quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sonhando a dois

Sabe, eu tenho sonhado com a gente. Sonhado que talvez pode dar certo, mas também tenho pensado que estou bem por aqui. Encontrei esse lugar onde ninguém machuca, ninguém interfere. Mas devo confessar: você me ganhou quando deixou que eu viajasse nas minhas ideias sem medo de parecer maluca. Para falar a verdade, até gosto quando você me chama de maluca.
É, o meu lugar seguro não está ameaçado, ele só continua ali e agora sei que posso voltar quando quiser. Você não parece ser do tipo que magoa e gosto disso também. Porque por mais nova que eu seja, tenho vivido alguns romances tristes. Amadureci demais com cada sentimento que brotou e também com aqueles que foram arrancados do meu peito. Mas agora me pergunto: será que você já decidiu se brota ou se arranca de dentro de mim? Enfim, que seja. Venho aceitando que a vida não é feita de laços e sim de química. E quanta química sinto quando estamos juntos. Você tem me ganhado sem me prender e pela primeira vez não preciso fingir que sou centrada ou algo grandioso que você mereça. Você merece ser feliz e eu também, acho que o caminho está certo então, né?
As vezes é isso que falta. Estar de bem com o que acontece vem trazendo oportunidades únicas como aquela vez que pedi para você me acompanhar e você foi sem pensar duas vezes. É, a gente sente falta de uma companhia e você tem trazido paz ao meu sentir. Também gosto disso.
Não, ainda não é amor. É carinho, respeito, vontade. Despertou em mim uma característica que a muito tempo havia esquecido. Sou capaz de estar em paz, sem paranoias ou medos. Sou capaz de falar o que penso, sem medo de ser julgada. Será que você também sente isso? Ok, eu sinto e parece bastar.
Pois é, eu tenho sonhado com a gente e talvez você não saiba, mas sonhar é um sinal de que as coisas vão bem por aqui, seja você quem for.
- Jana Escremin

