domingo, 6 de dezembro de 2009

O amor em sua humilde residência




Eu vejo o amor como uma casa simples. Apenas composta de uma porta, duas janelas. Uma com vidraça e outra sem. Dentro apenas uma cama, uma poltrona, um vaso de flores, e geladeira. A janela de vidro é aquela que nós olhamos para a rua, e sem ao menos conhecer nos apaixonamos por um amor que passa ali todo dia. Porém o vidro atrapalha a visão e a comunicação. A vontade de sair pela porta e conhecer o desconhecido é enorme. Mais para isso a coragem tem que triplicar para você quebrar esse vidro ou sair pela porta da frente dando a cara para bater. Isso é coragem. E se você demorar muito é perigoso. Quando decidir sair ao encontro do desconhecido talvez ele tenha encontrado outra casinha e nela alguém teve coragem de sair pela porta ou quebrou o vidro e aí você volta para a sua casinha triste. Desiste da janela de vidro, e vai até a segunda janela. Nela tudo é nítido, os amores passam e até param para conversar, paquerar e colocam as mãos sobre a janela, mais alguma coisa impede a passagem. Tão fácil, tão perto... Mas tão difícil. E quando os amores somem é certo que encontraram outra casinha para morar. Não fique triste, eles podem voltar a passar pelas janelas. Cansados da outra casinha retornam. Ou não. E pela porta entram aqueles que tiveram coragem, aquela coragem que você não teve para sair dela. E os que entram são maioria, de diversos tipos. Alguns vão entrar tímidos, você tem que oferecer uma das suas flores, pedir para sentar na sua poltrona. Mais cuidado com esse, ele pode achar depois de algum tempo que tudo na simples casa é dele também. Existem os que entram e fazem uma bagunça boa, sentam na beirada da cama e faz você rir, faz você se encantar pelas histórias que ele tem para dividir. Ele bagunça a beirada da sua cama e sorri como se o lugar que estivesse sentado fosse feito para ele. Para mim, são os melhores. Outro e não desconhecido tipo de amor que existe é aquele que passou pela janela de vidro, você observou, e não viu que estava sendo observada também. Aí ele chega de mansinho na segunda janela e ganha seu coração e depois de algum tempo a vontade é tanta que você o chama para conhecer a sua humilde residência. E isso faz você feliz. Então eles entraram, e fazem parte da sua casa. Eu já ia me esquecendo de alguns que chegam e destroem poltronas, camas, vasos e geladeiras. E isso machuca. Aí você expulsa esse tipo de amor que entra sem pedir licença e destrói tudo. E esquece que um dia aquele vândalo entrou na sua casinha. E quando terminar de restaurar sua casa você tem várias opções. Vá para a janela aberta e convide quem você quiser para entrar. Mais se lembre: Um de cada vez, ou escolha apenas um que vai levar a poltrona, a cama, o vaso de flores e a geladeira dele juntos para dentro da sua casa. Ou você pode mudar com todas as coisas para a casinha dele e deixar a casinha para outra pessoa que ainda não conhece o segredo da casa.

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