terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Você não me quer disponível


Você me quer quando todo mundo quer. Você me tem quando ninguém está por perto. Você me esconde e acha que é um desejo mútuo ficar entre quatro paredes. Você não me lê, não desvenda, não entende e não procura saber. Você que já me deu náuseas, indiferenças, carinhos e palavras bonitas. Você que não consegue ser alguém simples e objetivo. Você cerca os quatro lados do meu mundo quadrado e cheio de falhas. Você me deixa ser levada e esquece de ir junto. Você de repente percebe que sou o seu futuro, mas não seu presente. Você me mantém de lado, caso alguma coisa dê errado quando a idade chegar. Você não percebe, mas já fui embora. Você que sabe que irei voltar. Você tem certeza sobre mim. Você não colabora com meus dramas emocionais. Você ignora todo e qualquer sentimento que venha do lado de cá. Você que culpa a minha ignorância por não compreender a sua liberdade. Você que diz muito e fala pouco. Você que cala, se ausenta, destrói e me obriga a viver com a sujeira desses anos. Você que não sabe o que quer. Você não compreende a minha história. Você não lê os meus textos. Você jamais quis ser meu, mas se não sobrar ninguém, você volta. Você me recicla. Você causa todos os sentimentos que um ser humano pode sentir. Você foge do meu amor louco. Você busca um amor louco, mas não é o meu. Você que já não sabe do futuro, mas vive querendo que eu esteja presente. Você é indecifrável. Você cobra pedágio e o meu amor é pobre. Você não me quer disponível para você, mas deseja que eu fique para o mundo. Você, você, você. Quem é você? Aos meus olhos você é um garoto assustado. Aos meus sentimentos você é um homem que não me quer. Aos meus toques você é aquele que faz caridade. Aos meus textos, você é o leitor que não se importa. E para o mundo, quem é você? E para os outros, o que você é? Seja alguma coisa. Seja claro, simples. Você não se importa se é amor. Você quer que seja, mas só se for desse lado do amor.

- Jana Escremin

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Brisa leve

Ela sentiu uma brisa suave passando pelo seu caminho. Seu cheiro era novo e despertou felicidade. Deixou que a brisa conhecesse cada centímetro do seu ser e quando acabaram ela fez a sua moradia. Tal brisa será interpretada de mil maneiras diferentes e ela vai amar todas, mesmo quando os seus resultados forem negativos. Sabe que no fundo é brisa passageira e só precisa aproveitar os minutos que faz moradia nela.

Sendo uma fã de metáforas, ela quer que o mundo a entenda. Mas é difícil entender a moça que sorri, chora, grita e sorri novamente. Então ela faz da brisa poesia, e percebe que se o vento é bom, nenhum amor lhe causará mal. Sem culpas ou desculpas, descobre que a brisa não é suave. Chegou para bagunçar, determinar e limpar. Ela conjugou todos os verbos que vivia escrevendo errado porque nunca sabia se falava na primeira ou terceira pessoa.

É estranho chegar ao ápice da satisfação pessoal quando temos tanto para viver. É difícil quando falta uma parte de nós e mesmo assim conseguimos sorrir sinceramente. Todo mundo anda perdendo pedaços por aí e ela ama saber que não está sozinha. Foram as músicas, os filmes, os olhares, as conversas, os amigos. Tudo mudou e agora ela não sabe parar de fazer festa.

A tal brisa caminha ao lado dela, assopra e deixa tudo mais claro. Um mundo de perspectivas abriu-se. Um mundo de novidades surgiu. Um mundo dela para ela, sem egoísmo. Um mundo aberto e com um vento bom de sentir. As pessoas não entendem como ela pode ter mudado sua forma de ver o mundo tão rapidamente, mas ela também não.

Ela só entende que o tempo mudou e agora tudo o que foi robotizado pelo sentimento, era tão natural quanto a brisa que persegue os seus dias felizes.