Olhares que nos ganham


Quando pequena eu e minhas irmãs colocávamos o vestido de casamento da minha mãe e vivíamos o sonho de ser a princesa do castelo que esqueceram em alguma torre. Naquela época algo já estava escrito. Enquanto minhas irmãs queriam ser princesas, eu vestia o personagem de noiva. Sonhava com a igreja, um homem que me amasse, com as canções e com aquele olhar que só quem está em cima de um altar possui. Mas eu era pequena, não entendia o que era um casamento. Apenas entendia daquele momento, que querendo você ou não, é muito emocionante.
O tempo passou, cresci e nunca mais vi aquele vestido. Todos apostavam em mim como a primeira a casar, sonhar, ter filhos. Eu fui a grande aposta para chegar no final feliz (segundo a sociedade) de um homem e uma mulher. Mas não previ como a vida nos toma de uma forma inesperada e tudo muda. Vieram os primeiros relacionamentos. Quanto romance eu poderia carregar em um corpo tão pequeno? Não importava, eu carregava e ponto final. Só que não pensava mais em casamentos. Pensava em estar junto e isso parecia bastar. E como uma inocente criança brincando de bonecas, pensava que relacionamentos deveriam ser fáceis. Talvez por pensar assim já dava início as dificuldades.
Crescer implica numa série de coisas, entre elas aceitar e se adaptar para manter por perto quem desperta um sentimento bom. As vezes não é suficiente para algum dos lados e tudo bem. Aprendi que não tem problema, separações nos ensinam mais do que qualquer relacionamento perfeito e amadurecemos para os próximos. Simples assim.
Chegou um momento que acreditei de novo no casamento, mas parecia que a cada perda eu deixava um pouco daquele vestido para trás. Era como se viver ao lado de alguém me tirasse os planos impostos por filmes e músicas. Afinal a felicidade é incerta e eu só queria certezas, ainda mais se elas tivessem a ver com a minha felicidade.
O vestido não fazia mais sentido. A igreja não existia dentro de mim. Os homens estavam cada vez mais longe de altares ou de querer conquistar nosso "felizes para sempre". As canções eram mais sobre perdas, aprendizados, dores e agradecimentos por ter vivido tais histórias. Não deixei de acreditar no amor, na união ou nesse sonho que tinha quando criança, mas hoje tais vontades não habitam mais em mim.
Porém, ainda tem algo com que nunca consigo parar de sonhar. O olhar. Aquele que nos tira o chão, nos engole, nos faz sonhar com os cabelos brancos e apelidos carinhosos. O olhar ainda me prende ao vestido. Já o tive por alguns segundos e a felicidade que me trouxe ainda traz lágrimas aos olhos. Esse olhar é o que me faz continuar. É por ele que levanto todos os dias na esperança de que alguém nesse mundo louco entenda a sua importância. E não precisarei daquele vestido ou daquelas canções. Só quero um olhar sincero, pois não tem nada mais bonito do que aquele que expressa admiração.
Conforme crescemos os planos começam a ficar mais simples. Se antes você queria uma mansão, hoje uma casinha aconchegante já faz sentido. Se antes você queria ter o carro do ano, agora você quer ter um carro bom que possa te levar para qualquer lugar sem dores de cabeça. E com o amor é assim. Todas as exigências sobre aparências físicas e qualidades passam de mil para pequenos detalhes, como ter respeito, admiração, companheirismo e dedicação.
É... Quer deixar qualquer pessoa enlouquecida? Tenha esse olhar. É impossível fingir quando ele nos desperta. Olhando ou sendo olhada, é por esse momento que me mantenho forte e não vou perder meu objetivo mesmo vivendo em uma época tão superficial de olhares. Eu não tenho mais aquele vestido, aquele sonho, aquela vontade de colocar um véu e caminhar para o altar. O que eu ainda tenho é a esperança daquele olhar que machuca de tão bonito e que faz qualquer coração bater mais forte.
Talvez eu não mereça esse olhar, vai saber né? Mas ninguém me disse que não devo lutar por ele. Vou lembrar do vestido só para ter certeza que alguém o colocou pois alcançou o olhar tão cobiçado para corações como o meu. Esperança é algo lindo, e olhares sinceros são melhores ainda. Sorte de quem já o encontrou e força para quem ainda o busca. Essa é a vida.
Bonita né? Basta olhar.
- Jana Escremin

Das coisas que penso e que gostaria


Não consigo entender esse mundo que entrega e depois toma. Não entendo as pessoas que mostram quem são e fogem ao notarem que gostamos do que vimos. Não entra na minha cabeça as atitudes de quem não quer nada, mas quer tudo.
Gostaria de entendê-los.
Dormir seria mais fácil. Como alguém pode te machucar e depois agir como se não tivesse feito nada? Ontem eu li o trecho de uma entrevista e concordei friamente com a linha que separava os homens das suas intenções. Tem muita oferta sabe? Nós trocamos de pessoas como trocamos de roupa. E essa oferta é difícil para mim.
Gostaria que fosse fácil.
Levo um sentimento de quem sempre deixa algo para trás. Na obrigação de ser feliz já não permito que alguém faça o que quiser com a importância que dei. Mas não sei ser mal educada. Ignorar não é meu ponto forte.
Gostaria que fosse.
Talvez o que não entendo é esse mundo cheio de carências e urgências. Está difícil se entregar, confiar, respeitar e principalmente amar. Ontem achei que fosse brincadeira, mas vi que as pessoas preferem ocultar o óbvio para viver com as facilidades. É mais fácil bater no peito e dizer que não havia compromisso, fingir que não deu importância. Desta forma a culpa não pesa. Não posso me acostumar com essas atitudes. Engulo no seco todos os demônios que deveria enfrentar. Tenho preguiça do que não vem para acrescentar e por isso prefiro o silêncio.
Gostaria que valesse a pena falar.
Os dias não têm sido fáceis. O passado se mistura com o presente, e as marcas daquela história só deixam os novos compromissos mais pesados. Não quero carregar esse fardo, mas sinto que ele me carrega. Desculpa por não dizer muitas palavras, aprendi que o silêncio sempre foi a melhor resposta para quem não quer escutar.
Gostaria que quisessem.
Hoje levo a vida leve, mas com vários arranhões de quem quis gritar e não conseguiu. Abro mão das coisas que quero quando percebo que elas não me querem de volta. Não posso dar importância para algo que não tenho importância. É a lei da minha vida e talvez um dia me acerto ou explodo de uma vez.
Gostaria que isso um dia acontecesse.

