E se eu não for a mocinha da história? E se eu
for a chata, sem noção e totalmente descontrolada? E se eu for tudo o
que não quero ser? Terei forças para aceitar todos os adjetivos que
julgo de forma errada? E se os meus planos não forem mais
meus? E se eu parasse de perguntar tantas coisas e começasse a falar
mais? E se por um momento eu for só uma garota que não descobriu o fim
da história? E se eu não for a moça cheia de mistérios que gostaria de
ser? E se eu não souber qual caminho tomar e me dividir em tantas para
encontrar o certo? E se por algum momento eu tivesse a noção do que deve
ser feito e a hora certa? Sabe, eu nunca acertei com as horas. E se
neste ano o meu subconsciente comece a pregar peças e a moça tímida e
controlada sumisse quando menos espero? E se eu parasse de fazer tantas
perguntas? E se por um momento os "se" sumissem? Não tenho vocação para
vilã, não tenho vocação para Madre Teresa. Gosto de classificar pessoas
e tenho uma lista extensa sobre cada uma delas. Mas engana-se quem
acha que é uma lista maldosa. Lá eu deixo os seus defeitos, qualidades,
momentos e marcas. Observo com o meu olhar crítico e teimoso o motivo
para ser quem são. Observo o sorriso quando chega forçado, as palavras
quando estão perdidas e os momentos que nunca voltarão. Estou
aprendendo a ser mais mulher e menos menina. Isso me dá medo, porque
sempre gostei do meu jeito menina de ser. Parece a última esperança de
uma vida pautada em impulsos e seguranças nem sempre tão seguras. Queria
me classificar em algum lugar. Quero enfiar o meu jeito na lista que
carrego e descobrir quem sou, quero me observar. Porém, agora pareço uma
desconhecida. Uma desconhecida que estou gostando, que estou dando
gargalhada, porque eu pensava ser uma destrambelhada, mas essa nova moça
que não se classifica em tipos promete fortes emoções, e eu só queria
um momento de auto conhecimento para não assustar todas as vezes em que
meu julgamento gritar com saudade da menina que aprendi a ser. Estou
vivendo uma mistura, e mesmo não assumindo comecei a gostar disso. Se eu
puder ser quem sou e ganhar com essa desconhecida, então aceito todos
os "se" e deixarei minha história se desenrolar por conta própria.
- Jana Escremin
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