Todo mundo espera que eu seja o anjo da
história. Esperam bondade quando vou falar algo. Todo mundo me procura
quando algo dói no lado esquerdo do peito. Querem que eu seja a primeira
a confortar. Todo mundo confia seus segredos a mim. Todo
mundo pratica seu desapego comigo. Todo mundo se apega ao meu jeito.
Todo mundo destaca algo importante que sempre me leva as alturas. Todo
mundo desiste de mim no segundo ato. Todo mundo esquece os detalhes.
Todo mundo me acha incrível, mas sempre para o próximo da fila. Sou a
garota ideal, mas isso não significa que eu seja feita para eles. Todo
mundo me compara, julga e diz que minha inocência um dia vai me machucar
mais do que posso prever. Todo mundo se acha mais esperto do que eu e
vivem dando conselhos sobre como devo agir. Isso não é somente sobre
amor ou amizade ou sobre como inventei alguém para ser. Isso sou eu.
Nua, crua e incrivelmente nada para ninguém. Na família sou aquela que
faz drama. Com os amigos sou a que aceita e perdoa demais. Com os amores
sou a “ferro e fogo” que nem sabia que existia dentro de mim. Com o
trabalho sou a concentrada e muitas vezes estressada. Mas comigo sou
apenas eu sem saber o que realmente sou. Todo mundo espera gentileza,
paciência e uma pitada de conformismo, pois é assim que os acostumei.
Todo mundo descreve como sou e fico me perguntando se realmente essa
pessoa existe. Todos querem que eu grite, me rebele e enfrente a
situação. Todo mundo me acha morna demais para o mundo e quente demais
para mim. Todo mundo quer respostas com os meus conselhos. Todo mundo se
sente confortável com a minha presença. Todo mundo fica sem palavras ao
perceber minha tristeza, ela não é de aparecer em público. Todo mundo
sustenta uma parcela do seu mundo em mim. Todo mundo esquece que sou
humana. Todo mundo se magoa quando esqueço quem sou para eles. Todos
dizem tudo o que foi descrito sobre mim até agora, mas eu ainda reluto
em aceitar. Tenho um jeito diferente de levar o mundo, um jeito calmo e
indeciso. Enquanto alguns fazem suas poses de felizes, apaixonados,
loucos, rebeldes, magoados ou realizados, eu busco engolir todos os
adeus, todas as mágoas, todas as palavras ditas ou não. Eu sou uma
máquina de transformar o que pode me machucar em pequenas alegrias. Eles
não entendem que o que sou é pacífica e não ser assim me machuca. Deixo
livre quem eu gostaria de ter ao meu lado, e não é por ser fraca, mas
porque acredito na vontade de cada um. Seja para ficar ou irem embora.
Não sei lutar por quem não luta por mim. Não sei com quem falar quando o
coração aperta. Sou feliz demais para os outros e qualquer despedida é
passageira aos olhos deles. Sabem que vou aceitar no silêncio e na
melhor demonstração de diversão que posso fazer. Todo mundo sabe o
quanto sou forte, o quanto aguento, o quanto deixo de insistir em
pessoas que não insistem em mim. Todo mundo sabe pouco sobre mim, mas eu
só queria que não desistissem quando olhassem nos meus olhos. Todo
mundo está entre a linha do que é certo ou errado, todo mundo esquece de
arriscar quando o assunto sou eu. Sou a diversão de todo mundo e eu só
sei que está proibido ficar por aqui, sem algum motivo aparente. Seria
eu o amor de quem não acordou?
