalhes, nas brigas, nos beijos e abraços é a minha paixão. Me dê uma cerveja e uma boa dose de amor que minha noite passa de normal para inspiradora. A reconstrução do sentimento, o momento certo, o primeiro olhar. São os detalhes que me prendem, são eles quem entregam a paixão dos que tem a sorte de ter alguém do lado. Sou viciada em detalhes e já aviso que não é saudável, mas é gostoso relembrar aquele gesto, aquela palavra. Eu guardo muitas coisas e transformo em um livro gigante e sem páginas. Livro que acontece aqui dentro e é lido entre uma conversa e outra. Me apaixono pelo romance dos outros. Hoje tive que responder mais uma vez o motivo para não criar a minha própria história. Medo, insegurança ou quem sabe o mercado está escasso dos detalhes. Simples respostas e já sei o que vem em seguida: Um longo e verdadeiro sermão de que a vida é para ser vivida, o que tiver que ser será e que existe uma história para cada coração na Terra. Acredito fielmente nisso e por isso me iludo com as histórias alheias. Sou carne, osso e uma camada grossa de amor, paixão, desejo. Tranquei meu coração por muito tempo e ainda tenho dó de sacrificá-lo em nome do amor, mas acontece. Uma hora as coisas acontecem e eu não tenho pressa. Tenho sonhos, tenho vontade e tenho um amor chato, ciumento e sem fim. Segundo minhas amigas eu não viverei até os 30 anos se continuar na aflição dos relacionamentos que não acontecem. "Viva e ponto final" é o que elas dizem. Mas o meu livro é extenso, é sem fim, é cheio de dúvidas e meu caminho é longo. Não reclamo da solidão, não reclamo da vida porque no fundo sei que uma boa história termina bem, feliz e com o coração explodindo de amor. É só o que eu aprendo, é só o que escuto e quem sou eu para brincar com a história de amor das outras pessoas. Eu sou eu e mais nada. Sem amor, com história e um coração forte, rígido e grosseiro. Apenas.

- Jana Escremin

A fonte secou

Não é falta de romantismo, não é decepção, não é medo, não é nada. Eu descobri que fico bem sozinha e que um dia alguém irá aparecer, mas sem pressa. Isso de ter pressa me aterroriza! Sou a maior apoiadora dos casos alheios, só que isso não significa que sou mais uma dessas solteiras que ficam lamentando a solidão. Eu não lamento por isso, até gostaria de uma companhia mas essa data não intensifica meus sentimentos. Companhia eu posso ter quando me esforçar, quando quem sabe querer dar a oportunidade para alguém. As pessoas pensam que preciso de um parceiro para ser feliz, mas o que elas não entendem é que minha felicidade é diferente. É uma viagem, é uma promoção, são os amigos animando uma quarta-feira. Minha felicidade não é simples mas também não depende de um homem. Não sou contra o amor, nunca fui e nunca serei. Escrevo sobre ele e seria hipócrita da minha parte dizer que odeio o dia de hoje. Eu não odeio e me divirto com as piadinhas. Tudo é lindo, mas eu ainda não estou pronta para isso. Acredito em um amor diferente, em um amor que acontece. Acredito naquela história de quem se acostumou, e o que tiver que ser será. Hoje eu só queria dizer que não importa o que as pessoas dizem, ser solteira não é ruim quando descobrimos o que queremos. O que eu quero é me divertir, me encantar e no final chorar de rir com as histórias malucas da vida que optei levar. Porque no fundo, a vida são as escolhas que tomamos e a minha hoje é não tomar nenhuma decisão, deixar rolar.


- Jana Escremin

Dia de tristeza

Sim, acordei um pouco triste. Sim, eu sei que já não é mais. Sim, eu entendi tudo. Sim, existem coisas maiores, mas tenho esse direito. Um dia a gente levanta e pensa: "Será mesmo que é isso tudo?", e quando a gente se dá conta de que não é a história de amor que ensaiamos aí a ficha cai no fundo do estômago e ela machuca, fazendo o silêncio reinar e o coração bater em contagens precisas para não acelerar de medo. Hoje é um dia desses para mim. Acordei e olhei diferente, acordei e senti a diferença no meu modo de ser. Algumas coisas cansam de ser ensaiadas, sonhadas ou planejadas. Certas coisas nos mostram um mundo tão real que faz a minha cabeça pensar que não tem que ser assim. Eu faço meu luto pessoal, um luto por um sentimento que não teve tempo de prosseguir e um carinho que não foi capaz de sobreviver aos meus dilemas. Às vezes usar a cabeça dói, e parar com a cegueira de que o mundo pode ser o que você quer assusta demais. Muitas vezes esse susto é apenas a aceitação do não ou receber de braços abertos aquela história que não tem como continuar. Pode ser o reconhecimento de um momento que não será "mais" do que ele já foi/é. Existem pessoas e histórias que não progridem e lidar com esses sentimentos deixam pessoas como eu em estado de luto. As pessoas dizem que eu não me permito, que meus bloqueios não garantem um progresso e é esse o problema. Elas podem estar certas, mas me permitir quantas vezes mais? Sangrar continuamente para quê? É fácil falar, mas vem aqui viver um pouco de desilusão e responda se eu estou errada em fugir dos dramas e confusões do amor. Me protejo dessas pessoas que gostam de se divertir com os sentimentos alheios e não escondo de ninguém esse medo de ser trapaceada. Eu depositei minhas fichas em uma pessoa que só provou o quanto eu estava certa, o quanto não vale certos sacrifícios pelo nosso coração. Meu coração é sagrado e já cansou dessas histórias de colegial. Eu jogo sério, eu falo sério e se não estão comigo nessa guerra então lutarei sozinha pois o mundo tem milhões de loucos por amor, e eu não quero me esconder deles. Agora só me dou para quem quiser compartilhar e vou esquecendo quem tem nojo desse sentimento que para mim é tão importante.

