Do modo como você fala parece que eu
ultrapassei os limites. Do modo como você desaparece parece que assinou
algum contrato com a vida de que não existe eu e você. Se tudo é tão
natural, porque me sinto robotizada por cada gesto que vai
ao seu encontro. Tenho que balancear palavras, jeitos e carinhos. E
qualquer oscilação maior do que o seu coração pode aguentar tenho o meu
fim decretado. Ontem eu estava no lugar certo, na hora certa pela
primeira vez e consegui ouvir canções sobre nós que talvez você nunca
vai entender. Romantismo nunca foi o seu forte, e para mim é o que
mantém a vida mais feliz. Eu não quero ter que limitar minhas palavras,
não sou um robô. Enquanto você já foi, eu fiquei. Atrasei para perceber
que já não batemos na mesma frequência. Mas tudo pode mudar, basta que o
relógio volte a bater naturalmente. Eu odeio ter que cuidar das
palavras e gestos. Nunca sei o que dizer e você reduz minhas
alternativas para o "nada". Às vezes eu espero, digo que dessa vez será
diferente. Mas nunca é. Tão fácil ser esquecida, tão dolorido querer ser
lembrada. Você não faz ideia de quantas histórias já ensaiei para me
surpreender, mas nunca acontecem. O caminho é em frente, sempre foi, eu
sei. Amar é quando não dá para mais disfarçar, e eu não sei mais
disfarçar. Da maneira como você me trata eu só posso arrumar as malas e
dizer tchau para o que nunca existiu. A única vantagem disso tudo é que
com despedidas eu sempre acertei. Elas nunca deixam de acontecer, assim
como essa.
- Jana Escremin
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