A fase que nunca passa

Com os olhos marejados ela quer acreditar. Coloca na cabeça a frase "é só uma fase" e por um segundo seu coração fica tranquilo. Para ela, acreditar é difícil, mas está tentando. De um jeito leve e descontraído, amadureceu. O tempo, as pessoas, as alegrias e as tristezas transformaram essa garota. Posso ver daqui de longe o seu sorriso e ele tem mil maneiras. O meu preferido é o aberto, da risada louca e descontraída, mesmo quando ela insiste em manter aquele de quem tem que ser forte. Tudo bem, afinal, ela é.
Coisa bonita de olhar é quando essa moça fala que tudo vai ser diferente. Admiro essa atitude porque ela realmente faz ser diferente. As conversas que tem sozinha no carro são importantes. Quer ser grossa com quem a machucou, mas não consegue. Quer ignorar os fatos só para nenhum marmanjo zoar com a cara dela, mas segue como quem não devesse judiar de ninguém. Ela não consegue ser rancorosa, mas consegue deixar para lá, doa a quem doer.
Ah... e só dói nela, viu?
Essa fase é mais um capítulo do seu livro de romance, e ela continua a acreditar que o silêncio, o amor próprio e a perseverança são os ingredientes principais para ter paz no coração. Ela não é uma criança, mas também não aprendeu a ser mulherão. Ela é ela. Do jeitinho que encontrou nesse mundo. Se precisar, pede conselho até sobre como pedir pão na padaria, não por ser insegura, mas porque cansou de errar. Erros são normais, só que ela quer acertar desta vez. Acho que não tenho o que discutir sobre isso, admiro ela e os seus assuntos e desabafos.
Levanta, toma o seu banho, come alguma coisa, coloca a roupa em dois minutos. Essa moça não tem frescura para se arrumar. A única frescura que carrega é a cobrança com seus sentimentos. Ela foi capaz de colocar a mão no coração e tirar a mágoa, a dor, o amor. E hoje o seu peito bate mais forte, suas lágrimas ficam escondidas e os seus planos começam do zero, mais uma vez. Ela se garante quando o assunto é ser gente boa e vai ouvindo suas músicas sem pressa, pois aprendeu a deixar para trás.
A vida para ela é feita de fases e eu gosto quando ela pensa que essa vai passar, vai aprender e vai encontrar novas fases que farão mais sentido lá na frente. A garota não precisa mais de respostas. Ela se ama, se completa e mesmo que seu coração seja quebrado, ela ainda acredita que existem lições a serem aprendidas e vai em busca da sua nota dez na prova da vida.
- Jana Escremin