- Jana Escremin

Relacionamentos

Tenho um sério problema com relacionamentos. Gosto de tê-los mas afasto todo mundo sem perceber. Uso as palavras e o orgulho para não me machucar. Sei que tenho a melhor das intenções mas quando vejo eu já falei um texto mal escrito e ele nunca é interpretado como eu quero. Ontem fui dormir sorrindo ao contar a gafe do final de semana, mas enquanto eu contava a ficha caiu. Eu sou o problema de todas as histórias inacabadas da minha vida. Não sei lidar com essas frases e atitudes de quem quer criar destino, amor, história, problema. Comigo é tudo mais complicado quando o assunto sou eu e mais uma pessoa. Corro para o outro lado, me afogo em sinceridades que poderiam ter sido guardadas para um próximo capítulo. Meu problema é não conseguir mais acreditar, é não ter forças para ir em frente com tantos passados. Quanto mais o tempo passa, mais descubro que não sei mais me relacionar. Dou mancada, cometo bobagens, crio confusão onde não existe nada. Essa sou eu tentando impressionar. Não dou uma dentro com as pessoas que gosto e por mais que eu tente sempre termino o dia pensando: "Por que eu não disse aquilo?". As atitudes corretas invadem meus pensamentos depois que tudo já se foi, que ninguém quer mais saber das minhas desculpas. E aí a história se repete: Hora certa, pessoa errada. Sou um erro ambulante que não consegue dizer o que quer sem cometer o crime perfeito. Afasto as pessoas com uma mania de perseguição sem fim. Me cobro o tempo inteiro para ser perfeita, mas no final descubro o quanto eu sou errada, o quanto eu poderia ter feito diferente. Quando vejo já fiz graça com quem não merecia meu silêncio ou minha sinceridade. É preciso reaprender os joguinhos dos relacionamentos, cultivar o bom senso na hora de dizer as palavras e principalmente saber o que deve ser feito. Sou eternamente culpada por não saber viver ao lado de alguém e isso me dói um pouco, pois vontade não falta, mas sobram erros sem volta. Sobram vestígios de uma pessoa que não sabe agir ou pensar corretamente. Eu afundei mais uma vez alguém que não merecia, fiz da graça um erro e vou lembrar como a minha situação se agravou nos últimos anos. Palavras, horas, momentos e pessoas certas precisam ser consideradas por essa moça que mal sabe o que dizer quando está amando.

- Jana Escremin

Palavra engasgada

Quando me calo é quando erro. Deixo de dizer tudo o que quero, passo minha vez em oportunidades únicas e não entendo porque insisto em silenciar. Qualquer pessoa normal falaria, sentiria, colocaria as cartas na mesa para saber com quem está lidando. Eu não consigo ser assim. Meu silêncio acontece e não sei ao certo qual o motivo. Não quero ser ignorada, não posso arriscar, não sei dizer as coisas no momento certo. Toda vez que quis falar sobre o que me tira o sono tive péssimos resultados e por isso opto pelo silêncio. Qualquer pessoa normal dirá que isso é loucura, que é preciso arriscar, falar, saber, descobrir. Mas existe um medo, um bloqueio sem fim do que poderia acontecer se as palavras saíssem. Eu erro sempre, vivo dizendo que não sei agir porque não sei falar e talvez escrever seja mais simples para mim, só que não basta mais. Tem tanta palavra engasgada nesse peito que sufocar seria mais fácil do que viver com tantos "por quês" e "se" que envolvem minha vida. Além de não ser tão simples, eu esbarro com pessoas que conseguem ser quase tão iguais ao meu jeito de ser. É um clichê chato e sem grandes resultados: Eu, alguém e o buraco com infinitas perguntas entre o que nós dois queremos. Todo mundo quer alguma coisa e eu sei disso porque guardo milhões de vontades e nenhuma palavra sai. Nenhum argumento sobre o que vejo, escuto e vivencio é pronunciado. Deixar de dizer as coisas trazem benefícios, mas a quantidade de dúvidas que preenchem os meus espaços não deixa sobrar nada além de grandes pontos de interrogação que acabaram perdendo a hora de desvendá-los. Eu perdi a hora de todas as minhas palavras, perdi a noção do que posso dizer, do limite entre eu e as outras pessoas. Para não errar no limite eu limito minhas dúvidas, engulo à seco vontades questionáveis e sigo vivendo porque viver de dúvidas já é agonizante, mas viver parada não traz destino nenhum para minha vida.

