quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O rapaz, a Silvinha e eu


Aconteceu algo muito estranho comigo. Um rapaz me dispensou sem deixar as coisas claras ou simples. Apenas olhou e observou que eu gostava muito de sair, dançar, beber e de ter amigos. WTF? Ele julgou que por eu ser tão feliz assim não servia para compromisso sério. Arriscou dizer que era difícil pois eu possuía amigas demais.
Esse rapaz não quis me acompanhar, fato.
Apontou como erros a felicidade que eu sentia e concluiu de uma vez por todas que a correta para namorar era a Silvinha. Bonitinha e cheia de mimimi. A Silvinha pagava de santa e adulta, mas no fundo todo mundo já a conhecia. Pensei na hora: pobre rapaz.
Certa vez o rapaz falou que eu era baladeira demais para ele. Então cometi o erro de ouvi-lo e tentei ficar em casa. Sim, podem me julgar, ele influenciou na minha felicidade.
Porém comecei a saber que ele ainda estava pela rua. Vivia em bares, em encontros com Silvinhas. As vezes descobria que esse rapaz estava bêbado na mesma balada que eu gostava de ir.
Então, por que ele pode viver com o que me faz feliz, mas não pode me ter ao seu lado para comemorar a beleza de sermos jovens?
Por fim, quando fiquei em casa para mostrar quão "adulta" eu podia ser, observei algo maravilhoso. Esse cara estava me tirando o sorriso.
E é óbvio que não me obrigou a ser uma Silvinha, mas a ilusão de tê-lo como um companheiro foi cega, surda e muda. Assumo. Então eu desisti. Acenei de longe e sorrindo. Coloquei meus fones de ouvido e a música voltou a tocar no mesmo instante em que virei as costas para aquela ilusão.
Mas e o rapaz? Nunca mais soube dele. Dia desses ele fingiu que não me conhecia e mesmo que doesse cada milímetro do meu corpo por ter me enganado, decidi não me reduzir a ser uma Silvinha. Dancei, cantei, sai e bebi com muito mais força.
Por fim, ele ficou com as Silvinhas dele e eu com a minha alegria. O que aconteceu comigo foi mais bonito. Cresci e hoje nenhum homem vai me tirar a graça de ser feliz dentro ou fora de uma balada.
Agora é assim: se quiser pode até me acompanhar. Afinal, sou feita de risadas, caipirinhas e carinho com ou sem um amor do lado.
- Jana Escremin

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