terça-feira, 26 de junho de 2012

Breve felicidade


Se tornaram incontáveis os dias em que esperei sentir o que estou sentindo. É como se ficar esperando valesse a pena, e agora eu posso andar e ser a única coisa que basta em meu caminho. Me entrego ao passageiro e não fico me prendendo aos detalhes. Quando me perguntam o motivo da felicidade, eu não sei responder, mais pela primeira vez estou feliz por mim, e sem dependências ou aquela falsa ilusão. Não sei por onde começo a agradecer. O meu trabalho não poderia ser melhor, meus amigos são os que escolhi para a vida inteira e minhas contas estão todas pagas. Sou livre para ser livre. Sem ele, aquele, nós, vós ou a voz. Fui julgada, mais é isso que acontece com quem se entrega. Tenho uma vida maravilhosa e jamais pedirei algo além dessa felicidade. Me sinto culpada por não vivenciar as dores do mundo e das pessoas com a mesma intensidade, porém converto isso em fé, em amor e em alegria. Aposto minhas fichas em tudo o que é positivo, e acredito de olhos fechados no resultado esperado. As vezes eu queria ser um pouco mais e tirar de todos os que eu amo as aflições, dores e sujeira do mundo. Sei que não posso, mais sinto que essa paz se propaga no ar. De alguma forma essa sensação de "estar feliz", leva felicidade. E é assim que eu gosto. Tudo lindo, tudo livre e empolgante.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Perdendo o brilho

Há um tempo atrás muitas coisas me incomodavam. Uma saudade dolorida. Um pai que não tive. O carro que faço planos para ter. Peitos e bunda que nunca deram as caras. Tudo me deixava para baixo, e me senti durante anos inferior a maioria das pessoas no planeta. Ignorância e muita falta do que fazer, hoje eu entendo. Mais antes tudo era diferente. Eu tinha um namorado, e ele não era apenas "um namorado", ele era o cara novo na cidade, o cara mais bonito que pisou no interior de São Paulo, e ele tinha dinheiro. Podia comprar a menina que quisesse, e fiquei muito feliz quando ele me quis por amor, me quis por que estava gostando de mim do jeito que eu era. Porém, da mesma maneira que ele foi novidade para mim, eu era para ele. O tempo passou e ele descobriu que na cidade existiam outras moças, outras facilidades. E foi assim que tudo começou.

Eu sempre fui muito cheia de mim, cabelos bonitos, magra, olhos claros. Já ouvi muitas garotas falarem que me adoravam sem ao menos terem me conhecido. Eu me sentia a última bolacha do pacote. Para tudo ficar perfeito, faltava o homem que completasse, acrescentasse, juntasse o quebra-cabeça. E ele apareceu. Lindo, sorridente e cheio de amor para dar. Aproveitei e fui feliz. Mais como todos sabem, ou deveriam saber, homens com consciência da sua beleza são um perigo na vida de uma mulher, ou melhor dizendo: Na vida de uma menina, como eu era.

Ele cresceu aos meus olhos, e eu fui me escondendo. Quantas vezes ouvi dizer que eu não era bonita o suficiente para ele. Disseram isso na minha cara, no meu celular, nos meus emails, no meu trabalho, nos depoimentos (coisa antiga!), tanto para mim quanto para ele. Fui bombardeada pelas pessoas. Aos olhos da sociedade em que vivia, eu não era boa para ele. Mostrei tudo o que a cidade tinha de melhor, as pessoas, os lugares. Eu fingia não ouvir os murmurinhos quando passávamos pelos grupos de meninas recalcadas. Colocava na minha cabeça que eu era bonita, que ele me escolheu, e que acima de tudo era apenas um bando de garotas invejosas e sem o que fazer.

Inventei mil possibilidades para a minha autoestima não cair. Mais aos poucos ela foi sendo levada embora. Primeiro foram as garotas, depois foi ele. Me comparando e dizendo que tinha conhecido uma das meninas mais bonitas da cidade. Meu mundo caiu, eu já não era aquela garota cheia de si. Depois de um ano juntos, eu ainda deveria ser a garota mais bonita na vida dele, independentemente do lugar onde ele estivesse. As coisas mudaram, minha cara mudou, meu espelho quebrou.