- Jana Escremin

Erros que não entendemos

Quando pensamos que somos complicadas sempre tem um sujeitinho para provar que estamos erradas. Se a gente esconde o jogo, errou. Se abriu o jogo, errou. Se fez drama, errou. Se não fez nada, errou. Somos os erros que não entendemos e aquela vontade de sempre estrangular quem não se assume ou quem não assume o que sente. Um joguinho para crianças vira rotina na nossas vidas, somos jogadas para escanteio quando não aceitamos as regras do outro, somos lembradas quando a carência bate na porta de cada um deles. Não nasci para ser marionete de ninguém, mas ultimamente vivo pela vontade alheia. É muito complicado tentar adivinhar o que está acontecendo e o orgulho disputa qual lado consegue ser mais complicado. Ficou com ciúmes? Engula, sorria e desapareça. Ficou com raiva? Joga uma ironia na roda e sai como se nada tivesse acontecido. Pagamos de loucas, psicopatas, dramáticas porque nesse jogo a gente não consegue calar. Não conseguimos fechar os olhos para atitudes infantis. E convenhamos que resolver problemas está no nosso sangue feminino. Queremos algo, queremos agora. Parece simples do outro lado, mas quem complica nossas atitudes são esses sujeitinhos que escondem o ouro, que não gritam, que sorriem querendo matar, que cutucam e somem. Sujeitinhos covardes e sem nenhum respeito. Não se joga um drama na mesa e volta atrás como se fosse a coisa mais normal do mundo. Se é para jogar com drama então assuma suas responsabilidades e dê a cara para bater. Dessa maneira nós somos as únicas a apanhar, pois vivemos esperando a hora certa, vivemos aguardando o momento em que tudo será claro e objetivo. Eu ainda sonho com o dia que não vou ter que ficar brincando de adivinhar o que aquela música, frase ou silêncio significou. O primeiro passo é acreditar, o segundo é descobrir quem somos e se realmente vale a pena dar a volta no mundo para entender um simples "sim" ou "não". Sou indecisa, mas no meu caminho só tem louco silencioso. Loucos para me deixar em banho maria até que a vontade deles seja maior do que o orgulho que trancam as palavras e atitudes em seus peitos estufados de verdades não ditas. Eu quero precisão nas palavras, quero precisão nas atitudes, quero precisão nos significados porque ainda não aprendi como a gente faz para engolir tanto mistério.

- Jana Escremin

Ligando o foda-se

O meu mal sempre foi "tocar o foda-se" quando não fico satisfeita com o rumo que as coisas tomam. Pois então aqui estou eu mais uma vez tocando o foda-se. Não me importo de perder. Acredito que a gente perde as coisas que já tivemos, e eu sei bem quando tenho algo. A única coisa que me importa, é o caráter que foi testado só para agradar outras pessoas. Sempre deixei cada um ter sua própria vontade, para que um dia, por milagre ou destino essas vontades possam coincidir com meus desejos que são sempre muito claros, e só não entende quem não quer. Sei que é um defeito, mas aprendi a cortar tudo pela raiz. A vida segue mais rápido quando a gente não se apega aos detalhes e ultimamente eu não quero me apegar a nada que possa escapar. Um defeito que não é de fábrica, mas que possui arranhões de histórias mal contadas, mal vividas. Quero mudar, quero modificar, mas no momento só preciso de paz. Uma garota como eu pensa em estudar, viajar, conhecer milhões de pessoas, se apaixonar quantas vezes for possível para depois dar a cara para bater por alguém. Um pensamento como esse vai embora e eu sei que não demora muito, mas eu vou vivendo, vou esquecendo e vou deixando de dar importância as coisas e pessoas que não retribuem meu carinho ou atenção. Se estou errada, certa, precipitada, louca, pirada eu nunca vou ter certeza, mas acredito que é melhor estar satisfeita com a vida do que viver querendo agradar quem pouco se importa, quem não está no mesmo nível sentimental que eu. Houve um tempo em que eu dedicava todo o meu amor sem medo e não ligava de ser a pessoa que amava mais. Era mais simples amar e ponto. Porém o tempo se foi e provou que algumas vezes o esforço tem que ser dos dois lados, que ninguém joga uma partida sozinha e sai ganhando. Por isso meu mal sempre foi tocar o foda-se, porque no tempo em que eu não ligava para esses detalhes acabei afundando meus sentimentos por pessoas que não estavam prontas para mim. Que fique claro: Não desisto das pessoas, apenas deixo de existir para os sentimentos que não querem existir na vida real.

- Jana Escremin

Cada um no seu lugar

Engraçado como algumas pessoas aparecem para testar nossas metas. Coloquei na balança o que eu merecia e o que merecia minha atenção e foi aí que muitas coisas mudaram. Existem momentos que não evoluem e não há nada que a gente faça para mudar essa cena. Enquanto analisava todos os contras, poréns e afins coloquei pessoas e sentimentos nos seus devidos lugares, arrumando a bagunça que estava na cabeça e no coração. Percebi que no meio do caminho sempre aparece alguém que te faz enxergar melhor, que mostra o quanto você merece e até onde você pode se esforçar. Esse alguém traz medo, só que ele ilumina mais do que afugenta. Não foge, não trai, não fica na dúvida. No meio da limpeza a gente percebe o quanto deixamos de enxergar. Parado ali, como se não se importasse, mas a todo o momento cuidando e vibrando com as conquistas das quais ele nem faz parte foi que encontrei uma paz. Talvez nem seja nada disso, mas pela primeira vez sinto como se alguém se importasse, como se as coisas mínimas da minha vida pudessem ser divididas com quem sente a mesma alegria. Foi abrindo a cabeça e observando minhas atitudes que descobri o quanto sou tola. Fechei meu coração para quem não se abre, para egos tão maiores do que eu. Gente que não evolui. E hoje são essas pessoas que não progridem no patamar da minha vida. Evoluem no meu sentimento, mas desbancam na vida real. Quem nasceu torto, vai morrer torto. Claro que um esforço meu poderia acabar com mil dúvidas, mas eu não quero mais tirar dúvidas de nada ou ninguém, quero alguém com certeza do que quer viver. Não precisa ser sério, não precisa ser para sempre, só precisa estar aqui. A gente se preocupa com o mundo e o retorno é sempre em pequenas proporções, mas são essas pequenas proporções que merecem nossa atenção e carinho. Eu devo reparar mais na vida que acontece ao meu lado e principalmente aprender a colocar as pessoas em seus devidos lugares quando falo da minha história.