- Jana Escremin
segunda-feira, 24 de março de 2014
A volta da dor de amor
Há
quanto tempo não chorava? Há quanto tempo o meu coração não havia se
partido em pedaços? Tinha me esquecido da dor e do sentimento inútil de
seguir em frente quando o coração só quer chorar. Hoje eu só queria
alguém que respondesse os porquês dos meus abandonos. Por muito tempo eu
olhei e não vi nada, esperei e não deixei que nada borbulhasse. Mas
pior do que essa espera foi o azar me dando as boas
vindas. Essa dor vai passar, eu sei. Mas até ela passar eu vou reviver o
amargo de saber o quanto sou reciclável. É mais um dia sem que eu
entenda o que existe por trás das minhas histórias. Me sinto em pedaços
e não sei dizer o motivo. A ilusão tomou conta de mim e desmanchou o
último fio de amor que sustentei tão secretamente. O último fio que
agora não sei como resgatar. Sou o caso perdido e a carência mal
resolvida. Sou apenas uma roupa velha com cara de vinte anos e ninguém
sabe o que fazer comigo, exceto me deixar como se isso fosse seguro para
o todo o mundo.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Segue, que a vida segue
Quer saber? Eu vou acalmar o coração,
encontrar outra paixão. Vou parar de questionar o vazio. Não existem
respostas, não existe o “depois” depois que já fecharam as portas. Eu
vou para o mundo, mais uma vez. Sempre fui boa em barrar pensamentos.
Vou acalmar toda a mágoa que ficou doendo nos últimos dias. Vou me
iludir com outras pessoas, esquecer quem eu sou e voltar à estaca zero
na corrida dos desiludidos. Saberei qual caminho seguir, e mesmo com a
confiança abalada farei o caminho mais bonito que conseguir.
Colecionarei personagens que depois podem até se tornarem grandes
amigos. Vou contar os meus dramas com muito humor, para poder rir deles
em uma roda de amigos. As vezes ser irônica é essencial para continuar o
caminho. Desta vez não vou (e não posso) deixar que tantas dúvidas
afugentem o meu coração. Vou colocar a boca no trombone, mas só para o
que estiver vindo. O que foi embora, já foi. Não existem mais palavras,
gestos ou beleza que resgatem o que não foi vivido. Quer saber? Eu vou
aprender com quem passa por aqui e sorri. Aprender a ser mais dura,
mole, quente, fria, louca, tímida. Serei mais esperta, mais humana e
mais alguma coisa que faça sentido para alguém. Não vou levar nenhuma
dor, mas vou lembrar dela toda vez que algum sorriso me lembrar do
passado. Ultrapassarei os meus limites e seja o que Deus quiser. Eu
preciso acalmar o coração, deixar quieto os rumores, esquecer quem não
quis ficar. Quanto mais perguntas eu faço no silêncio do meu quarto,
maior é a sensação de inútil. Vou aceitar cada dúvida, engolir a seco a
falta de resposta e sorrir com o gosto amargo do que não sei o que é.
Farei o impossível com o meu coração e esse aperto no peito vai passar
antes que eu me desespere.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Minha atenção
Eu sou atenciosa. Tenho como obrigação tratar
as pessoas bem e escutá-las. As vezes falo coisas que elas gostariam de
ouvir, e sei como dizer o que elas precisam escutar mas relutam em
aceitar. Sempre tive jeito com as pessoas. Sei me sentar
em uma mesa com desconhecidos e falar sobre o que entendo, e muitas
vezes sobre o que não entendo. Aprendi a conviver com pessoas diferentes
de mim, e uma vez ou outra descontrolo. Tem quem me chame de grossa,
mas também tem quem me ache a mais doce das pessoas. Ninguém entende de
verdade quem eu sou. Explico que sou as duas, depende do modo como nos
relacionarmos. Sou simpática com quem não conheço, pois já tenho cara de
brava e aí preciso me esforçar para mostrar que de braveza só tenho a
cara mesmo. Dou carinho e dificilmente falarei um “não”. Se o fizer,
será com classe, pois sei como eles doem. Se me dão carinho, eu paro e
fico perdida no olhar da pessoa. Acho incrível transmitir um sentimento
nos dias de hoje. Talvez essa seja a minha falha. Me apaixono demais por
quem me dá atenção. Fujo e busco ao mesmo tempo. Aprendi a ser humana,
respeitando o sentimento de cada um. Uma vez recebi atenção e já fiquei
