Começo mais um cansativo jogo de palavras e
nele milhões de perguntas que tenho medo de fazer. Tem dias que eu acho
que o caminho é esse e que dessa vez não estou fazendo nada de errado.
Aos poucos vou abandonando minha mania de estragar tudo
antes mesmo de começar. Me perco nas entrelinhas, porque aprendi que
elas estão sempre lá. Um olhar, um toque, uma fala, uma pergunta, uma
observação. Alguma coisa tem ali, eu sei. Passo os dias oscilando entre
estar certa ou errada sobre o sentimento do outro. Nunca tive certeza de
nada e vivo querendo perguntar. Mas o que fazer com o medo das
respostas? Quem saberá lidar com um desdém ou com a falta de palavras?
Eu nunca soube. Vejo o mundo olhando as minhas maluquices de longe e se
perguntando: "Por que você tem que complicar?". Eu complico para não
ouvir o silêncio ou o abandono. Mais uma vez estou nessa ponte e é
difícil de acreditar. Meu bom senso deixa as coisas rolarem, mas
prejudica o meu coração. Agora que quero amar percebo como sou estranha.
Fecho os meus olhos e prometo me arriscar. Se for para machucar que
arranque logo o coração. Se for para corresponder que não sobrem
dúvidas. São as minhas inimigas, o meu ponto fraco em qualquer situação.
As quero longe, mas evito questiona-las. Me dói sentir em um dia a
reciprocidade e no outro alimentar pensamentos de que tudo não passou de
ilusão. Será que isso é amar? Prometi não meter os pés pelas mãos, pois
já errei demais nessa vida e o coração sabe do que estou falando.
Culpei o mundo por não abraçar os meus sentimentos, e ele me fez
entender que sou eu quem não levava as coisas tão a sério. Desta vez é
para valer, e com dúvidas ou não aqui estou eu. Peito aberto, vontade
solta e uma infinidade de histórias a serem criadas. Peço que não
desmorone e vou pedindo aqui e ali o pouco de atenção que me sobrou.
Exagero na dose para que o outro lado não sinta frieza, pois eu cansei
de confundir qualquer pessoa que queira estar por aqui. Não sou fria,
não sou um monstro. O nome dessa loucura que vivi se chama cautela.
Passei os últimos anos sendo cautelosa e agora decidi não ser. Talvez
esse momento é aquele em que a ficha cai e nós só desejamos viver o
clássico dos cinemas. Então que assim seja.
- Jana Escremin
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