Ela acorda para o dia. Ele acorda para a
noite. Ela descreve com detalhes toda e qualquer história. Ele
simplifica os momentos. Ela deita de lado. Ele deita para cima. Ela
observa cada centímetro dele. Ele faz comentários sobre os centímetros
que faltam nela. Ela é romântica. Ele é gentil. Ela não sabe por onde
começar. Ele só quer começar. Ela respeita o silêncio. Ele pergunta todo
dia uma coisa nova. Ela sonha com os quilômetros que vai rodar. Ele já
rodou muitos. Ela está aprendendo. Ele já aprendeu. Ela não faz questão
de ser uma única pessoa. Ele é uma pessoa só. Ela escuta o mundo. Ele
escuta o que convém. Ela procura saber. Ele procura ensinar. Ela encaixa
ali. Ele encaixa em tudo. Ela tem medo. Ele tem esperança. Ela descobre
cada dia uma novidade sobre ele. Ele já fez pós graduação em moças como
ela. Eles são inseguros, e talvez essa seja a única coisa parecida
deles. Coincidentemente é o que os ligam. Ela o vê como tudo o que não
viveu. Ela a vê como uma louca prestes a abandonar tudo. Ela já não quer
saber de responder perguntas. Ele já quer fazer parte. Ela sorri ao ver
ele. Ele abraça o mundo dela. Ela está protegida. Ele está conhecendo
os mistérios de ser tão intensa como ela é. Eles possuem esperanças. Dão
as mãos no meio da noite e sussurram palavras poucos praticadas nos
últimos anos. Adoram a companhia um do outro, e sorriem no silêncio ao
olhar no fundo olhos perguntando o que estão pensando. Ambos não sabem
para onde ir, mas estão indo. Eles não definem, não contradizem, não
esperneiam. Eles só querem a presença e o futuro que está chegando
rápido e previsível. Eles são complicados, mas se encaixam com tantas
observações.
- Jana Escremin
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