quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sem nomes, sem regras... só o amor [5]

Juntos eles ficaram por dias e semanas. Houve até o pedido de namoro quando ele junto dos amigos parou o carro no meio da rua, desceu em frente ao seu portão e quando ela ia entrando, ele um pouco tímido fez o pedido e quando ouviu o 'sim' beijou-a com tanta felicidade. Ela não gostou do começo do namoro, amava outra pessoa. Porém aquele garoto estava conquistando-a e ela tinha medo de se decepcionar com o amor caso houvesse uma segunda chance. Ela desistiu, depois que tomou a iniciativa de largar pois não podia enganar seu coração percebeu que estava totalmente equivocada, sentiu uma falta enorme dos carinhos dele. Queria ele, com todos os seus medos e vontades.

Voltaram, e com o tempo as coisas foram melhorando. Afinal agora ela o amava, não pensava em outra pessoa, era ele o tempo todo. Com esse amor veio o ciúmes. Ciúmes esse que ele adorava, pois já tinha confidenciado a uma grande amiga dela que sentia uma felicidade ao vê-la se estressar por outras garotas, fazendo assim certas situações acontecerem de propósito. E assim o tempo foi correndo, os meses se passaram. Houve até um dia dos namorados com direito a aliança e rosa. Era tudo lindo e sério. Mas com o tempo e o amor, chegaram as brigas. Garotas, garotos, ciúmes de ambos. Durante um ano e meio largaram quatro vezes, sendo a última definitiva para ela. E em todas as vezes ela tomando essa iniciativa de se afastar e cuidar do seu coração sozinha, mesmo não querendo ela abandonava seu grande amor pelo simples fato de não aguentar mais. Ela não aguentava mais amar tanto e receber em troca tão pouco amor. Porém não era só o amor, o amor tinha mudado ela, começou a dar valor para cada sorriso, cada noite em que ele dormia em sua casa, juntos no sofá vendo filmes ou qualquer coisa banal na televisão. Era todos os dias assim, até em seu serviço ele chegava, lindo e sujo do trabalho, sorrindo e se importando. Ela não via defeitos, eram beijos e promessas apenas. 

Ela estava amando mais do que esperou. E consequentemente mais do que ele amava ela. Mas cada vez que largavam ela desmoronava. Ele implorava seu perdão, ela não aguentava mais ser trocada por alguém que não trazia benefícios a ele. As drogas. O problema dele com as drogas virou uma confusão no namoro, fazendo ela abandonar todos os planos e sonhos construídos juntos. Todos os momentos maravilhosos ao seu lado eram destruídos por um bendito pó branco. Ela chegava a gritar que ele não precisava disso, a família dele tão maravilhosa não merecia. Ele, e muito menos ela merecia isso. Se perguntou durante noites em claro o motivo de tal atitude. Onde ela estava faltando? Afinal seu ciúmes era enorme mas nunca negou seu amor a ele. E ele nunca a tinha traído, porém era tão banal por quem ela era trocada. As mentiras começaram a aumentar, toda vez a mesma história, seus olhos já sabiam de cor soltar lágrimas quando descobria.

Porém com cada separação ela descobria que não era SÓ isso. Era ela chegando aos prantos para suas amigas e sua mãe. Perder a fome, não sentir vontade de sair da cama viraram costumes, apenas para descobrir que ele toda vez que largavam pegava o carro e ia ficar com outras garotas no mesmo dia. Para que no outro dia voltasse atrás, voltasse para ela que negava seu pedido de perdão, não conseguia mais acreditar que ele ia mudar, era tão clichê perdoar, ele durar algumas semanas como um bom moço, e depois se entregar a droga e largarem. Ela já estava cansada. Amava-o por isso tentou uma, duas, três vezes reconciliar e mostrar que era ela e não as drogas. Na última vez que voltaram ela avisou que seria a última chance, mas ele sabia que não ia demorar para cair em tentação. Ela se questionava sobre os sentimentos dele. Se eram verdadeiros ou não. Ele chorava, pedia perdão, mudava e fazia sempre as mesmas declarações, para depois esquecê-la quando precisava de outra distração (droga/amigos).