Me desculpe por ser burra


Sou uma burra, assumo. Desde que me conheço por gente não sou de ir atrás. Gosto de sofrer no silêncio e vivo loucas paixões apenas nos textos, filmes e séries. Sou muito burra, já sei. Burra por não perceber o que você estava esperando de mim.
Mas fique sabendo que não fiz por falta de vontade. Fiz por orgulho, fiz por um passado que judiou, mas você não tem culpa do que vivi, isso é verdade. Meu descaso foi porque naquela noite você desenhou uma linha entre nós. Era possível atravessá-la, mas era impossível conquistá-la. Poxa, você deixou isso tão claro que me escondi nessa casca da qual você reclama tanto agora.
Deixei que pensasse que não estou na sua. Deixei que um buraco cheio de piadinhas e ciúmes bobos nos invadisse a alma e sem nenhuma palavra começamos a desvendar o que queríamos. Para mim, você é o confuso. Para você, eu sou a relaxada. Não sei qual a sua vontade, mas a minha é relaxar ao seu lado e não com essa história. Gostaria que tivesse me conhecido quando eu conseguia ir para o ataque ao invés de viver na defensiva. Seria divertido.
Mas assumo que a minha burrice chega a ser engraçada. Fico te olhando chegar pelas beiradas, tentando me pegar pelo braço, para ver se acordo dessa ignorância em que vivo, e ao mesmo tempo você se assusta quando retribuo o carinho que quer me dar. E para ser bem sincera, desta parte eu não gosto e por isso te chamo de confuso.
Fui burra em deixar você pensar o contrário do que quero. Esse lance de ser difícil não era para mim, mas as coisas complicaram por aqui. Você não tem culpa, ok?! É que tenho um medo absurdo de me machucar. Mas dias atrás você disse coisas que me fizeram pensar tanto. Sou uma burra, assumo.
Então me deixa mostrar o que sou sem essa burrice, esse muro, essa rede que impede de ir atrás do meu sorriso. Minha burrice se confundiu com excesso de amor próprio e virei auto suficiente para tudo. Inclusive para você. Um dia disseram que eu deveria bastar, e você sabe como sou. Interpretei ao pé da letra, desculpa.
Mas hoje estou retirando essa máscara. Então você promete que não vai correr com medo? Promete que fica por aqui só para admirar as minhas vontades, meus sonhos, meus planos? Tudo bem se não quiser ficar, entendo. Poucos aguentam e por isso vivo nessa torre alta sem direito a espiadinha pela janela.
Ahhhh... Lá estou eu sendo auto suficiente de novo. Me perdoa pela burrice.
Quero me despir como você nunca viu. Será que é tarde demais? Ok, respeito suas vontades. Apenas estou falando de ser quem sou e de você ser quem é. Vamos parar por aqui com as confusões e com o orgulho bobo. Tanta coisa nos aproximando e nós continuamos a fingir que nada acontece. Chegou a hora de curtir!
Então vem aqui, me dá aquele abraço que você ficou devendo no último sábado e entende de uma vez por todas que sou menina de coração mole. Esquece essa casca que criei porque ela foi só uma proteção contra nós. E agora, cansei de ser contra você.
Chega de burrices. Sou a favor do nosso sorriso, da nossa dança, dos nossos gritos... De felicidade, claro!
- Jana Escremin