- Jana Escremin

Vai passando

Todas as vezes que nos encontramos é essa confusão sentimental. Já esqueci tudo o que me fez passar, já deixei de me preocupar se vou ou fico. Não faço mais por merecer e nem causo se você não aparecer. Só que toda vez é assim, eu e você sorrindo de coisas idiotas e vendo todos observarem como nós não combinamos, mas como insistimos nessa história de preencher o vazio um do outro. Se hoje não boto mais fé na gente é porque conheço seus jeitos, sua canalhice e sua maneira de me fazer sorrir de tudo. A gente nunca foi do tipo que dá para levar a sério. Nós começamos errado e fizemos nossa pausa para aqueles que dão certo com a gente, mas no final olha só nós aqui de novo. Toda vez é essa bagunça e ninguém consegue explicar porque damos sentido nisso. Uma insistência que faz bem, que não perturba e que não espera no outro dia. Eu fui aprendendo a conviver com isso tudo e sei que você não será de ninguém, da mesma maneira que você sabe que eu não volto para você... Ou por você. As coisas não fazem sentido, mas a gente é assim. Nunca fizemos sentido para ninguém e talvez essa seja a nossa única ligação. Dois corpos que não ultrapassam as histórias de sentimento e confusões. Hoje me sinto bem ao seu lado e digo para todo o mundo que essa história antiga me traz um sorriso no rosto, mas não traz esperança. Eu vou aí, olho para você, me divirto por uma noite e sigo meu caminho. A gente repete a história sem precisar colocar fim nela e eu gosto disso. Ultimamente não quero mais dar fim em nada, nem em ninguém. E você é um desses casos que não tem fim, é um desses caras que a gente sabe que não dá certo mas que é legal ter por perto.

- Jana Escremin

Se eu gosto de você?

A pergunta foi como uma bomba explodindo no meu estômago. Se eu gosto de você? Achei que não poderia ser mais óbvia sobre meus sentimentos, mas engoli todos e disse que não sabia. O meu "não saber" era mais como um sim gritando no universo. Não estava preparada para essa pergunta e principalmente para esse momento. Não sei lidar com improvisos e engoli o sim seco, pesado, mas você nem percebeu pois já sorri e falei que aquela era uma pergunta boba, que gostar era mais complexo do que uma resposta como essa. Grande otária. Era sim, sempre foi sim e nunca deixará de ser. Meu coração saiu pela boca e eu já escrevia um texto na minha cabeça sobre esse momento sem perceber como você ficou desapontado com meu desdém. Mas nunca foi isso, é que se eu disser o tal do sim você saberá qual é o meu ponto fraco e aí nós já sabemos o roteiro. Não sei gostar controladamente, se te falasse o sim que meus pulmões gritaram no silêncio do meu peito você saberia que poderia fazer o que quiser de mim. Não quero ser a receita de alguém e é incrível como meu peito sufocou com seu olhar, tudo o que queria era dizer sim, mas não consegui. Travei no final do jogo e você saiu como se não houvesse importância. Sou muito ansiosa e escrevo livros e livros na minha cabeça, mas nenhum deles sabe lidar com perguntas imediatas. Se tivesse ensaiado uma maneira de dizer o sim com leveza e sem mostrar meu entusiasmo com você tudo poderia ser diferente, mas não sei fazer essas coisas. Faz algum tempo que não sei dizer o que realmente meu coração grita. Todas as vezes que tentei acabei olhando arrependimentos jogados no chão. Mas aí você me pega desprevenida e eu nunca saberia dizer a verdade. Para mim mostrar é mais fácil, e eu já me mostrei tanto para você. No fundo a pergunta era desnecessária, mas entendo que no mundo a gente precisa ter certeza do sentimento do outro através da fala. Nunca tive o seu, e depois de ontem você nunca terá o meu. Não porque me falta coragem, mas porque eu tirei a que você tinha. Queria poder mudar a noite de ontem, mas essa sou eu, trocando palavras e sentimentos. Não posso pedir para me interpretar ao contrário porque parecia loucura da minha parte, então deixo você pensar o que quiser. Que meu "não sei" é só isso e ponto. Quem sabe você pergunta de novo e posso garantir que desta vez estarei pronta para dizer o que queremos ouvir. Assim espero.