na defensiva, pois não sou acostumada a esbarrar com pessoas tão
sentimentais quanto eu. Se eu pudesse descrever a minha missão na vida
seria algo sobre respeitar e mostrar ao outro o quanto ele é importante
para mim. As vezes penso que demonstro demais, mas aí percebo que a
pessoa não sabe me ler/entender. Eles transformam meu carinho em dúvida,
e aí a confusão está armada. Minha atenção é para o mundo e para o que
tem de bom nele. Andei distribuindo muita atenção e em troca assustei
meio mundo que não entendeu uma só palavra ou carinho. Fiquei com a
vontade toda para mim e estou digerindo aos poucos o desdém com a minha
atenção. Você me pergunta se é fácil engolir esse sentimento, e eu
respondo com um sorriso que não, mas que vou conseguir. Atenção é
caráter e eu nunca conseguiria tirar isso de mim, nem se eu quisesse.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Nota ao sofrimento
Oficialmente: Sofro por amor. Sofro pela falta
dele, pelo abandono, pela presença rápida e forte. Sofro por perdê-lo
antes mesmo de conquistá-lo. Sofro por amor e pela vontade que ele
despertou em mim. Sofro pelo o que não foi dito e pela vontade
de falar. Estou a poucos dias da melhor diversão da minha vida, mas
chego com o coração nas mãos. Sofro por amor e por não saber
demonstrá-lo. Sofro por ser medrosa e por não aceitar ser. Sofro por um
amor que não teve a chance de ser. Sofro pela angústia nunca dita. Sofro
por querer tanto e por guardar tanto. Sofro por não saber me entregar.
Sofro por ser uma das únicas pessoas a não ter oportunidade para amar.
Os anos passam e continuo a correr dos mesmos dilemas. Corro para
encontrar um amor que encontra vários na hora que quiser. Sofro por me
esconder quase todos os dias da minha vida e sofro em dobro quando me
mostro. Muitos correm no mesmo minuto, muitos não entendem. Muitos
percebem que meu amor não é deles. Um amor sem dono, é isso o que tenho e
é por isso que eu sofro.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Acabou nosso romance
Foi quando me dei conta do que aconteceu.
Acabou nosso tempo, nossa chance, nossa vez. Parecia uma despedida
misturada com saudade. O sentimento não quis brigar, reivindicar ou mais
uma vez se sentir ofendido. Aconteceu que passou, e a minha
ficha caiu quando o temporal passou. Se existe amor? É claro que
existe, mas acabou a química. Toda história acumulada trouxe um cansaço
"conformado". Virei ponto final sem perceber. Será que foi eu? Será que
foi ele? Será que foi nosso jeito tão diferente de ser? Será que foi
aquele para quem estou voltando? Não importa. Algo mudou, algo torceu
aqui dentro e não foi o meu jeito paranóico. Não foi teu jeito
desleixado. Este é o fim da competição. É o fim de uma história que só
eu entrei de cabeça, e agora saio sofrida mas com coragem. Era difícil
entregar a cara e o coração, mas eu fiz. Te dei e você recusou. A vida
nem sempre é como a gente sonhou. Mas aí vem outros sonhos, outros
beijos, outras atenções. É como se eu fechasse o livro e transformasse a
vida em algo que tem tudo, menos o seu rosto. Me perguntam se te amo,
eu digo que sim. Me perguntam porque a calma na alma quando tudo se
repetiu, e eu digo que cansei. Minha batalha acabou aqui, meu amor
continua ali. Levo a vida em frente com o mesmo coração mole e a
simpatia que não consegue te dizer adeus por completo. Levo o coração
para quem tratou com carinho a alma dessa criatura que não sabe
controlar as palavras. O meu amor será de quem gostou dos chiliques, dos
sorrisos, das vontades, da presença e principalmente de quem respeitou
esse sentimento problemático que trago no peito. Esse é o meu adeus para
um amor que começou e terminou somente por aqui. Tudo pode mudar, mas
hoje a minha vontade é de ser de quem não teve medo dos dizeres e
prazeres do amor. Meu amor que é insano, ciumento e meloso, agora tem um
dono diferente e o nome desse sentimento é reciprocidade.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
O amor me pegou
Longos anos se passaram. Muitas pessoas
caminharam e eu estive fugindo da maior busca que o ser humano pode ter.