Continuei amando, continuei tentando. Eu precisava resgatar aquela moça confiante com cabelos e olhos bonitos. Porém quando uma coisa está ruim, ela sempre pode piorar. Piorou tanto que não bastava meu strip-tease, tudo tinha ido embora, eu, minha confiança, ele, sua vontade. Eu era apenas a namorada de um cara extremamente bonito. Ele estava conhecendo a cidade, percebeu que meninas ricas, bonitas e solteiras estavam sobrando, e decidiu se dedicar ao que mais tinha prazer: Seduziu uma por uma, e foi me perdendo aos poucos.

Enquanto ele me perdia, eu perdia o brilho. Perdia as declarações de amor que um dia recebi. Tudo começou a me incomodar. Eu estava magra demais, depois fiquei gorda. Cabelos escuros não tinham sentido, os loiros davam trabalho. Olhos cansados já não chamavam mais a atenção. E a luxúria não combinava comigo, por mais que eu tentasse. Ela só combinava com ele e mais nada.

O tempo passou, e as pessoas passaram. Ele foi ao encontro das beldades que eu nunca consegui ser. Tudo mudou. Me sentia incomodada com qualquer troca ou olhar que um cara não fazia comigo. Culpei aos outros pela minha autoestima, aprendi tanto enquanto perdia muito. Fui e voltei milhões de vezes com o pensamento do patinho feio. Existem momentos em nossa vida que nossa mãe, irmãs, melhores amigas e homens feios não bastam para nos sentirmos bonitas de verdade. Procuramos algo além dessas pessoas, e eu não encontrava mais alguém assim.

Se eu falar que isso não me incomoda mais, estarei mentindo. Mas se eu contar que agora nada disso me incomoda, estou sendo tão verdadeira quanto 2+2 = 4. Uma delícia se sentir bonita, cheia de si e não precisar de um homem para afirmar essa visão que hoje tenho de mim. Demorou, mais me reeduquei para o que eu era, para o que na verdade eu sou e esqueci devido a uma paixão besta e desenfreada. Agora eu sou bonita, agora estou legal. Isso faz bem para a mulher, é como se alguém pudesse realmente me ver como a única no lugar. Parece falta de humildade, mais no momento é tudo o que preciso. 

Tem um colorido no meu olhar, tem uma vontade no meu coração. Existe uma pessoa em mim vivendo para a minha vida. Foi preciso perder a beleza para resgatar meu coração. Foi preciso perder meu coração para resgatar a minha beleza. Hoje tudo é lindo, até mesmo as pontas duplas do meu cabelo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Agora vai... embora

Me dá um medo absurdo te deixar ir. Aquele frio na espinha por me sentir bem com esse sentimento assusta o coração. Já escrevi tantas vezes que estava deixando tudo para trás, mas sempre foi a mania de me enganar por qualquer frase ou pensamento. O que acontece dessa vez é diferente. A realidade bateu com força no meu peito, agora eu sinto que não pertenço mais a ninguém. Saudade já não sinto, vontade muito menos. Há tempos atrás eu tentei provar para meu coração se isso realmente se chamava amor, e obviamente ele me disse que sim. Porém esse amor deixou de ser único, deixou de ser loucura no caminho que trilhei. Será que o novo emprego me causou o distanciamento? Será que foram os cabelos novos? Ou os 7 quilos a mais? Alguma coisa mudou. Será que foram os novos amigos? Novos homens? Talvez sim, talvez não. É importante saber o que fazer, mais está delicioso viver sem te amar, sem pensar em você ou sem falar no seu nome. Desapeguei da sua família, dos amigos em comum ou qualquer papo que envolva você. Se tornou um tédio ficar repetindo para os outros as mesmas músicas riscadas, e agora estou sendo verdadeira com meu sentimento. Uma prova do desapego foi entrar e escrever vários textos sem conseguir concluir qualquer um deles. Está difícil arrumar assunto já que você não dá mais emoção as minhas palavras. Muitas coisas tem acontecido, muitas alegrias estão chegando e agora me dei conta do tempo que perdi pensando e esperando. Declarações de amor não foram poucas, vontades e olhares muito menos. E agora o que me sobrou foi uma vaga lembrança que não volta para me assombrar. Estou tão simpática que tornei-me amiga da solidão, da tristeza e da saudade. Tudo o que me fazia lembrar você agora me fazem sorrir de um jeito brilhante. Ganhei moral da vida, ganhei o ponto de partida. Tudo recomeçando e com palavras sinceras eu digo: "Não quero mais esperar, não preciso mais ficar imaginando o que acontecerá daqui alguns anos". É uma delícia viver, e viver para o meu bem estar é melhor ainda.