- Jana Escremin

Questão de interesse

É incrível a capacidade que temos de mudar sem perceber. Ontem fiquei pensando sobre quem eu já fui e como insistia em erros e pessoas tão mais loucas que eu. Nunca deu certo e com o tempo fui aprendendo que ligar mil vezes para alguém não faz ela te querer. Não sei nem dizer se isso é amadurecimento, mas antes eu tinha que ter todas as respostas senão enlouquecia com o que nunca foi dito. Mas olha só para mim hoje, esperando a vida acontecer. Buscando uma resposta ali e outra aqui, mas sem aquele medo ou desespero para saber onde errei. Cheguei a pensar muitas vezes que eu fosse o maior erro dos meus casos amorosos. Pode ser que sim, pode ser que não. Só que hoje eu vivo as mesmas situações mas enxergo diferente as mil maneiras de agir. Uma vez ou outra é preciso gritar, falar e buscar sentido naquilo que queremos. Mas tem horas que é melhor deixar para lá, esquecer e seguir, porque tem gente que não vale o esforço. Há dois anos atrás eu fazia esforço para ser a garota dos sonhos de alguém, mas hoje não importa se isso não acontecer. Ninguém preenche a vaga de garoto dos meus sonhos e eu não piro por isso, pelo menos não no momento. Vivi a mesma história repetidas vezes, causando estrago no meu amor próprio mas eram nesses momentos que percebia como cresci diante da minha vida. Vi que não importa quantas vezes a gente se dedique para alguém, esse alguém só vai lhe querer se for realmente do seu interesse. Do contrário nós nos tornamos casos passados, tapa buracos e assim vai. E o importante é não se apegar a esses fatos. Tem gente que nasceu para ser do mundo e não podemos lutar contra a lei da natureza humana. Eu nasci para amar, mas desenvolvi um orgulho tão forte que atrapalha os meus relacionamentos, mas foi esse mesmo orgulho que estapeou minha cara e mostrou que não preciso me humilhar para alguém tão diferente de mim. As coisas acontecem e os desejos coincidem um dia. A gente espera pelo desfecho final mas na verdade nem sabemos se estamos prontos para isso. Eu mudei da água para o vinho e agora faço das minhas histórias imaginárias breves contos que devem mostrar grande interesse em quem eu sou para que eu possa viver a loucura de tentar, gritar e querer tão fortemente. Aprendi que nem todo esforço é válido, mas todos os que fiz me transformaram em alguém diferente. Por isso não consigo me encontrar em livros, músicas e poemas. Mudei e continuo mudando por mim, pelos outros, pelo amor. Sempre. E talvez essa história de metamorfose ambulante seja mais verdadeira do que eu pensava.

- Jana Escremin

Romantismo à flor da pele

O problema é que sou romântica e se não for assim não dá. Se não melar, grudar e enlouquecer não serve. Não sou nenhuma chata melancólica que vive de suspiros, mas sou do tipo que ensaia roteiros de filmes na cabeça com a esperança de um dia vivenciar todo esse romantismo. Sem dramas ou lágrimas. Sou romântica com o que dá certo, com quem retribui meus carinhos. Se não for para ser assim não quero. Arrumar casos de um dia todo mundo é capaz, mas quero ver você arrumar um amor de verdade. Isso é difícil! Contar para o mundo o quanto ama e o quanto está disposto a mudar sua vida. Já amei nessa vida e mesmo sendo nova e sabendo que já passou, meu amor foi verdadeiro. Amar para mim é explodir de alegria, não dá para guardar tudo entre quatro paredes. Romantismo não se compra, ele surge quando a gente realmente não tem vergonha de ser feliz ao lado de alguém. Foto, mensagem, voz, abraço, beijo, sorriso, olhares. Tudo isso faz parte da vida de quem vive apaixonado. Se não parar e perceber o quanto a vida é cheia de magia quando estamos amando não serve para mim. É um problema ser assim, porque o mundo tá precisando de mais demonstração e eu tenho tanto. Mas não distribuo para o mundo esse romantismo que nasceu comigo. Vou ali e aqui procurando alguém que também seja assim. Alguém que diga alto o quanto é bom ter a minha companhia. Porque se eu der minha cara para bater quero apanhar junto, grudado e sorrindo. Lembro dos meus dias apaixonada e percebo o quanto é bom ser um casal romântico. Não era melação chata, era cuidado, era aprendizado. Nunca gostei dessa história de alianças e outros bens materiais. Meu romantismo se baseia em filmes e eles são mais atitudes do que qualquer matéria que represente o amor. Para mim o amor está na exposição, no grito alto e sem vergonha de quem ama. E se não for assim, não serve para mim. Posso me culpar por todos os amores que não tiveram tempo de continuar na minha vida, mas eles não eram tudo isso que eu procuro. Já me escondi muito, já deixei meu romantismo de lado para ver se conseguia despertar o interesse do outro, mas não dá. Eu sou romântica e se não for assim já não me serve. Porque ninguém me compra com alianças, ursos, rosas, chocolates. Para me ganhar basta não ter medo da exposição que o amor traz para mim. Se eu amo é amor e ponto final, com todos os sorrisos e carinho que merecemos.