- Jana Escremin

Serial killer

Um serial killer vive na minha sombra. Nunca acerta, mas sempre tenta. Incrível é a sua capacidade de broxar com a minha alma. Logo eu, que sou tão amor, acabo fugindo desse serial killer porque minha índole não permite tal traição. É uma espécie de imã que no início pensei ser uma fase e apenas imaginação, mas no final é sempre uma perseguição. Fujo pois não posso me entregar ao que repudio. Fujo pois fui criada em casa de família. Fujo porque não posso deixá-lo matar a pureza de ser correta quando o assunto é o amor. E ele corre atrás, cerca, diz palavras lindas e costuma ser bonito, simpático e simples. Mas eu digo sempre não. Morrer uma vez bastou para sofrer calada por dias e dias. Esse serial killer não assombra só a minha vida. Estão espalhados por aí em busca de uma mocinha para sufocar com a perfeição que são. Enquanto busco um amor verdadeiro ele quer fazer mentiras comigo. Quer inventar um outro relacionamento e a única vítima é o meu coração. Quantas vezes vou me sentir refém desse assassino? Quantas vezes sentirei a dor de quem não busca um amor mentiroso, mas é cercada por ele todas as vezes? Alguém deve ter colocado uma placa de "quando o tédio aparecer, estacione aqui". E não, eu não curo tédio! Não, eu não quero você, seus sorrisos ou suas palavras. Sua mão é tão doce mas sei do amargo que carregam por trás dessa perfeição. Ou melhor, você não é perfeito. Um serial killer sem data para chegar não vai levar o meu coração. Fujo de você e continuo achando que estou em uma fase. Não mereço ser morta por uns minutos de atenção.

- Jana Escremin

Reeducação

Nunca imaginei que seria reeducada pelo o amor. Fui corpo e alma fechada, mas aprendi a me amar e foi tão egoísta não dividir com mais ninguém. Com o tempo fui reeducando meu coração, o abri com cautela e quando começava a doer, eu respirava, fechava os olhos e com muita paciência cuidava de tudo para não sangrar. Quando a dor foi embora, limpei tudo o que tinha deixado para trás. Enfeitei com flores, músicas, frases e sorrisos. Não poderia abandonar mais uma vez esse sentimento solitário. Reaprendi a amar, o que não foi ruim. Estava em uma viagem sem volta para a felicidade. Aprendi a me doar um pouco mais, a sentir e permitir que o mundo rasgasse o fundo do meu peito, sem deixar que machucassem. Não encontrei amor na volta, mas saí entregando o meu. Uma mistura de timidez e loucura caminharam por mim. Fui reeducada para amar e agora me encontro em plena calmaria. Minha alma tem o cheiro do amor, o meu coração não cabe no peito e eu respeito o sentimento sem precisar fugir dele. Talvez seja apenas uma fase de paz e felicidade, talvez eu tenha aceitado amar e também a não ser amada. Talvez a paciência seja o segredo para todos os meus amores mal resolvidos. Talvez esse moço que fez moradia não seja tão ruim. Estou aprendendo a amar de um jeito adulto e sem pudores. Pareço uma criança descobrindo seu brinquedo. Com o tempo aprendi a maior lição do mundo: Amar sem pedir nada em troca, doa onde doer.

- Jana Escremin

Não era amor, era cilada

Me apaixonei pela carência e pela necessidade de escrever. Percebi isso quando a carência acabou e escrever tornou-se mais do que um desabafo. Meu amor era duvidoso e sem alternativas. Era você, você, você, você. Agora é você, mas tem aquele outro que se apaixonou pelo cheiro e pelo jeito engraçado que conto minhas histórias idiotas. Há muito tempo não sentia o olhar de quem admira e descobre alguém além de mim. Acho que faltava assoprar esse meu ego, que não estava sendo bem tratado. A carência confundiu tudo, mal consigo ficar brava! Não preciso pensar só em você, porque tem um milhão de vidas para ser vivida. Reservei os minutos antes de dormir para inventar histórias com você que nunca vão acontecer, mas durante o dia estou me divertindo com quem demorou, mas chegou. Quem diria que o meu amor era ainda aquele velho e eterno carinho, nada mais que isso. Faltava um personagem principal e você fez o seu papel. Redigi milhares de textos pela carência e angústia em querer ter o que não podia. Agora tudo está mais calmo. Apareceu um sorriso, uma vontade de ser de alguém e principalmente ser alguém para alguém. Tem uma pontinha no meu peito, cutucando e mostrando que não foi amor, foi loucura. Voltei para o meu posto, coloquei você no lugar que nunca deveria ter saído, e agora está tudo tão colorido. Eu, você, minha vida, meus amigos. Sou feita de detalhes, busco, vasculho e perco a noção do tempo capturando informações. Estou apaixonada por essas informações, e torcendo para a fase não passar tão cedo. A felicidade fez morada, o amor mostrou que não era amor e eu continuei sorrindo e deixando que o meu perfume, o meu sorriso e as minhas frases esquisitas fizessem sentido para quem quer fazer sentido. Chega de pirar com quem não pira na minha.