Eu busco amor, busco alegria, busco alguém para querer a presença, o
corpo e acima de tudo, a alma. Estar apaixonada não vem com
manual de instrução ou com uma capa de invisibilidade como eu costumava
pensar. Não existem disfarces, só acontece simples e leva um medo que
não sabemos lidar, mas levamos. Eu levo um sorriso bobo e um carinho que
até ontem estava preso esperando por amores que nunca vieram. Sou uma
contradição amorosa. Falo na lata e tenho um sentimento mais fino que
papel. Talvez isso explique todos os medos e as palavras que solto ao
mundo. Mesmo quando o tempo fechou, o coração travou e eu virei as
costas para toda e qualquer manifestação de carinho sempre senti o peso
de carregar no peito um sentimento maior do que eu. Agora olho no
espelho e quase consigo ver os batimentos do meu coração através da
blusa. É um tic e tac involuntário, os meus batimentos são de amor. Amor
correspondido, amor bandido, amor medroso. O tempo passou mas agora
acordar com o olhar apaixonado trouxe um peso maior para o coração que
carrego. A vontade é gritar para o mundo, extrair esse coração e
pendurar como prêmio por ser conquistado por alguém tão diferente de
mim. Posso dizer que é amor, posso dizer que estou com um medo
engraçado. O sol está brilhando mais forte ou é só aqui que esquentou? A
minha busca apertou o restart e já encontrou a felicidade. Gostar não é
mais um bicho de sete cabeças.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Ela, ele e suas diferenças
Ela acorda para o dia. Ele acorda para a
noite. Ela descreve com detalhes toda e qualquer história. Ele
simplifica os momentos. Ela deita de lado. Ele deita para cima. Ela
observa cada centímetro dele. Ele faz comentários sobre os centímetros
que faltam nela. Ela é romântica. Ele é gentil. Ela não sabe por onde
começar. Ele só quer começar. Ela respeita o silêncio. Ele pergunta todo
dia uma coisa nova. Ela sonha com os quilômetros que vai rodar. Ele já
rodou muitos. Ela está aprendendo. Ele já aprendeu. Ela não faz questão
de ser uma única pessoa. Ele é uma pessoa só. Ela escuta o mundo. Ele
escuta o que convém. Ela procura saber. Ele procura ensinar. Ela encaixa
ali. Ele encaixa em tudo. Ela tem medo. Ele tem esperança. Ela descobre
cada dia uma novidade sobre ele. Ele já fez pós graduação em moças como
ela. Eles são inseguros, e talvez essa seja a única coisa parecida
deles. Coincidentemente é o que os ligam. Ela o vê como tudo o que não
viveu. Ela a vê como uma louca prestes a abandonar tudo. Ela já não quer
saber de responder perguntas. Ele já quer fazer parte. Ela sorri ao ver
ele. Ele abraça o mundo dela. Ela está protegida. Ele está conhecendo
os mistérios de ser tão intensa como ela é. Eles possuem esperanças. Dão
as mãos no meio da noite e sussurram palavras poucos praticadas nos
últimos anos. Adoram a companhia um do outro, e sorriem no silêncio ao
olhar no fundo olhos perguntando o que estão pensando. Ambos não sabem
para onde ir, mas estão indo. Eles não definem, não contradizem, não
esperneiam. Eles só querem a presença e o futuro que está chegando
rápido e previsível. Eles são complicados, mas se encaixam com tantas
observações.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Sei lá
Quando me perguntam de você, eu respondo "sei
lá". Não por estar perdida ou distante demais, mas por não saber mesmo e
deixar para lá. Minha cabeça já deu muitas voltas ao seu encontro e com
todas as falhas, aprendi a te dizer "sei lá". Sei
lá se o que sinto é amor. Sei lá se você é o cara da minha vida. Sei lá
se eu não sei descrever em que momento você parou o meu coração e em
qual momento você o cortou fundo. Você será minha incógnita para o resto
da vida. Nunca saberei o que falar de você, o que você é ou quem
poderia ter se tornado para mim. Você foi você, eu fui eu. Éramos uma
