sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Namorando da janela

Eu namoro na janela, e descobri isso quando olhei ao meu redor e vi que todos com quem eu ando tem seus respectivos parceiros, e eu não. Namorar na janela para mim virou isso, eu olhando os casais sendo felizes e namorando o namoro deles, e isso nada tem a ver com inveja, fique claro.

E foi assim que o meu papel na sociedade se definiu, sou uma menina para ouvir e escrever. Escrever tristezas para mim, e romances para o outro. Ouvir um comentário aqui e outro acolá. Descobri minha função dia desses quando me dei conta que estou sozinha faz algum tempo. Percebi que minha melhor companhia é a solidão. Indo por essa linha de raciocínio fui elaborando meu lugar no mundo. Alguém sem ninguém (homem/macho), mais alguém completa por outras pessoas que só precisam da minha companhia para alegrar ou confortar.

E é tão engraçado reparar quando vou a bares e festinhas. Todas as amigas e até mesmo os desconhecidos, sem exceção: T-O-D-O-S namoram e são felizes para sempre, e a situação só fica mais constrangedora quando esses casais sentem que eu preciso de um parceiro para fortalecer o grupo. Mas eu não preciso, ou melhor, no momento a última coisa que quero é dor de cabeça. Homem virou sinônimo de enxaqueca para mim, e com vinte anos me acho nova para doenças tão estressantes.

Mais voltando ao assunto, não vou mentir que me sinto deslocada quando todos os casais na mesa resolvem se paparicar e roçar suas línguas uma nas outras. Mas a minha língua só quer conversar, só quer amparar. E eu sou a guru dessas garotas. Porém sou aquela guru que nada ajuda, ouço mais do que falo, não gosto de palpitar no romance alheio. Isso se chama trauma de quem teve o seu mais do que palpitado, fica a dica.

Estou no mundo sozinha, e isso assusta as pessoas. Principalmente a mim, que agora estou conformada e gosto de sair com as amigas e seus lindos oficiais. Sinto falta, sinto vontade, mais sinto uma alegria que é minha, e alegrias nós dividimos com quem é especial na nossa vida. No momento essas pessoas são esses casais, cada um com seus defeitos e qualidades. Eles que insistem que eu devo entrar no grupo, mais esquecem que romances perfeitos não são feitos para meninas como eu.

Portanto é tão complicado compreender e aceitar o lugar que tenho na sociedade que no momento em que aceito a realidade, a vida flui. Agora eu tenho cabeça para trabalho, amigos, ouvir os romances alheios, e um coração tranquilo. Sem tristeza ou mágoa. Assumo: sou sozinha do amor carnal, mais sou completa com o que tenho hoje.

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