- Jana Escremin

20 e poucos anos

Estou na fase dos 20 e poucos anos. Dizem que ainda posso errar, mas sei das consequências. Ainda sou os meus erros tentando ser gente grande. Tenho todo o tempo do mundo, mas sinto como se fosse morrer amanhã. É muita pressa para pouca idade. É muito sonho para pouco tempo. Será que perdi a noção das horas? Quero muito e quero agora! Nunca soube perder a chance de estar presente. Desejo viajar, amar e ser amada em menos de um minuto. Mesmo sabendo da impossibilidade das coisas acontecerem na mesma fração de segundos, eu fico arquitetando tudo. São movimentos ininterruptos e os meus versos ficam maiores, assim como as minhas vontades. Não abasteço os meus sonhos com promessas, estou vivendo a crise dos 20 e poucos anos. Já ensaiei loucuras e por fim transformei tudo em texto. Meu tempo parece curto porque está tudo muito vago. São amores vagos, palavras vagas, abraços vagos, sentimentos vagos. Sou vaga. Estou na fase dos 20 e poucos anos e mesmo perdida ainda acho que a vida sente sede. E se eu não for essa água, quem será por mim? Tenho pouca idade, muitos sonhos e ainda assim acho tudo muito perdido. Posso errar, mas quero acertar. Os 20 e poucos anos decidem o que serão dos meus 20 e tantos anos, mas se eu errar agora posso ser um erro contínuo. E só quero matar a sede de todas as idades em uma só. Sei que preciso viver devagar, mas o meu medo é perder o tempo.


- Jana Escremin

A fotografia

Ontem resolvi arrumar as minhas coisas. Estava tudo uma bagunça. Minha mãe avisou que sou mocinha, moro sozinha e não poderia ter o quarto igual de uma adolescente. Então sentei e comecei a separar o que era lixo, mas aí muitas lembranças surgiram. Encontrei três livros que escrevi quando tinha apenas oito anos, passei uma hora lendo e dei muita risada sozinha no quarto. Quando estava terminando de limpar encontrei três fotografias. Fazia muito tempo que não olhava para aquele rosto sorrindo para mim. Foi inevitável não sorrir de volta. Era carnaval, um fotógrafo surgiu ao nosso lado e nem percebemos. Estávamos abraçados e sorrindo, olhando para a felicidade dos solteiros. Um casal sorrindo no carnaval, parecia impossível, mas nós estávamos envolvidos pelo amor. Um desconhecido que conheci tão bem e agora não machuca mais. Quantas histórias passaram pela a minha cabeça. Quantas perguntas surgiram no silêncio do meu quarto. Aquela fotografia representou o meu relacionamento mais feliz e apaixonado, porém foi o mais trágico que tive. Aquela fotografia mostrava uma garota que não conheço mais. Eram dois desconhecidos. Muitos jogariam a fotografia no lixo, mas eu a guardei. Não por causa do sentimento, mas por causa da história. Pensei por alguns minutos o que aconteceria se hoje nós nos encontrássemos. Qual seria a reação e sensação? Como poderíamos olhar nos olhos sem sentir nada? Eu sempre sentia alguma coisa! Sempre doía no fundo da alma a indiferença dele e agora não dói mais. Porque sou indiferente também. Todo carnaval nós nos encontramos, olhamos e não nos movemos. Todo carnaval a nossa música toca e pela primeira vez vou sorrir ao ouvi-la, assim como sorri ao ver seu rosto na fotografia. Vou sorrir porque não amo, não sofro, não desejo. O homem mais lindo que passou pela minha vida e transformou ela em uma montanha russa agora vive em fotografias. Deixarei que mais um carnaval passe sem que palavras sejam trocadas. Passaremos ao lado um do outro e vou me lembrar da fotografia, das histórias e da sensação ao te ver. Mas quando a sua beleza escapar da minha visão eu estarei intacta pela primeira vez, sem sofrer por termos sido tão conhecidos.

