quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Relaxar não é para mim




Não adianta, para relaxar o meu remédio é um Los Hermanos no último volume, deitar na minha cama e contar quantas vezes eu posso mudar um diálogo. Sim, sou dessas loucas que quando não tem o que pensar ficam inventando diálogos e trocam de frases para descobrir qual fica melhor para o momento. É neste momento que visto meu pijama e aproveito o que foi o dia. Eu relaxo pensando. Penso em mim, nos outros, no cara do ônibus que esqueceu de parar, na gentileza e grosseria do dia. Penso no que será que minha família está fazendo. Ligo o facetime, quero falar e ver alguém que está longe. Desligo e volto a pensar em tudo o que não foi programado. Será que vai chover amanhã? Será que algum amor vai surgir? Será que ele realmente vai embora? São tantos pensamentos que consigo vê-los misturando-se com a música. Coloquei as músicas no aleatório para que as surpresas sejam a última esperança do dia. Faço brincadeiras com o destino e digo "a próxima música vai me dizer o que fazer". Mas aí começa a tocar uma sobre alguém tão sentimental que não é capaz de ter alguém, e aí o meu coração recolhe em silêncio. Relaxar é como abrir a caixa de Pandora e ver o mundo explodir, só que ao invés de conter os males do mundo, contém os meus males. No final, eu sempre acabo dando risada porque não relaxei. Como pode uma moça sorrir do que nunca dará certo? Tento escrever alguma coisa sobre o coração que vem mantendo uma aceleração fora do normal, mas nada sai. Só sei falar de alegria e isso é um pouco irritante, confesso. Relaxar virou sinônimo de enlouquecer. Estou louquinha de tanto pensar, desejar, ganhar e ser feliz. Quem diria que felicidade poderia levar à insanidade? Exagero meu, eu sei. Ninguém aqui está insana ou sob o efeito de drogas. Minha única droga foi achar que estava amando. Babaquice sem fim. Enfim, deixa eu aumentar o som, inventar um diálogo e salvá-lo na minha memória, que de tão cheia já virou livro.

- Jana Escremin

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