terça-feira, 13 de agosto de 2013

Palavra engasgada

Quando me calo é quando erro. Deixo de dizer tudo o que quero, passo minha vez em oportunidades únicas e não entendo porque insisto em silenciar. Qualquer pessoa normal falaria, sentiria, colocaria as cartas na mesa para saber com quem está lidando. Eu não consigo ser assim. Meu silêncio acontece e não sei ao certo qual o motivo. Não quero ser ignorada, não posso arriscar, não sei dizer as coisas no momento certo. Toda vez que quis falar sobre o que me tira o sono tive péssimos resultados e por isso opto pelo silêncio. Qualquer pessoa normal dirá que isso é loucura, que é preciso arriscar, falar, saber, descobrir. Mas existe um medo, um bloqueio sem fim do que poderia acontecer se as palavras saíssem. Eu erro sempre, vivo dizendo que não sei agir porque não sei falar e talvez escrever seja mais simples para mim, só que não basta mais. Tem tanta palavra engasgada nesse peito que sufocar seria mais fácil do que viver com tantos "por quês" e "se" que envolvem minha vida. Além de não ser tão simples, eu esbarro com pessoas que conseguem ser quase tão iguais ao meu jeito de ser. É um clichê chato e sem grandes resultados: Eu, alguém e o buraco com infinitas perguntas entre o que nós dois queremos. Todo mundo quer alguma coisa e eu sei disso porque guardo milhões de vontades e nenhuma palavra sai. Nenhum argumento sobre o que vejo, escuto e vivencio é pronunciado. Deixar de dizer as coisas trazem benefícios, mas a quantidade de dúvidas que preenchem os meus espaços não deixa sobrar nada além de grandes pontos de interrogação que acabaram perdendo a hora de desvendá-los. Eu perdi a hora de todas as minhas palavras, perdi a noção do que posso dizer, do limite entre eu e as outras pessoas. Para não errar no limite eu limito minhas dúvidas, engulo à seco vontades questionáveis e sigo vivendo porque viver de dúvidas já é agonizante, mas viver parada não traz destino nenhum para minha vida.

- Jana Escremin

Um comentário:

Arthur disse...

Estou sentindo esse peso bastante nesse ano, parace que é um peso que nunca percebi que estava carregando. E mais especificamente nesse exta momento, isso está acontecendo, e minha cabeça turbulenta não sabe se fala algo, se quebra os protocolos que talvez eu mesmo tenha estabelecido, ou se apenas silencia mais uma vez... Grandes respostas poderiam vir, grandes pedras poderiam rolar e descobrir um caminho novo e limpo... Mas em muito, meu coração ainda me acusa: "Covarde $...