- Jana Escremin

Perdendo pessoas

Perdi muita gente. Gente boa e gente nem tão decente. Perdi os engraçados e os chatos. Pessoas tão humanas a ponto de marcarem minha vida com a fragilidade dos seus corações. Muita gente chegou e partiu, partiu meu coração e chegou onde ninguém havia pisado aqui dentro. Me senti perdida também. Fiquei querendo que todo mundo ficasse e não sobrou espaço ou atenção suficiente. Fui perdendo as pessoas, algumas para o mundo, outras para a saudade e até mesmo para a morte. Essas são as piores. Sou péssima com despedidas, péssima com disfarces. Sou péssima com quem não quer ficar. Perdi pessoas porque acredito no que dizem sobre "cuidar do jardim, que as borboletas chegam". Perdi amigos que sabem os segredos de Estado sobre mim. Perdi amores e isso nunca foi segredo algum. Meu caminho é com ganhos e perdas. Meus sentimentos se alegram com a chegada de uns e choram por dias pela partida de outros. Perdi muita gente nessa vida e minhas dores deram resultados inimagináveis. Já fui fraca, fria, grossa e qualquer outro adjetivo que odeio no ser humano. Não sei lidar com despedidas. Qual é a razão para alguém entrar na sua vida se pode ir embora? Me perdi na vida das pessoas, sem olhar para trás, sem querer voltar. Mas eu sempre volto. Odeio deixar qualquer pessoa para trás. Um dia me contaram que o tempo muda o mundo e as pessoas, consequentemente. Porém me recuso a aceitar esse ciclo vicioso do ser humano. Então a partir de hoje não quero mais perder, porque perder dói e não é justo. Digo e repito para quem quiser ouvir. Se está aqui não precisa ir. Some, vai dar uma voltinha,, volta, abraça, surpreende, mas fica. Não precisa ir para nunca mais voltar. O mundo é redondo, faça suas voltas e não vai embora de uma vez. Esse vai e vem não pretende magoar, mas fere perder quem está acostumado a ficar. Fique, fique, fique e eu juro não implorar por mais nada. Até porque implorar nunca foi o meu forte. Eu cuido das coisas e de mim, mas para poder dar tudo de bom que tenho, e é assim que eu pretendo que todos fiquem. Perdi muita gente nessa vida e cansei de dizer que perdi, mesmo que todas ensinem algo. Não quero apenas professores, quero amigos de longe ou perto. Quero todos, sem perder ou questionar os motivos para esse vai e vem que todo mundo se acostumou, menos eu.

- Jana Escremin

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Prefiro você me iludindo do que me excluindo





Não faz essa cara de quem não sabe o que está acontecendo. Não finge que está tudo lindo, quando na verdade meus dedos coçam de vontade de contar sobre o tombo que levei na última sexta-feira. Você baniu todas as minhas oportunidades. Trancou as minhas histórias e agora só posso contá-las para quem realmente se importa. Poxa, já que é para fingir alguma coisa, finja interesse. Prefiro você me iludindo do que me excluindo. Dói toda noite quando os meus dias foram tão legais, quando um filme ou um livro fez todo o sentido, mas não posso compartilhá-lo com você. Para de filtrar a gente. Chega de ensaiar quem vai e quem fica. A gente nunca foi do tipo de casal com orgulhos e frescuras. A gente nunca foi um casal, entende? Não faz a linha desentendido. Senta aqui e entende tudo isso que a gente está passando. Para de fingir. Se somos tão felizes, tão completos, porque acabou aquela vontade de dividir o sentimento? Olha como tem coisa boa à nossa volta e me explica em que momento paramos de compartilhar tudo isso? Depois de todo esse tempo só queria entender porque o abandono veio agora que resolvi ser legal, romântica e ciumenta. Meu ciúmes parece louco, mas é só um jeito de demonstrar que gosto, e com o tempo você verá que ele é mais engraçado do que chato. Você misturou tanta coisa. Cadê você para eu dizer que nunca te prenderia, sufocaria ou mataria? Agora já foi, você foi, nossa vontade e saudade foi. Chega de tanto teatro e falas ensaiadas, sou destrambelhada e quero continuar sendo com você. Tantos meninos me viram como alguém que não sou, e desta vez eu quis ser crua para você. Talvez você não fugisse, mas não foi assim que aconteceu. Para de fugir, senta aqui e vamos conversar sobre nós. Não precisamos decidir nada, só senta, abraça, abre uma cerveja e me pergunta sobre a vida. Uma vez ou outra faz cara de apaixonado e promete que pensa em mim. Não faz a linha do príncipe "para sempre", mas faz a linha do cara que sempre esteve presente quando eu menos esperei. Esse é o você que mais sinto saudades.

- Jana Escremin

2014

Começou com um plano bem distante. A contagem dos dias passavam de mil. O batimento cardíaco ainda era o mesmo. Existia um plano a seguir, uma luta para travar. O sonho estava sonhado, bastava vivê-lo. Passaram-se os dias, horas, lugares, pessoas, sorrisos, lágrimas, viagens e ela ia riscando mais um dia do seu calendário. Agora faltava muito pouco para chegar até lá. Correu, se apaixonou, se ferrou. Buscou, perdeu, ganhou, lutou. O tempo só passava quando a cabeça estava trabalhando. O plano estava grudado na agenda, no celular, na geladeira, no espelho. Os quatro cantos da casa gritavam que em um futuro próximo muita coisa iria mudar, e ela também.

Seus passos iam em direção ao sonho, mas ela estava vivendo tão intensamente que se perdeu no meio de outros objetivos que embaçaram o alvo principal. Caiu, levantou, caiu de novo, levantou de novo. Ela foi atrás, não queria saber os motivos, ela só sabia que o seu caminho não seria traçado apenas por traçar. Passaram-se dias, horas, segundos. Seu mundo girou por mais três vezes e pacientemente ela viveu cada dia para poder contá-los quando chegasse a sua hora. Reuniu histórias, registrou momentos, causou impacto na sua vida pacata. Agora o peso das malas estava muito maior. Ela criou uma bagagem daquelas que fazem sorrir e chorar.