Quando penso em desistir

Para alguns, desistir é um ato de coragem. Para outros, é o caminho mais fácil. Para mim? Não sei ainda. Desistir parece coisa de gente preguiçosa, que não dá a cara a tapa por medo de sofrer. Mas no meu caso, desistir nunca foi uma escolha fácil.
Afinal, existe desistência pior do que aquela em que não optamos por ela, mas que precisa acontecer? Acredito que não. Ela é jogada na nossa vida e ponto final. Aceite, cresça e verá como é lindo o mundo. Parece um clichê eterno viver desse tipo de desistência. Fico pensando: "seria esse o final dos meus capítulos?".
São explosões de sinais de que é melhor desistir ou as frustrações irão me acompanhar. E quem quer frustrações? Ninguém né!
A pior das escolhas é ter que ir embora quando não se quer. Quando não usamos todos os pontos e vírgulas. Quando o coração quer reagir pois vive de esperanças falidas. É como se um buraco morasse dentro da gente. Essa é a sensação de desistir, não por escolha nossa, mas por obrigação.
Não é o melhor sentimento do mundo, garanto. Olhar para o seu presente e deixá-lo passar. O que fazer com aqueles conselhos de que sempre vale a pena ir atrás do que se quer? As vezes as pessoas ou as situações não nos querem, aceitar isso é desistir por obrigação.
Mas me diz: quem está pronto para essa dor? Esse momento entre ter que ficar em silêncio quando o peito já produziu um livro com palavras sinceras. Desistir por obrigação nos causa mal estar. É um ato de amadurecimento para aceitar o que não nos serve, ou melhor, o que não serve para alguém ou algo.
Odeio esse sentimento de fazer as malas (mais uma vez) sem ter a chance de falar, gritar ou pedir. Fazer as malas deixa um pouco da gente para trás e o sentimento de que era possível fazer sempre mais nos acompanha como se fosse nossa culpa. Mas não é. Não deveria ser.
Só não estávamos prontos para desistir.
Não basta um só querer. É preciso mais do que uma pessoa para que haja história. Viver de esmolas não é para mim, por isso aceito essas desistências. Não é por vontade, é por amor próprio. É preciso fazer sua parte, saber observar a reciprocidade e decidir se você tem ou não uma escolha.
Não tê-la é difícil, mas acontece.
A discussão não existe quando uma desistência se instala por obrigação. Ela dá sinais claros de que chegou a sua hora de partir, chegou o momento de crescer e perceber que corações batem em horários diferentes. E mesmo quando nosso coração, cansado de apanhar, insiste em não desistir, nós sofremos em dobro. Todo o esforço é compensado com desculpas, afastamentos e frases rasas. E a consequência disso, você já sabe qual é.
Eu não quis desistir, mas agora já sinto sua dor, sua obrigação de ser verdade. Chegou o momento de enxergar que mereço mais. Merecemos não desistir. Merecemos ter uma escolha.
Um dia chegará a hora de não mais desistir. Já ouvi por aí como é essa sensação, mesmo sem experimentá-la. É por ela que continuo e aceito as desistências obrigatórias que a vida nos dá. Na maioria das vezes não as aceito sorrindo, mas vou entendê-las quando tudo fizer sentido. Preciso confiar nisso.
- Jana Escremin

De ponta cabeça para o amor

O mundo tem me virado de ponta cabeça quando o assunto é amor. Venho pensando nele com frequência e a cada dia fico mais assustada, mas não sem esperanças. Viver em um mundo de amores rápidos, superficiais e tão fáceis de esquecer sempre me deixou com a sensação de habitar um corpo e não gostar dele.
Mas eu aprendi a ser menos intensa, o que é bom, pois minha razão vem dando sinais de que as vezes ser racional tem lá suas vantagens. Nasci emocionalmente prejudicada e continuo fiel ao que sinto, mesmo que me doa, só que agora não quero esses jogos, esses relacionamentos de mentira. Quero só a paz de me aceitar e aceitar o outro. São as chamadas "escolhas".
Já vivi o meu relacionamento de mentira e foi o suficiente para me tornar seletiva, sem dó, nem piedade. O passado não me tornou pior, ao contrário. Hoje vivo em um mundo real, com pessoas confusas e um olhar diferente para cada atitude que tenho. Mas hoje eu não vou falar de passados.
Pensando no presente, o amor nunca foi raso, nós é quem somos medrosos, ambiciosos e raramente esses sentimentos combinam com a leveza de amar. Ouço histórias, vivo romances e as esperanças são testadas todos os dias. A cabeça grita por uma desistência. O coração suplica por um amor próprio que se não tomar cuidado vira orgulho ferido e acaba por ferir todo mundo que chega por perto.
Ser maleável se tornou um aprendizado. Ter a maturidade de aceitar o outro como é e entender que a escolha entre ficar e ir embora é totalmente sua transforma vidas. Por isso mudei a minha. Hoje eu entendo. Ainda levo muitas pancadas e tenho muito o que aprender sobre o outro que me atrai. Entendo seus medos, suas confusões, seus erros, mas agora eu quem tenho o controle desse brinquedo chamado "meu mundo". Ele me vira de ponta cabeça e eu sorrio. Penso, respiro e levo.
Quando quiser, eu vou embora. Não é mais o outro que opta por isso, sou eu. Dona das minhas vontades e se quiserem ir antes, tudo bem. Não era para ser... Aceito e retribuo essa loucura que é aceitar o outro como ele é, vivendo. Não quero me machucar, claro, continuo arisca para as mancadas, amém. Mas agora sem raiva, entendo. Tem gente que não cresce, não evolui ou talvez este seja o seu melhor e aprender essa lição deixa as coisas mais leves, menos intensas e mais propensas ao acerto.
Se o amor é um sentimento difícil de viver nos últimos anos, as vezes as pessoas com seus defeitos e machucados vivem as horas erradas para as pessoas certas. Tão simples, mas só vivendo para entender. Isso é paz ao coração, evolução para a alma.
- Jana Escremin