E mais uma vez, ela deixou os dias passarem. Voltou a perdoar, afinal quem ama perdoa. Naquele exato momento ela sabia mais do que nunca a verdade deste ditado. Mas perdoar cansava também. O amor dela nunca tinha diminuído. Além do amor, ela tinha um carinho por ele de querer cuidar e mudar sua vida. Mas ele não dava espaço. Eram sempre as mesmas desculpas. E foi aí que as mentiras começaram a acontecer com mais frequência. Ele estava toda noite com ela, dando o seu amor, e ela oferecendo o que de mais puro tinha. Ela se entregou para ele, pela primeira ela foi de alguém de corpo e alma. Na verdade para ela foi a primeira vez de tudo: do amor e do prazer. Aquele garoto tímido e simpático estava diferente. A amava entre quatro paredes, tinha seus ciúmes porém começou a ficar agressivo, dando-lhe diversas decepções. Tratava ela mal, como se trata um cachorro. Houve momentos em que ele xingou e ela guardava tudo dentro do coração. Era apenas no momento a dois, quando o amor carnal estava começando a rolar que ela se sentia amada.

O amor ficou cego. As amigas não aguentavam mais ver ela vivendo por ele, ela perdoando ele. E ele a amando do jeito mais egoísta que se pode amar: Maltratando-a. Ela não sabia existir sem ele. Eram um casal, e juntos eram um. Separados  se tornavam dois, e ela não sabia ser dela, apenas dele. Mas ele já estava treinado. Ele sabia ser dele, sempre soube. A máscara em seu rosto caiu, ele era grosseiro, egoísta, amava e não amava. Amava quando precisava satisfazer seus desejos, não amava quando fazia dela seu tapete mágico. Ela soube conviver com tudo isso, chorava e sorria. Teve todos os momentos altos e baixos com ele. Até que decidiu se entregar e fazer dele seu amor, nem que para isso ela o obrigasse a mudar. Mas com o tempo juntos, ele estava melhor com ela. Por fim estavam se dando bem, o amor estava como tudo em cima. Mais alto do que baixo.

Entre os tapas e beijos programaram uma viagem. Passar o final do ano juntos com os amigos na praia era algo que como todo casal deveria fazer e eles estavam tão bem. Ela vivendo a ilusão que agora estava bem e ele sendo o cara que ela descobriu ser após um ano de namoro. Um dia estava do jeito que ela o conheceu, com o mesmo olhar apaixonado, no outro ele deixava pontos e mais pontos de interrogação na sua cabeça. Foram viajar, passar dez dias longe da confusão da cidade. Os dias foram perfeitos tirando o corte que seu coração levou no segundo dia. Estavam querendo se divertir e porque não irem até a beira da praia, a noite com algumas bebidas e amigos?! Fizeram isso no segundo dia em que estavam lá, entre bebidas e muitas risadas, ela decidiu ir até o banheiro com uma das amigas, enquanto a outra ficaria para cuidar caso ele resolvesse aprontar.

A noite seguiu, ela dormiu com ele como sempre fizeram. Eram casados quando dormiam. Se combinavam, o abraço encaixava, tudo dava certo. Quando acordou ela sentiu que uma das suas amigas estava estranha, mais fingiu não se importar. Foi até a praia com eles, enquanto ele resolveu ficar sentado na areia, ela foi se molhar junto da amiga. A água estava fria, muito gelada como nunca tinha estado. E ela esfriou muito mais quando ouviu da boca de sua amiga palavras conhecidas saírem com tanta naturalidade. A amiga antes de contar foi pedindo para que não fizesse nada, era melhor esperar até o final da viagem e quem sabe alguma coisa acontecia de diferente, talvez ele confessaria o que tinha feito. A história era que na noite passado quando ela foi ao banheiro e deixou sua amiga para cuidar do seu namorado, ela viu seus amigos tirarem do bolso o pó branco. Tão conhecido entre eles. Ela olhou para ele, que no mesmo momento perguntou se ela contaria para sua namorada caso ele resolvesse usar. Sua amiga queria ver até onde ele ia com sua coragem e sua falta de respeito, então disse que podia fazer o que quiser. E ele foi, sem dó. Em sua frente sem cerimônia colocou para dentro do nariz o fim do seu relacionamento.