Ela tem uma pilha de coisas para arrumar. Faltam poucos dias no seu calendário. Na verdade ela não sabe qual dia ele realmente vai se concretizar, mas está riscando e vivendo cada dia como se fosse o último, porque ela sabe que será o fim de alguma coisa. Odeia despedidas, mas ama o cheiro do novo. Tudo inédito e pronto para ser vivenciado, esse é o plano! Algumas histórias já foram ensaiadas para divertir os novos integrantes. Ela buscou viver o sonho antes de conquistá-lo e agora chegou a hora de conquistar.

- Jana Escremin

Tic tac do ano novo

Quando o relógio acusou a meia noite eu estava longe do celular. Deixei de lado a tecnologia e as lembranças online. Queria carne, osso, olho no olho, abraços, toques e beijos. Esqueci por longas horas de consultar quem tinha lembrado de mim. Passei os primeiros vinte minutos lembrando de pessoas importantes. Os fogos no céu me fizeram lembrar de alguém que há muito tempo foi embora. As lágrimas desceram e a minha felicidade era pelo ano maravilhoso que eu tive. Tive apenas um momento de tristeza e foi porque não consegui esquecer quem olhava por mim lá de cima. Chorei de saudade. Pensei nos meus erros e arrependimentos e desta vez prometi seguir o coração. Perdoei tudo e todos. Fosse quem fosse, eu não era digna de ter raiva. Havia passado o ano mais sincero da minha vida. Esses vinte minutos de alívio levaram todas as lágrimas que não soltei nos últimos 365 dias. Olhei o céu e só tinha a agradecer. A minha meia noite foi inesquecível. Não tive raiva, mágoa, decepção ou arrependimentos. Tudo o que passei foi provado, vivido e acima de tudo realizado. Fui do 8 a 80, fui paciente, e antes o que era defeito se tornou qualidade. Voltar para casa trazia toda uma esperança que por fim não chegou, não realizou, mas tive outras surpresas. Alguém do mundo dos loucos tomou uma atitude inesperada. Um pedido vindo de outro Estado deixou as primeiras horas do ano diferente. Percebi nesse momento uma mudança nos ventos. A loucura não era só minha. Sorri e deixei que o mundo respondesse por mim... Agora vejo que o tempo responde, e mesmo que não seja do jeito que desejei, são as respostas certas. Meu relógio não combina comigo, mas ele faz as loucuras que preciso para ser cada vez mais feliz.

- Jana Escremin

Não sou mais quem digo ser

E se eu não for a mocinha da história? E se eu for a chata, sem noção e totalmente descontrolada? E se eu for tudo o que não quero ser? Terei forças para aceitar todos os adjetivos que julgo de forma errada? E se os meus planos não forem mais meus? E se eu parasse de perguntar tantas coisas e começasse a falar mais? E se por um momento eu for só uma garota que não descobriu o fim da história? E se eu não for a moça cheia de mistérios que gostaria de ser? E se eu não souber qual caminho tomar e me dividir em tantas para encontrar o certo? E se por algum momento eu tivesse a noção do que deve ser feito e a hora certa? Sabe, eu nunca acertei com as horas. E se neste ano o meu subconsciente comece a pregar peças e a moça tímida e controlada sumisse quando menos espero? E se eu parasse de fazer tantas perguntas? E se por um momento os "se" sumissem? Não tenho vocação para vilã, não tenho vocação para Madre Teresa. Gosto de classificar pessoas e tenho uma lista extensa sobre cada uma delas. Mas engana-se quem acha que é uma lista maldosa. Lá eu deixo os seus defeitos, qualidades, momentos e marcas. Observo com o meu olhar crítico e teimoso o motivo para ser quem são. Observo o sorriso quando chega forçado, as palavras quando estão perdidas e os momentos que nunca voltarão. Estou aprendendo a ser mais mulher e menos menina. Isso me dá medo, porque sempre gostei do meu jeito menina de ser. Parece a última esperança de uma vida pautada em impulsos e seguranças nem sempre tão seguras. Queria me classificar em algum lugar. Quero enfiar o meu jeito na lista que carrego e descobrir quem sou, quero me observar. Porém, agora pareço uma desconhecida. Uma desconhecida que estou gostando, que estou dando gargalhada, porque eu pensava ser uma destrambelhada, mas essa nova moça que não se classifica em tipos promete fortes emoções, e eu só queria um momento de auto conhecimento para não assustar todas as vezes em que meu julgamento gritar com saudade da menina que aprendi a ser. Estou vivendo uma mistura, e mesmo não assumindo comecei a gostar disso. Se eu puder ser quem sou e ganhar com essa desconhecida, então aceito todos os "se" e deixarei minha história se desenrolar por conta própria.