FILME - Para sempre teu Caio F.


Ontem assisti a um filme sobre o tão famoso escritor Caio Fernando de Abreu. Meu Deus! Que vida, que história, que intensidade. Jamais serei como ele, tenho sérios problemas com meus textos e sentimentos, mas só de conhecê-lo pude entender porque é tão importante transformar sua vida em mágica. Seja escrevendo, cantando, dançando ou produzindo no dia a dia o seu trabalho.
Ele, que já se foi faz algum tempo, renova a vida e a leitura de jovens e adultos. Sim, o cara foi foda e espero que você veja este filme. O homem magro, que hoje espalha frases pela internet, conseguia sentir toda essa energia que rodeia nosso dia a dia. Ele previa coisas que se tornaram normais. Gostava de escrever sobre o que sentia e vivia, sempre observando o que temos de mais profundo. Seria essa a beleza da sua escrita? Com certeza! Foi alguém tão dono das palavras que traduzia o que somos na dor, no amor, na riqueza e na pobreza com propriedade e sentimento.
É, pode-se dizer que ele se casou com a literatura. Coisa que não fiz, mas admiro. O filme é fantástico não só por ser bem feito, mas por contar uma história tão próxima de nós. Levando em conta as indagações, os preconceitos, os amores, as dores. Ele fala sobre a tal da montanha russa que uso como exemplo todas as vezes. Percebo cada vez mais que somos um caos e podemos nos apoiar em histórias e livros como os de Caio Fernando de Abreu.
Ele sentiu intensamente cada segundo da sua vida. E já não posso mais me esquecer das frases ouvidas por ele e por amigos no filme. É, admiro pessoas que mesmo quando o mundo parece conspirar contra seus sonhos sorriem ou até no caso dele: escrevem. Sua paixão não morria com sua doença e talvez isso que o faça eterno nas bibliotecas, internet e livrarias. Sempre havia uma tristeza ali, mas era tão singular que nos encanta até nessas situações.
Ontem eu estava deixando várias paixões morrerem e descobri que na verdade o que nos mantém vivo deve ser preservado. Posso até dizer que devemos eternizar estes momentos. Tantos amores para serem escritos, tantas dores para serem vividas. Não quero descobrir que vou morrer para poder começar a viver. Meu conselho é que você também não seja assim.
Pegue os seus livros, seus amigos, sua bebida. Rabisque uma folha, produza um som, encene uma peça. Talvez você não precise fazer nada grande e extremamente cultural, mas faça algo que pulse as veias. Viva. Torne o que você ama em uma prioridade. Ontem foi a história de um escritor que me motivou, amanhã pode ser a sua. Afinal, sou fã de boas histórias, contos e experiências.
Então vamos sentar em uma mesa de bar e compartilhar os nossos sentimentos, porque no final eles são tudo o que importa no caminho. E com uma cerveja na mão as coisas ficam mais gostosas.
- Jana Escremin

