segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Boneca de pano



Sempre tentei atrair os homens pelo o que eu sou, e enquanto houve ingenuidade em mim, parece que tudo era mais fácil do que tentar atrair pelo o que sou hoje. No início era apenas uma bonequinha. Miudinha em seus defeitos e sem o direito de reclamar. Com voz e risada suaves, sempre soube o momento certo para tudo. Para falar, sorrir, olhar, beijar, e etc. Isso atraiu todas as pessoas que eu desejei ter em minha vida. 

O tempo passou e a malícia tomou conta da pessoa que me tornei, e muitos não gostaram. Fui de boneca recatada para boneca moderna. Dessas que repetem as frases, se alimentam e até usam o banheiro. Eu comecei a agir por conta própria e não agradou. Tão fácil ser boba, meiga e inocente. Tão complicado ter opinião, ser forte e escandalosa. 

O que ambas sempre tiveram em comum, é que nunca eu pretendi me guardar para nada ou para alguém. Meu sonho é alto, grita no meu peito, e até mesmo quando eu insisto em ficar em silêncio parece que todos me escutam. Impossível agradar com as emoções a flor da pele. Não perdi o romantismo mais me perdi em alguns conceitos básicos. 

O sexo se tornou assunto comum na roda. Até mesmo quando estou há meses sem praticá-lo. Sou criticada por ser verdadeira. Perdi amigos por não saberem enfrentar minha ousadia. As pessoas gostam mesmo é das inocentes, das que não pensam, ou melhor, das que fingem que não pensam. Eu sempre pensei, só guardava tudo para mim. As pessoas insistem em pisar em quem finge ser bobo, fui pisoteada até aprender que inocência não gera respeito.

E foi quando um furacão entrou na minha vida, derrubando tudo e todos, que me dei conta do tempo que eu estava perdendo colecionando pessoas. Essa sou eu, apenas estava me escondendo e agora compreendo que ser boneca é ser mulher. Essa mania de querer impressionar os homens por algo que não sou não me pertence mais. 

Se alguém me amar eu vou ter certeza de que é amor verdadeiro, pois para aguentar tanto palavrão, tantos pensamentos soltos, tantos sorrisos que escapam mesmo quando a vontade é de chorar, tem que me amar intensamente. Profundamente.

E assim eu fico tentando encantar as pessoas com essa mania besta de ser louca demais, simpática demais, menina demais, feliz demais. Mas no fundo eu descubro que os homens sonham em ver o circo pegar fogo, e o que vale mesmo é corpo, e ele tem que ser muito quente. Tenho fogo, não tenho corpo. E não ligo. Um dia me encontro e encontro o babaca que irá achar graça das pernas brancas e finas que desfilo sorrindo, mesmo que algumas vezes sejam tão frias.

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