quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Muro

De tanto escrever, fiquei pensando se algum dia alguém que por quem derramei linhas e linhas vai vir ao meu encontro. Nunca aconteceu e nem vai, pois para quem já ouviu a seguinte frase: “Eu não perco o meu tempo vendo isso, quem gosta de tristeza é você”, do cara que mais tirou palavras dos meus dedos entende o motivo dos sentimentos ficarem no papel. Quase sempre quando vou escrever eu penso nele, e nessa bendita frase que marcou. Nunca falei dela porque no fundo queria mesmo acreditar que ele lê esse monte de “tristeza”. Tristeza essa que me alimentou por um ano e alguns meses, tristeza essa que se fosse ele quem tivesse escrito, eu estaria desarmada.

Mas palavras são palavras. Ninguém perde o tempo lendo sobre a solidão do outro. Já me disseram também para parar de escrever coisas deprimentes sobre ele, mais eu não consigo. Os melhores textos que fiz foram para ele, e sempre serão. A falta necessária. Tudo o que pedi e nunca tive é substituído pelo prazer de desabafar coisas a respeito desse carinha que não perde o seu tempo comigo.

E eu perco sem pedir nada em volta. Pronto, posso ser santificada agora não é mesmo? Não! Ao contrário, de tudo o que escrevi, tudo o que já falei, e principalmente o ano em que estive ao lado do ser humano citado, não o fez compreender quem eu sou. Depois de tantas tijoladas pude construir um muro bem alto, com rabiscos sobre nós que não me deixam esquecer nenhuma feridinha que eles me causaram.

Todas as linhas, lágrimas, palavra por palavra estão gravadas e não há tinta que remova. Cada um faz sua escolha, e eu escolhi escrever para abstrair toda essa mágoa que ele criou, esse muro que construí com a ajuda dele. Então meu amor, você pode não ler, mais quando você tenta me olhar a única coisa que vai ver é um muro rabiscado, mais fique tranquilo, o meu rosto está do jeito que deixou, ferido e com muitas lágrimas.

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