Mais rápido que um raio

Não deu certo. Mais uma vez arrumo minhas coisas. Junto cada pedacinho da esperança alimentada e guardo no velho pote. Quantas vezes terei que repetir essa cena? Talvez muitas. Talvez para sempre.
Ele não te merece. Você fez o que podia. Para de falar nele. Esquece e vamos viver o que é bom. Você é boa de coração. Ele não te deu valor. Muito sacana da parte dele alimentar seu coração e depois cair fora. Ele não tem respeito por você.
É, talvez eu tenha acreditado muito desta vez. Fico olhando essas coisas jogadas, essa bagunça que ninguém se sente acolhido. Quantas vezes terei que pegar minhas coisas e gritar para o próximo da fila entrar? Existem momentos em que não deixo ninguém pisar por aqui... É o mal de quem cansou do vai e vem.
O que era simples, acabou. As risadas, os encontros, a vontade de tocar e ser tocada. Tudo isso tem que ir embora. Tudo é contra a minha vontade, mas no fundo sobram as certezas de que quem não quer ficar, é melhor que seja expulso.
Cansei de mendigar um sentimento que não solta, mas também não prende. Viver de migalhas não é comigo. Aceitei tantas pela vida que agora me revolto quando alguém pode me dar mais e insiste em oferecer menos.
Você é demais para ele. Isso já tinha acabado faz tempo. Se valoriza. Ele foi um babaca e vai se arrepender.
Será? Whatever.
Esse é mais um capítulo de uma história que não começou. A história de quem conquistou para depois fingir em mesa de bar que nunca sentiu minha pele ou respiração. Fui apenas um ponto esquecível e essa tortura consome meu coração.
Deixa passar. Você vai ver que ele não é tudo isso. Já já esquece. Relaxa que as coisas acontecem por um motivo.
É, o pior desta história é parecer importante em palavras e insignificante em gestos. Por fim, fico pensando que as pessoas deveriam pensar nas coisas que dizemos, para poder respeitar a coragem que nós temos de amá-las.
- Jana Escremin

A saudade de você


Estou me perdendo em bares, amores, confusões, diversões. Digo que estou perdida mas no fundo sei muito bem onde estou. Esse lado da saudade nunca me abandona.
Esses dias um cara no bar me lembrou você. Não eram nada parecidos, mas o cara me tratou tão bem que tive raiva de você por exatos trinta minutos. Por que você não é como ele? Por que vou me encantar por um cara que não é você só pelo simples fato dele saber como demonstrar afeto.
Fui lembrando de coisas fúteis. Gestos que valiam a pena. Não encontrei nenhum. Você nunca pegava na minha mão. Me encarava sempre de longe, brincava com meu estilo de vida.
Mas tenho saudade de algumas coisas idiotas também. Como aquelas suas dancinhas que estão fazendo falta por aqui. A saudade do que nem começou é ruim. Ela deixa dúvidas, traz desconforto e aperta meu coração.
Porém, é preciso saber que estou feliz e até gosto do cara do bar e das suas atenções. Coisa que sentia falta em você. Estar perdida nessa ilusão talvez até me faça esquecer que você tinha potencial para ser especial, mas escolheu não ser.
É... Você nunca quis ser especial. Surgia, sumia, cobrava, corria. Esse foi um relacionamento fajuto, assim como suas palavras malucas e incompressíveis. Ter saudade é clichê demais, e por mais que eu caia mais uma vez nessa história, fico com a mesma pontinha de dor por não valer a pena no seu caminho.
Mais uma vez o ponto final teve que ser meu e esta é uma escolha que vou carregar. Assim como a raiva de você não ser o cara do bar ou não se importar em ser.
- Jana Escremin