- Jana Escremin

Despedidas

Desistir nem sempre é uma falha. Muitas vezes é só um estado de espírito de quem cansou da luta solitária e sem vitórias. Desistir pode parecer coisa de gente fraca, mas é preciso ter muita coragem para abrir mão daquilo que se quer. Seguir em frente é difícil com tantos sonhos e planos. Uma vez criei uma história na cabeça que eu jurava que ia dar certo. Mas com o tempo percebi como somos frágeis e como dependemos do desejo do outro para alcançar o tal sonho amoroso. Sobre amor, não adianta, a verdade é uma só: Ou os dois gostam ou um dos dois sofrem. E sofrer é forte, dolorido e mesmo que não exista nenhuma marca externa, o nosso peito explode de dor, rasga no meio. Eu já desisti de muita coisa nessa vida, e sei as consequências das minhas atitudes. Vivo de histórias que não tiveram um ponto final. Não me acho fraca e também não acho que falhei. O que acontece é que eu desisto de tudo o que não fortalece com o tempo. Deixo de lado quem não se importa, quem se ausenta e principalmente quem faz questão de ser importante. Importância acontece! Desisti de todos os meus namorados. Desisti de amigas problemáticas. Desisti de ter uma vida cômoda. Desisti de explicar o que vou fazer. Desisti de insistir em sinais que não somam. Desisti de morar em uma cidade estragada. Desisti de entender quem não se entende. E um dia desses, sentada no meu quarto pensei no tamanho da atenção que dou para algumas pessoas e questionei: "Será que eles merecem essa atenção?". A pergunta ficou no ar, e eu fui riscando da minha lista quem precisava da minha desistência. Porque ela, acima de tudo, é uma desistência feliz. Tiro o que não preciso, o que não cresce, o que não alimenta. Sempre desisto das coisas que não progridem e por isso não vejo problemas em sair como se não estivesse sofrendo ou perdendo. Aprendi a ser um pouco dura com minhas desistências e também tenho palavras que explicam-se sozinhas. Assim ninguém sente falta de nada, e as lembranças ficam caladas para entender que desistência não tem nada a ver com fraqueza, é algo parecido com aquela limpeza de quartinho que fazemos uma vez ou outra.

- Jana Escremin

Sorte e azar

Sorte sua me entender. Azar meu não te entender. Sorte sua ser tão livre. Azar meu ser tão orgulhosa. Sorte sua por não conseguir ficar sozinho. Azar meu não conseguir focar em outras pessoas. Sorte sua se afastar das minhas loucuras. Azar meu ser uma louca. Sorte sua proteger seu coração. Azar meu querer soltar o coração. Sorte sua por não sentir saudade. Azar meu por não conseguir parar de pensar. Sorte sua não se esforçar para me ganhar. Azar meu que não faço por merecer. Sorte sua sorrir se tudo der errado. Azar meu de recolher cacos. Sorte sua de ser você. Azar meu de ser eu.

- Jana Escremin

Passou o tempo

E quando a gente percebe que perdeu a hora? Que o sentimento já foi? Que não adianta tentar conquistar o que já não é mais conquistável? O que acontece quando percebemos a falta que o outro faz, mas ele sequer nota nossa ausência? O que fazer quando não existem atitudes a serem tomadas? Eu já não sei mais o que dizer. Não sei responder as perguntas e busco respostas o tempo todo para esse sentimento de culpa por não estar interessada antes, quando ainda era recíproco. Estou sempre fora do tempo, e agora me bate arrependimento daqueles dias em que haviam planos e sentimentos por parte dos dois. Sou obrigada a conviver com esse silêncio e o medo de perder o que nunca foi meu. Com tantas coisas para vencer eu só queria uma certeza para me sentir vitoriosa. Um simples sim ou não, algo que guiassem os meus pés. Mas fico aqui pensando o que sou para você, e de acordo com o que venho vivenciado não acredito ser tão grande como fui um dia. Me disseram para deixar rolar e as coisas acontecem por si só. Eu quero deixar acontecer, mas se deixar acontecer dessa maneira só imagino você se afastando. Um momento de clareza e eu seria feliz, seja qual fossem as respostas.

- Jana Escremin

Disco Riscado

Eu acho engraçado como você sempre será esse disco riscado que todo mundo escuta, adora e depois se decepciona. Sua capacidade de se deixar à mercê do destino me incomodou durante anos e agora dou risada dela. Por muito tempo pensei que tinha perdido você, que tinha te abandonado, que abri mão do que um dia foi tão importante na minha vida. Mas na verdade é você quem deixa todo mundo. Um coração tão bom, uma cabeça tão vazia. Seus extremos distanciaram todos que realmente queriam seu bem. Sua descoberta nunca foi a descoberta do outro. Previsível e decepcionante, é isso que você é. Falar de você sempre foi um problema mas agora é como uma solução. Me livrei, cresci, sofri e amadureci sentimentos tão infantis que poderiam me causar danos para a vida inteira. Todas aquelas explicações de como é a vida e de como você deveria enfrentá-la talvez pudessem ter resultados positivos se você não fosse tão cabeça dura. A beleza é um troféu, a riqueza é uma sorte que poucos têm, mas amar faz dessas qualidades algo tão pequeno e mesquinho. Não confunda sentimentos com poder, porque sua vida sempre será essa história velha. Dois amores, muitas histórias e um ponto final decepcionante sempre. Torci por você, torci por cada pessoa que procurou te conhecer como eu conheci. Mas você nunca surpreende! Quanto será preciso apanhar para encontrar o real sentido da palavra amar? Fico feliz de ter aprendido com você todas os benefícios e sofrimentos desse sentimento, mas fico decepcionada por saber que você irá sempre repetir os mesmos erros e continuar deixando seu ego falar mais alto. Uma tristeza para você, porque dessa vez eu desejei que você fosse feliz, pois de alguma forma você me fez e mesmo que hoje não perturba, não apareça e tenha me transformado nessa mulher, sei que você merece ser feliz. Mas parece tão difícil achar o caminho com essa cara linda e esse jeito marrento. Uma pena para você que vai viver perdendo pessoas importantes pelo caminho.