- Jana Escremin

Pronta para ser e fazer feliz

Decidi ser feliz, e não basta ter um ombro amigo, um beijo quente, um sorriso no rosto. Decidi fazer alguém feliz! Nunca fui de sentir pouco, sempre tive os sentimentos à flor da pele, mas com o tempo ela se tornou cascuda, dura e sem sal nem açúcar. Com o tempo vi pessoas desabrochando, vi o tempo ser paciente com o meu jeito de sentir. Sempre busquei ser independente, ser capaz de tudo o que duvidam. As minhas músicas preferidas eram aquelas que falavam que o amor era algo a se buscar, uma pureza que senti e que nunca mais tive coragem de desperdiçar. Por fora uma menina forte, determinada e extremamente paciente. Por dentro milhares de folhas recortadas e inventadas, difícil de entender, porque me entender sempre foi um caos e busquei conhecer pessoas diferentes de mim, pessoas melhores e piores que eu. Quis aprender a ser mais humana e tirar de uma vez por todas a casca dura que havia se formado sobre a minha pele. Conheci pessoas que sentiam mais ou menos do que eu, que amavam mais ou menos do que eu, que se revoltavam mais ou menos do que eu, que meditavam, que iluminavam, que escureciam. Eu era feliz, mas não bastou apenas me conhecer pela experiência do outro. Levei alguns dos meus defeitos muito a sério e julguei sem medo do que poderiam pensar. Tive tudo o que busquei: Amigos, família, felicidade, dinheiro, amor, cuidado. Foi mais do que esperei e neste momento decidi ser mais feliz do que já estava sendo. Aquelas grandes histórias mereciam um descanso. Me apeguei nas pequenas coisas. Miúdas, imperceptíveis, discretas e tão bonitas. Minha atenção é por quem quer receber. Estou acumulada de sentimento e não existe mais nenhuma camada que me impeça de deixá-los irem embora. Estou buscando não somente a minha felicidade, mas a felicidade do outro. Melhor do que ser feliz sozinho, é compartilhar alegrias. Parei de buscar só para mim, guardei todo e qualquer sentimento. Limpei as feridas e estou em busca de uma nova experiência: Fazer feliz. Por isso pega esse sentimento aqui, transmite ele, abraça ele, agora ele é seu. Há quem se assuste e ache uma idiotice, mas estou preocupada com quem busca a felicidade. Aqui está sobrando, então pega esse pouquinho e guarda para você, garanto que fará bem. Tenho coisas demais para me orgulhar, tenho peso demais para sorrir e chorar. Decidi ser feliz fazendo o outro feliz. Sem culpa, arrependimentos ou arrogância. Só quero ser simples. Tarefa que nunca consegui exercer porque comigo tudo é muito exagerado, tudo é intenso, tudo era guardado e agora não tenho mais espaço. Aproveita esse momento, ele é mais seu do que meu.

- Jana Escremin

O que gosto em mim

Sabe o que sempre gostei em mim? Da força, do sorriso, da alegria, do conforto, do orgulho, dos momentos loucos e insanos. Gosto de ser aquela que ninguém entende, mas também não se importam. Me cerco de pessoas melhores do que eu. O mundo vem com as suas pessoas grossas, com os seus amores mal resolvidos (e despreparados!), com as falsidades, com a falta de dinheiro, com a "compra da felicidade", e nós continuamos a sorrir. Não aceito pessoas que não sorriem dos próprios dilemas. Reparem que não falo problema, e sim DILEMA. Vivemos grandes dilemas que comparados aos problemas viram grandes piadas. Não vou dizer que não choro, não sofro, não crio ilusões que apertam o meu coração. Sou humana e bastante sentimental... Mas exijo de mim uma força para levar um sorriso mesmo quando cada dorzinha que aponta nesse peito começa a inflamar. Sou um poço de saudades e de momentos que nunca vivi, mas pretendo não me arrepender. Aprendi a meter os pés pelas mãos e em algum momento isso servirá para eu crescer. Não sou totalmente desligada quando o assunto são os sentimentos. Gosto de senti-los, guardá-los, guiá-los. Nunca fui do tipo que esquece rápido. Vivo o dilema de quem não sabe sentir pouco. Mas se é para viver sentindo tanto e não encontrando com quem dividir, então me resta sorrir e continuar. O que está lá atrás são aprendizados e tudo bem se a vida continua. Sou quem sou e não é a toa que as pessoas mudam. Mudei demais, e trago uma bagagem maior do que eu, mas que se sentar comigo para conversar verá o quanto me fez bem sorrir, mesmo quando o peito arde de vontades, saudades e até mesmo tristezas. Serei a triste mais feliz desse mundo, pois busco algo maior do que eu, e na pressa paciente (isso existe?!) vou levando meus pensamentos e vontades. Ando e reparo em quem ilumina, em quem fica, em quem vai, em quem traz. Alguma verdade eu aprendi nessa vida... Gostar de mim sendo esse dilema todo é uma das lições.