O mar que estava gelado e seu coração que havia sido quebrado ao meio, foi distraído com a chegada dele, todo carinhoso, beijando-a, abrançando como se nada tivesse acontecido. Ela não sabia fingir, mais precisou. Sua amiga implorou para que ela não falasse nada. Chegando no apartamento resolveu ligar para sua mãe, estava perdida. Não sabia continuar com a história falsa e tinham tantos dias pela frente ainda. Ele não era ele, não sabia amar se não fosse sincera. Sua mãe pediu para que ela esperasse, tinha medo da reação dele, era melhor conversar quando estivessem na cidade. Ela conseguiu. Durante os dias restantes foi fria, deu algumas indiretas, brigaram. Seu coração virou pedra, dormiam juntos, riam, conversavam, beijando sempre e ela parecia até que tinha esquecido tal acontecimento, e ela desejou que esquecesse. Durante os momento de indireta ela não falou o motivo exato, e ele muito menos. Fingiu que nada tinha acontecido. Ela chorou escondida dele diversas vezes nos dias que se seguiram. Tudo tão perfeito, tudo tão falso.

A viagem acabou, seu romance também. Ela colocou em sua cabeça que ele não a amava, por tão pouco foi capaz de jogar no lixo uma história que começou tão diferente, e com tanto amor da parte dele. Ele desmentiu, riu da sua cara. Ela simplesmente abandonou. Os dias que seguiram foram de eterna magreza. Ela sem rumo, ela sem ele. E ele saindo para festas, encontros, bebendo, e sendo livre. Nos olhos dela estava escrito o tanto de água que rolou pelo seu rosto. No dele havia apenas a certeza que tudo tinha sido muito bem planejado e ela não existia mais. Ela decidiu ir embora. Pediu para sua mãe, não aguentava mais ficar naquela cidade que lembrava tanto ele. Precisou de ar puro e mais do que nunca ar novo. 

Assim a vida seguiu. Fazem oito meses que ela está sozinha, que ela se entregou a desconhecidos e conhecidos também. São oito meses que ele mostra cada dia mais que não a ama. Existiu momentos em que ele voltou atrás, implorou novamente, mas ela prometeu que seria forte, que ele não a amava, o amor era maior do que suas atitudes, e amar sozinha era a primeira coisa da sua lista de objetivos que não devem acontecer na sua vida. O tempo passou, ela aprendeu a viver sem ele. Houve um flashback que ela estava pronta para ter, tinha esquecido toda a mágoa. Viu ele fazer novas amizades, mudar sua vida, seu estilo e seu comportamento. Ela assistiu de camarote ele ter relacionamentos com garotas que machucavam seu coração profundamente, e outras que não mereciam seu amor e teve também aquelas que ele conheceu depois dela. 

Porém ela colocou na sua cabeça que o amor é mais do que isso. Quem te ama pode até te fazer sofrer, mas não faz isso sempre, faz porque quer você e não atingir você. Quem te ama é único, sempre haverá brigas porém nunca o sentimento será negado. E ele negou. Em uma das brigas após o término ele veio atrás e ela questionou quem ele era: A pessoa que estava ali nos emails, nas conversas entre os dois, aquele que chorou e pediu para tentar de novo, dizendo mil e um 'te amo' para convencê-la do seu amor ou ele era o cara que mostrou ao mundo? Arrogante, sem passado, sem a mínima consideração por quem ficou do lado dele, mesmo vendo ele se afundar nos seus defeitos e nas drogas? Ela demorou muito para entender o que era o amor, e descobriu que o amor não era ele. Era ela.

