quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Seja alguém. Não, calma.


Seja meiga. Seja educada. Seja autêntica. Seja feliz. Seja assim. Seja assado. Seja inesquecível. Sorria. Seja diferente. Seja gostosa. Seja atraente. Seja boa.

Calma, por favor!

E se eu for eu? Se eu gostar de sentir muito? E se eu for um pedaço de gente que ainda não se encaixou nas modernidades do século XXI? Qual o pecado em ser quem eu sou? Sinto, respiro, digo, escrevo. Não preciso de orgulho para ficar fazendo joguinhos. Eu jogo muito bem, mas tenho preguiça de quem manda eu ser quem não tenho a vocação de ser. Se eu quero, eu vou, simples.

Sim, vou usar muitos "eu" nesse discurso. Sou assim!

Quis ter filhos e um casamento igual aos que vejo por aí. Idealizei tantos sonhos que hoje só quero a paz de estar sozinha. Me sinto bem aliviando vontades sem compromissos. O desapego é uma dádiva que poucos conseguem dominar. Eu não domino nada, mas finjo tão bem que se tornou natural.

Não preciso ser essa pessoa que todos dizem ser a ideal. Se eu quisesse ser ideal para alguém teria aceitado os chifres, as falhas, as desculpas. Quero ser ideal para mim. Ponto.

Conheci uma pessoa uns dias atrás. Em dois minutos de conversa ele já disse que eu era fofa. Lancei a mão e disse: "Pare". Não sou fofa, porra! Mas poderia ser, se quisesse, claro. Eu sou assim e talvez seja o meu maior problema. Não preciso fingir ser fofa, as vezes me escapa, assim como a grosseria. As vezes sou muito grossa, e as pessoas acham errado. Quer saber? Foda-se.

Como explicar quem eu sou se não pareço com o que o mundo enxerga? Tenho uns defeitinhos aqui, outros acolá. Mas cansei desse papo de "seja alguma coisa para ter o que todo mundo tem". Fala sério?! Não quero ter o que todo mundo tem. Quero ter o que é meu, por merecimento e felicidade. Amei, sorri, chorei, sofri, levantei e olha só! Aquele papo de que a gente tem que se bastar, bastou.

Ser alguém perfeito para o outro é tão errado. A primeira vez que quis me moldar, percebi que não nasci para isso. Como perdoar quem não tem vergonha na cara? Como sorrir quando a vontade é de chorar? Sinto muito, mas eu sou dessas que sente, fala, grita e você não pode impedir.

Gostou? Ótimo. Não gostou? Ótimo, também.

Eu já sei o que procurar. A ideia de filhos, casamento, amor e cabana nasceu para alguns, talvez eu sonhei com algo que não me pertence e hoje aceito isso.

Ontem interfonaram no meu apartamento para saber o meu nome. Não sei quem foi, mas notei a intenção. A vida tem mostrado que ser mais para dentro do que para fora é destaque. Agora sei que ser alguém sem regras é o melhor remédio para ser perfeito para si mesmo e ninguém mais. Chega de tanto "seja".

- Jana Escremin

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