O rapaz, a Silvinha e eu


Aconteceu algo muito estranho comigo. Um rapaz me dispensou sem deixar as coisas claras ou simples. Apenas olhou e observou que eu gostava muito de sair, dançar, beber e de ter amigos. WTF? Ele julgou que por eu ser tão feliz assim não servia para compromisso sério. Arriscou dizer que era difícil pois eu possuía amigas demais.
Esse rapaz não quis me acompanhar, fato.
Apontou como erros a felicidade que eu sentia e concluiu de uma vez por todas que a correta para namorar era a Silvinha. Bonitinha e cheia de mimimi. A Silvinha pagava de santa e adulta, mas no fundo todo mundo já a conhecia. Pensei na hora: pobre rapaz.
Certa vez o rapaz falou que eu era baladeira demais para ele. Então cometi o erro de ouvi-lo e tentei ficar em casa. Sim, podem me julgar, ele influenciou na minha felicidade.
Porém comecei a saber que ele ainda estava pela rua. Vivia em bares, em encontros com Silvinhas. As vezes descobria que esse rapaz estava bêbado na mesma balada que eu gostava de ir.
Então, por que ele pode viver com o que me faz feliz, mas não pode me ter ao seu lado para comemorar a beleza de sermos jovens?
Por fim, quando fiquei em casa para mostrar quão "adulta" eu podia ser, observei algo maravilhoso. Esse cara estava me tirando o sorriso.
E é óbvio que não me obrigou a ser uma Silvinha, mas a ilusão de tê-lo como um companheiro foi cega, surda e muda. Assumo. Então eu desisti. Acenei de longe e sorrindo. Coloquei meus fones de ouvido e a música voltou a tocar no mesmo instante em que virei as costas para aquela ilusão.
Mas e o rapaz? Nunca mais soube dele. Dia desses ele fingiu que não me conhecia e mesmo que doesse cada milímetro do meu corpo por ter me enganado, decidi não me reduzir a ser uma Silvinha. Dancei, cantei, sai e bebi com muito mais força.
Por fim, ele ficou com as Silvinhas dele e eu com a minha alegria. O que aconteceu comigo foi mais bonito. Cresci e hoje nenhum homem vai me tirar a graça de ser feliz dentro ou fora de uma balada.
Agora é assim: se quiser pode até me acompanhar. Afinal, sou feita de risadas, caipirinhas e carinho com ou sem um amor do lado.
- Jana Escremin

SOBRE SER MALUCA E MENSAGENS SEM RESPOSTAS.


Eu nunca consegui deixar ninguém sem resposta. Um amigo, a família, o desconhecido. Me sinto mal por não dar a última palavra, mesmo quando a vontade é de não dizer nada. Minha boca, meus dedos, minha cabeça não relaxam só de pensar que alguém espera que eu responda. Mania errada para os tempos atuais.
Na época do visualizar e não responder eu tenho que aprender como ignorar, como não ceder a educação de entregar ao outro o que espero que me entreguem. Quanto tolice para uma pessoa só. Viver neste caos de mensagens sem respostas, olhares sem profundidade, mistérios nunca revelados está me transformando na maluca da vez.
Dias atrás ganhei o apelido de "doida" e aceitei, pois nos últimos dias é o que tenho feito de melhor. Fui considerada doida por soltar os meus cachorros nas mensagens sem respostas. Não aguentava mais! Estava forçando um silêncio que doía cada centímetro do meu corpo. Bastou uma gota de coragem para que todas as palavras saíssem como uma cachoeira, e é óbvio que os resultados foram piores do que se tivesse deixado tudo acontecer.
É, sendo quem eu sou está difícil viver neste século. Nasci para respostas claras, visualizações atendidas e respondidas. Como poderei lidar com o silêncio de quem mais quero conversar? Ainda não encontrei o tutorial na internet que diz a respeito, mas posso afirmar que o meu drama não é o único no mundo.
Se é de maluquice que estou fadada a viver, espero estar pronta para todos os silêncios que recebo. Quem sabe um dia encontro um maluco que entende toda essa paranoia de ser transparente ou simplesmente educada.
Sinceridade não custa nada, muito pelo contrário! Ela evita de interpretarmos errado ou de forma ilusória o buraco entre a minha fala e a sua resposta.
- Jana Escremin