Me apaixonei pela carência e pela necessidade
de escrever. Percebi isso quando a carência acabou e escrever tornou-se
mais do que um desabafo. Meu amor era duvidoso e sem alternativas. Era
você, você, você, você. Agora é você, mas tem aquele
outro que se apaixonou pelo cheiro e pelo jeito engraçado que conto
minhas histórias idiotas. Há muito tempo não sentia o olhar de quem
admira e descobre alguém além de mim. Acho que faltava assoprar esse meu
ego, que não estava sendo bem tratado. A carência confundiu tudo, mal
consigo ficar brava! Não preciso pensar só em você, porque tem um milhão
de vidas para ser vivida. Reservei os minutos antes de dormir para
inventar histórias com você que nunca vão acontecer, mas durante o dia
estou me divertindo com quem demorou, mas chegou. Quem diria que o meu
amor era ainda aquele velho e eterno carinho, nada mais que isso.
Faltava um personagem principal e você fez o seu papel. Redigi milhares
de textos pela carência e angústia em querer ter o que não podia. Agora
tudo está mais calmo. Apareceu um sorriso, uma vontade de ser de alguém e
principalmente ser alguém para alguém. Tem uma pontinha no meu peito,
cutucando e mostrando que não foi amor, foi loucura. Voltei para o meu
posto, coloquei você no lugar que nunca deveria ter saído, e agora está
tudo tão colorido. Eu, você, minha vida, meus amigos. Sou feita de
detalhes, busco, vasculho e perco a noção do tempo capturando
informações. Estou apaixonada por essas informações, e torcendo para a
fase não passar tão cedo. A felicidade fez morada, o amor mostrou que
não era amor e eu continuei sorrindo e deixando que o meu perfume, o meu
sorriso e as minhas frases esquisitas fizessem sentido para quem quer
fazer sentido. Chega de pirar com quem não pira na minha.
- Jana Escremin
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