Assim, ela foi embora. Ela encontrou outros amores antigos e novos. Ela decidiu que não ia mais sofrer, que se ele não faz questão do respeito ela não iria pensar mais nele. Mudando ela conseguiu mudar. Cresceu, sentiu-se livre. Ela se tornou ele, porém com toda a sua inocência se tornou ele no sentido de ser livre, de ser dela e conseguir ser um pouco egoísta. Encontrou com diversos homens, nenhum a completou porque ela descobriu que somente ela pode acrescentar algo dentro de si. Acrescentou amadurecimento e amor próprio. Descobriu que é possível viver sozinha, e melhor do que isso. É possível seguir em frente. Nunca quis se afastar dele, tentou inúmeras vezes mostrar que se importava, mas não havia sentido se importar com alguém que não pensa em si. Muito menos nos outros, ela desistiu do amor, do carinho, do respeito que sentia. Ela apostou as fichas nela, somente nela. Abandonou suas razões e sua coragem foi lá em cima. Agora ela não precisava mais dele para andar, sentir ou até amar. 

Hoje ela procura apenas amores clandestinos. Daqueles que ninguém precisa saber, só ela. Não quer mais sofrer por ninguém. Se tiver que amar novamente será somente quando valer a pena. Hoje ela ouve promessas, saudades dos romances antigos e novos mas sorri como quem sorri de uma piada. Se entrega como aquela garota do começo da história, se entrega sem se entregar. Do mesmo jeito que ela se reinventou para ele, ela estava se reinventando para outro, mas dessa vez com muito mais experiência. Não foi o medo, foi a vontade de não passar pela humilhação que o amor proporcionou a ela, na verdade o amor só ensinou coisas boas, foi o garoto de moletom vermelho que proporcionou desapontamento. O amor nunca seria tão cruel com ela, ele é maior do que a capacidade deste garoto de enfrentar, crescer e perceber que aquela droga entrou pelo seu nariz e nunca ia deixar o amor fazer o mesmo, o amor que ela sentia. Quem ama não entra pelo nariz de ninguém, ele sempre vai querer entrar pelo coração e só.

[+] FIM [+] - CAPÍTULO 5 - CHOVEU EMOÇÕES, AGORA ELA COLHE O QUE É BOM

4 comentários:

má facincani disse...

Siplismente lindo amiga
chorei lendo aqui :)

beijoss

Anônimo disse...

me arrepiei ,emocionante demais
e vc é muito guerreira ;) PARABÉNS

LH. disse...

Sinceramente, a melhor historia de amor que eu ja li.
Eu que convivi com essas pessoas do texto sei o quanto foi duro, de ambos os lados superar a perca e sempre tentar que o amor prevalecesse.
Sei o quanto deve ter sido duro escrever algo tão lindo e tão triste ao mesmo tempo e ainda mais, tão complexo.
Historias como essa aconteçem todos os dias, o amor se detruindo por tão pouco, por coisas que são irrelevantes.
Parabéns jana, você sabe que tem a minha adimiração por você, por você escrever tão bem e por ser essa mulher forte que você tanto demonstrou ser e que seja sempre assim e que nada mude.

Natália Careti disse...

Parabéns Jana, lindo texto! Quero ler mais histórias assim, que tenham um grau de igualdade com minhas histórias viu.
Quem é que nunca teve um amor profundo, marcante, feliz e também infeliz? Já chorei horrores, sofri demais também, e assim como a mocinha da história, aprendi a me amar, a me conquistar, e ser feliz da maneira que sou. E como consequência só me aconteceram coisas boas...

Ahhh, eu já sabia que essa história não teria final feliz depois que o mocinho matou o gato, ato cruel. Pessoas que não respeitam nem animais, como se respeitam ou respeitam outras pessoas?!
Enfim, parabéns!!!

beijo!