- Jana Escremin

Fora dos limites

Do modo como você fala parece que eu ultrapassei os limites. Do modo como você desaparece parece que assinou algum contrato com a vida de que não existe eu e você. Se tudo é tão natural, porque me sinto robotizada por cada gesto que vai ao seu encontro. Tenho que balancear palavras, jeitos e carinhos. E qualquer oscilação maior do que o seu coração pode aguentar tenho o meu fim decretado. Ontem eu estava no lugar certo, na hora certa pela primeira vez e consegui ouvir canções sobre nós que talvez você nunca vai entender. Romantismo nunca foi o seu forte, e para mim é o que mantém a vida mais feliz. Eu não quero ter que limitar minhas palavras, não sou um robô. Enquanto você já foi, eu fiquei. Atrasei para perceber que já não batemos na mesma frequência. Mas tudo pode mudar, basta que o relógio volte a bater naturalmente. Eu odeio ter que cuidar das palavras e gestos. Nunca sei o que dizer e você reduz minhas alternativas para o "nada". Às vezes eu espero, digo que dessa vez será diferente. Mas nunca é. Tão fácil ser esquecida, tão dolorido querer ser lembrada. Você não faz ideia de quantas histórias já ensaiei para me surpreender, mas nunca acontecem. O caminho é em frente, sempre foi, eu sei. Amar é quando não dá para mais disfarçar, e eu não sei mais disfarçar. Da maneira como você me trata eu só posso arrumar as malas e dizer tchau para o que nunca existiu. A única vantagem disso tudo é que com despedidas eu sempre acertei. Elas nunca deixam de acontecer, assim como essa.

- Jana Escremin

Dores e partidas

Dói ver a pessoa com quem você fez planos ir embora. Dói abrir mão de um sentimento que está em você. Dói não saber o que dizer, mas saber que precisa se despedir. A vida é um despregar de pessoas e histórias que talvez não estamos prontas para deixar para trás, porém em um futuro próximo, ou nem tão próximo, percebemos como foi necessário tomar essas atitudes. Passei a vida me despedindo de pessoas, e acabei endurecendo. De criatura fofa e amável, passei a ser a a fofa durona, fofa sem continuidade e por aí vai. Essa semana algumas palavras saltaram da minha boca quando me perguntaram sobre o "dia seguinte". Sabem aquele tal dia importante, que toda garota espera para saber se valeu a pena ou não ter conhecido alguém? Pois é, eu não quis saber do dia seguinte. Me assustei e não havia esperança nesse dia. Não havia raiva ou sentimento de culpa de ambas as partes. O que foi feito estava no passado e dar continuidade não parecia o correto. Antigamente tudo isso iria doer no fundo do meu peito, assim como doeu ver meus planos despedaçados, ou abrir mão de um sentimento vivo e se despedir sem saber como. Não conviver com a dor é uma nova vida para mim. Parei de esperar pelas pessoas, deixei que o tempo e minhas vontades comandassem esse caminho de amor, ilusão e felicidade. Porque no fundo eu vivo a fase mais feliz da minha vida, e não quero estragá-la com qualquer romance barato! Não ando reclamando, não me sinto feia e não sei dizer o que está ruim. Está tudo na mais perfeita ordem. E tudo isso me assustou, porque antigamente eu estaria revivendo os detalhes, procurando onde errei. Há algum tempo atrás eu deitaria com o celular na mão e o coração na boca para saber sobre a importância que tive no "dia seguinte". Mas ele não existe mais para mim, não existe a esperança, não existe o sentimento de querer dar continuidade a alguma coisa ou alguém. Eu continuo vivendo pelo amor, mas morrer por ele nunca mais. Isso talvez seja aprender a amar, ou melhor, me amar. Em um futuro distante quem sabe descobrirei onde essa dureza está me levando e poderei escrever sobre como essa fase foi importante na minha vida.

- Jana Escremin

Amor de escola

Tenho uma teoria sobre os garotos do colegial. Não é concreta, mas faz sentido para mim. Se você perceber eles são uma mistura do que você quer com o que você sonha. Eles conhecem a malícia do mundo, mas mesmo assim eles nos amam quando estão dispostos a amar. Existem 3 garotos do meu colegial que sempre vou lembrar, pois tive grandes romances com eles. Acredito ter vivenciado a pureza desse sentimento. Não precisava me preocupar com o Facebook ou as amiguinhas desconhecidas porque havia certeza na relação, de ambas as partes. Então vamos lá, o fato é: Não se fazem garotos como os do colegial. Algum dispositivo alerta que após a escola tudo muda, e nós também. Acabando com a inocência, fidelidade e respeito. Como alguém tão perfeito transforma-se em um babaca de primeira linha? Alguma coisa acontece, e ninguém mais sabe como ser de alguém. Criam-se medos, culpas e tudo o que desejamos vai por água a baixo. Na época me sentia amada, querida, desejada e acima de tudo respeitada. Agora eu olho as pessoas não querendo nada com nada. Sem envolvimento, descartando pessoas e amores como se fosse roupa velha. Eu não sou velha e nem pretendo me tornar uma dessas peças descartáveis. Tem algo concreto e vivo dentro do meu peito e mesmo que os garotos do colegial estejam em extinção vou me apegar aos meus princípios. Se não for para ser aquele amor sem pudor, então que fiquem todos quietos e com seus medos absurdos porque eu vou viver e procurar quem retribua a minha teoria sobre os garotos do colegial. Não estou desesperada para encontrar e por isso não aceito amor pela metade.