escolha, mas isso nunca foi certeza que ficaríamos juntos. Todos os dias
você foi embora, todos os dias eu corri, me mostrei e nada de você
bater na minha porta. Por isso quando me perguntam de você eu respondo
um "sei lá" tão fraco e sem certeza, porque é isso que me restou. Você
ainda é o melhor dos caras, a melhor das escolhas. Mas também é a pior
incerteza que apareceu na minha vida. Fomos duas almas sem certeza de
nada e com medo de arriscar. Sem me ganhar você já me perdeu e hoje
todos aqueles conselhos que ouvi sobre você não me tratar bem, sobre não
me amar, sobre me deixar de molho ou sobre como os seus olhares nunca
eram somente para mim se tornaram verdadeiros. São nesses momentos que
respondo o "sei lá" mais machucado da história da humanidade. Você virou
uma pergunta de bar e uma resposta sem rumo. Não consigo tirar você da
minha vida, mas também não sei mais inserir você nela. Esperamos que o
"sei lá" vire um sim ou um não, mas ele não se transforma em nada, assim
como nossa história. Eu queria poder dizer que você é um atual, ex ou
um futuro alguma coisa na minha vida, mas nunca saberei. Somos esse "sei
lá" desajeitado que não encontrou lugar no mundo. Porém, preste
atenção! Eu não falo com tristeza ou alegria do que a gente poderia ser
ou do que quase fomos, falo com um sentimento incerto, assim como nós
somos um para o outro. Por fim, você virou a incerteza mais bondosa que
esquentou os meus pulmões, mesmo que não houvesse reciprocidade da sua
parte.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
Dúvidas sobre o amor
Começo mais um cansativo jogo de palavras e
nele milhões de perguntas que tenho medo de fazer. Tem dias que eu acho
que o caminho é esse e que dessa vez não estou fazendo nada de errado.
Aos poucos vou abandonando minha mania de estragar tudo
antes mesmo de começar. Me perco nas entrelinhas, porque aprendi que
elas estão sempre lá. Um olhar, um toque, uma fala, uma pergunta, uma
observação. Alguma coisa tem ali, eu sei. Passo os dias oscilando entre
estar certa ou errada sobre o sentimento do outro. Nunca tive certeza de
nada e vivo querendo perguntar. Mas o que fazer com o medo das
respostas? Quem saberá lidar com um desdém ou com a falta de palavras?
Eu nunca soube. Vejo o mundo olhando as minhas maluquices de longe e se
perguntando: "Por que você tem que complicar?". Eu complico para não
ouvir o silêncio ou o abandono. Mais uma vez estou nessa ponte e é
difícil de acreditar. Meu bom senso deixa as coisas rolarem, mas
prejudica o meu coração. Agora que quero amar percebo como sou estranha.
Fecho os meus olhos e prometo me arriscar. Se for para machucar que
arranque logo o coração. Se for para corresponder que não sobrem
dúvidas. São as minhas inimigas, o meu ponto fraco em qualquer situação.
As quero longe, mas evito questiona-las. Me dói sentir em um dia a
reciprocidade e no outro alimentar pensamentos de que tudo não passou de
ilusão. Será que isso é amar? Prometi não meter os pés pelas mãos, pois
já errei demais nessa vida e o coração sabe do que estou falando.
Culpei o mundo por não abraçar os meus sentimentos, e ele me fez
entender que sou eu quem não levava as coisas tão a sério. Desta vez é
para valer, e com dúvidas ou não aqui estou eu. Peito aberto, vontade
solta e uma infinidade de histórias a serem criadas. Peço que não
desmorone e vou pedindo aqui e ali o pouco de atenção que me sobrou.
Exagero na dose para que o outro lado não sinta frieza, pois eu cansei
de confundir qualquer pessoa que queira estar por aqui. Não sou fria,
não sou um monstro. O nome dessa loucura que vivi se chama cautela.
Passei os últimos anos sendo cautelosa e agora decidi não ser. Talvez
esse momento é aquele em que a ficha cai e nós só desejamos viver o
clássico dos cinemas. Então que assim seja.
- Jana Escremin
- Jana Escremin
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