- Jana Escremin

Términos

Ontem me deparei com uma notícia sobre um casal global que se separou após cinco anos de casados. Achei triste, pois sempre gostei de ver os dois juntos e é engraçado como me envolvi com esse término. Não os conheço, não conheço a história, não sou fã de nenhum dos dois. Apenas senti que eles combinavam e terminar parecia triste. Acabei pensando em todos os meus términos e como reagi com cada separação. Foram poucos, foram breves, foram difíceis. Sou péssima com despedidas. Não aceito que pessoas vão embora sem data para voltar. Acabo sempre me perguntando porque poucas coisas duram uma eternidade. Vocês sabiam que uma parcela mínima da população é capaz de perpetuar os sentimentos? Então de que adianta cantar, amar e escrever para depois dizer um adeus obrigatório? Isso tudo dói e ao mesmo tempo faz sentido, eu sei. Mas se deu certo por alguns anos, porque de repente as coisas tomam outro rumo? O engraçado é que fui responsável pelo fim de todos os meus relacionamentos e os que quase acabaram comigo não tiveram a chance, pois sempre fugi antes de acontecer. Coloquei na minha cabeça que o final deve ser meu já que não aceito perder e não aceito engolir um tchau quando a vontade é de ficar. Imaginem ter que aceitar o não de outra pessoa e continuar a ser feliz? Possível, mas difícil. Prefiro dizer o meu não e fingir que a dor é menor. Admiro separações amigáveis, mas não acredito nelas. Será que sou a única possessiva do mundo que sofre por sentir a falta de alguém? Digo e repito: Quem troca de relacionamento como quem troca de roupa é sujeito para deixar em um canto escuro e esquecer. É a pior raça e a maior frieza. Existe o lance de seguir em frente, tocar a banda, amar novamente, mas e quem fica para trás? Dói né. Uma notícia sobre pessoas que nunca vi na minha vida me fizeram pensar sobre os finais felizes e infelizes que tive. Não sou criança, não sou adulta. Sou humana e sei que as coisas precisam girar, que nós precisamos aprender e perder sempre foi o modo mais difícil para crescer. Na minha vida foi o mais importante, assumo, mas doeu todas as vezes em que disse adeus querendo ficar. Só espero não ter que dizer tantos adeus sem pensar antes. Até mesmo os casais apaixonados podem descobrir que os seus caminhos não são os mesmos, e aceitar esse destino é complicado mas viável.

- Jana Escremin

Que eu possa

Que eu possa sorrir sempre que a tempestade cair. Que eu possa brincar com as minhas vergonhas. Que eu possa deduzir suas intenções. Que eu possa ter segundas, terceiras e quartas chances. Que eu possa enxergar o seu melhor. Que eu possa ouvir o que existe de pior em mim e resistir para mudar. Que eu possa conquistar quantas pessoas forem possíveis. Que eu possa chorar sem vergonha de parecer fraca. Que eu possa surpreender. Que eu possa ensaiar frases. Que eu possa colocá-las em prática. Que eu possa viver uma eterna comédia romântica. Que eu possa desafinar. Que eu possa escrever sem medo. Que eu possa respirar o mesmo ar que o seu. Que eu possa ser guia. Que eu possa ser guiado. Que eu possa conhecer gente tão imperfeita quanto eu sou. Que eu possa reinventar o sentimento. Que eu possa mudar sempre que tiver necessidade. Que eu possa julgar. Que eu possa estar errada. Que eu possa descrever o mundo em frases, fotos, vídeos. Que eu possa ser fútil, ser útil, ser humana. Que eu possa dormir e sonhar com você. Que eu possa amar. Que eu possa ter um coração e mostrá-lo. Que eu possa viver. Que eu possa abraçar. Que eu possa só fazer o que tenho vontade. Que eu possa ser interpretada da maneira correta. Que eu possa ser incorreta. Que eu possa curtir o que ninguém curte. Que eu possa entender e ser entendida. Que eu possa me permitir ser feliz. Que eu possa só viver de incertezas, surpresas, amores, amigos e sorrisos. Que eu possa pular. Que eu possa voar. Que eu possa conjugar verbos clichês e ainda ser boa no que faço. Que eu possa ser milhares em um corpo só. Que eu possa conhecer o outro lado do mundo. Que eu possa me perder, me encontrar, te achar. Que eu possa buscar sempre alguma coisa que não sei. Que eu possa almejar o impossível. Que eu possa ser só. Que eu possa ser muitas. Que eu possa sobreviver, aprender, crescer.