- Jana Escremin

Fatos

Sou uma eterna idiota. Mesmo quando não acontece nada na minha vida, eu faço questão de criar um grande gesto e transformá-lo em amor. Babaquice, eu sei. Mas nasci assim. Se soubesse escrever sobre outra coisa eu faria, mas acontece que o amor move, enlouquece e virou clichê contar os meus micos em função do amor. Sou traída pela tecnologia que vive testando minha capacidade de enviar mensagens que deveriam ser guardadas em um cofre a sete chaves. Para não entrar em desespero com a vergonha que invade meu peito, eu dou risada. Tenho a capacidade de criar meu próprio bullying e ainda sorrir com isso. Sabe aquela cena de filme que você pensa: "Não faz isso, é idiotice". Pois então, eu sou o personagem que faz. Aquele que inventa palavras, não lembra o que fez, fica louca e descobre que se declarou. Sou o tipo de pessoa que deveria ser presa em casa por não saber conviver com o amor. As vezes é só deitar e deixar para lá, mas não comigo. Eu faço questão de criar uma cena de filme que nunca dá certo e no final convivo com a minha vergonha. Vergonha de me mostrar tanto para quem não está pronto para o sentimento. Na verdade só faço isso porque para mim só é amor se existe loucura. E digamos que eu sou uma louca porque não controlo meus atos e assisto a muitos filmes. Sou uma eterna idiota, mas já criei um banco de dados sem fim sobre gestos que não dão certo. Um dia compartilho dessa comédia e vergonha com quem esteja disposto a fazer loucuras de amor comigo.

- Jana Escremin

Na pressa de amar nos perdemos

No desespero a gente só encontra lixo! Vejo pessoas se matando por 1% de amor, enquanto eu só arrisco se for 100%. Não dá para sair procurando o amor em cada esquina e achar que será a melhor coisa da sua vida. Às vezes acontece de dar certo, mas não é sempre. É desse desespero que nascem corações cansados, e eu cansei de vê-los sendo destruídos pela expectativa alheia. Para uma pessoa ansiosa, até que sou muito paciente. Acredito que o amor vem quando ambos querem dar 100% de atenção, mas tudo demora. Não sei trocar pessoas, sentimentos ou histórias, e quando me apaixono é para valer. Quando não dá certo eu decido seguir em frente, mastigando aos poucos o amor que ninguém quis receber. Não vou sofrer se o cara que quis não estava pronto para o que tenho. O mundo é tão grande afinal! Por isso não espere 1% de amor se você pode ter muito mais. Porque é esse 1% que mata e revolta. Não sou muito de me entregar, aí vejo as pessoas se despedaçando em amores fracos, amores desesperados e descubro um mundo cheio de gente com medos e inseguranças, achando que entregar pouco amor é preservar o coração, mas preservar o coração é saber para quem você o entrega. Desespero é coisa de quem não sabe o que quer. Eu já fui uma desesperada! Vivo ansiosa, mas parei de transformar isso em loucura. Já fiz várias vezes, já meti os pés pelas mãos, mas aprendi a esperar as coisas acontecerem. Espero falando, cantando, dançando, bebendo, me divertindo. Estou aberta para receber o amor, mas ele tem que ser 100%, do contrário fujo e esqueço quem tem pouco para dar. Se o amor é tão bonito, então é melhor que todo mundo saiba usá-lo. Ninguém precisa ficar com uma placa "QUERO AMOR, POR FAVOR!". As placas devem ser escritas com o tempo, com carinho e dedicação. Tem muita gente dando o que ninguém quer receber, mas no desespero de ter alguém para amar acabam aceitando mais dor do que amor. Não é a toa que abri mão de todos os amores que começaram a me dar poucas chances de felicidade. Sei que posso amar com carga total, mas nem por isso vou sair mendigando o amor de quem eu quero. No final ele encontra a gente, ele abraça a gente, ele sustenta a gente e você sente que chegou aquele momento em que o universo fez o que tinha que ser feito. Talvez ter aprendido da maneira difícil foi a forma mais rápida que encontrei de não aceitar qualquer tipo de amor. Para mim a carga tem que ser forte, tem que vir porque quer vir, tem que querer e fazer por merecer. A gente dá um amor que espera encontrar! Eu não espalho amor, eu planto amor. Não entrego ele para ninguém até que o mundo conspire para os 100% dos dois lados. É assim que procuro o amor: Vivendo e carregando a bateria, sem me desesperar com a solidão. Porque sozinho é quem acha que está na escuridão, mas não é o meu caso. Se a melhor fase da minha vida é essa não vou me desesperar por um amor de 1%. Quero mais e espero por mais, sempre.

- Jana Escremin