Me permita ser qualquer coisa, me permita poder, querer. Me permita você, eu, esse lugar. Me permita sonhar.



- Jana Escremin

Relaxar não é para mim




Não adianta, para relaxar o meu remédio é um Los Hermanos no último volume, deitar na minha cama e contar quantas vezes eu posso mudar um diálogo. Sim, sou dessas loucas que quando não tem o que pensar ficam inventando diálogos e trocam de frases para descobrir qual fica melhor para o momento. É neste momento que visto meu pijama e aproveito o que foi o dia. Eu relaxo pensando. Penso em mim, nos outros, no cara do ônibus que esqueceu de parar, na gentileza e grosseria do dia. Penso no que será que minha família está fazendo. Ligo o facetime, quero falar e ver alguém que está longe. Desligo e volto a pensar em tudo o que não foi programado. Será que vai chover amanhã? Será que algum amor vai surgir? Será que ele realmente vai embora? São tantos pensamentos que consigo vê-los misturando-se com a música. Coloquei as músicas no aleatório para que as surpresas sejam a última esperança do dia. Faço brincadeiras com o destino e digo "a próxima música vai me dizer o que fazer". Mas aí começa a tocar uma sobre alguém tão sentimental que não é capaz de ter alguém, e aí o meu coração recolhe em silêncio. Relaxar é como abrir a caixa de Pandora e ver o mundo explodir, só que ao invés de conter os males do mundo, contém os meus males. No final, eu sempre acabo dando risada porque não relaxei. Como pode uma moça sorrir do que nunca dará certo? Tento escrever alguma coisa sobre o coração que vem mantendo uma aceleração fora do normal, mas nada sai. Só sei falar de alegria e isso é um pouco irritante, confesso. Relaxar virou sinônimo de enlouquecer. Estou louquinha de tanto pensar, desejar, ganhar e ser feliz. Quem diria que felicidade poderia levar à insanidade? Exagero meu, eu sei. Ninguém aqui está insana ou sob o efeito de drogas. Minha única droga foi achar que estava amando. Babaquice sem fim. Enfim, deixa eu aumentar o som, inventar um diálogo e salvá-lo na minha memória, que de tão cheia já virou livro.

- Jana Escremin

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A busca pelo sonho

Começou com um plano bem distante. A contagem dos dias passavam de mil. O batimento cardíaco ainda era o mesmo. Existia um plano a seguir, uma luta para travar. O sonho estava sonhado, bastava vivê-lo. Passaram-se os dias, horas, lugares, pessoas, sorrisos, lágrimas, viagens e ela ia riscando mais um dia do seu calendário. Agora faltava muito pouco para chegar até lá. Correu, se apaixonou, se ferrou. Buscou, perdeu, ganhou, lutou. O tempo só passava quando a cabeça estava trabalhando. O plano estava grudado na agenda, no celular, na geladeira, no espelho. Os quatro cantos da casa gritavam que em um futuro próximo muita coisa iria mudar, e ela também.

Seus passos iam em direção ao sonho, mas ela estava vivendo tão intensamente que se perdeu no meio de outros objetivos que embaçaram o alvo principal. Caiu, levantou, caiu de novo, levantou de novo. Ela foi atrás, não queria saber os motivos, ela só sabia que o seu caminho não seria traçado apenas por traçar. Passaram-se dias, horas, segundos. Seu mundo girou por mais três vezes e pacientemente ela viveu cada dia para poder contá-los quando chegasse a sua hora. Reuniu histórias, registrou momentos, causou impacto na sua vida pacata. Agora o peso das malas estava muito maior. Ela criou uma bagagem daquelas que fazem sorrir e chorar.

Ela tem uma pilha de coisas para arrumar. Faltam poucos dias no seu calendário. Na verdade ela não sabe qual dia ele realmente vai se concretizar, mas está riscando e vivendo cada dia como se fosse o último, porque ela sabe que será o fim de alguma coisa. Odeia despedidas, mas ama o cheiro do novo. Tudo inédito e pronto para ser vivenciado, esse é o plano! Algumas histórias já foram ensaiadas para divertir os novos integrantes. Ela buscou viver o sonho antes de conquistá-lo e agora chegou a hora de conquistar.