Como um soco no estômago eu acabei com as
supostas esperanças. Não havia nada de errado com ele, comigo, com nós.
Não existia nada de errado, era apenas eu gostando do meu tempo sozinha e
desse silêncio que o meu quarto guarda sem ninguém para
incomodar. Parece absurdo alguém que suplica por carinhos alheios
dispensar um amor de sábado a tarde. As vezes penso que só quero o que
não posso recusar, e isso afeta todo o curso da minha vida. Dessa vez eu
não pensei antes de falar e o meu erro é saber que não estou errando.
Minha cama não sabe separar lugares, é tudo meu e mesmo que ele insista
em fazer parte do meu dia, ainda desejo estar sozinha. Não tenho tempo
para mim e quando o dedico a alguém quero fazer algo especial, mas
ultimamente sou mais silêncio do que gritaria. Meu tempo não quer se
dividir, por isso ocupa todos os segundos, e quando vou ver dei
respostas desagradáveis para alguém disposto a dar o seu amor. Se me
falta tempo, sobra vontade de estar sozinha. Me perguntam o motivo para
tantas fugas, e eu só posso dizer que acredito na química, na dedicação,
no querer estar por perto. Com ele nada disso acontece. É frustrante,
eu sei. Mas é o que sinto e desta vez não vou trair os meus desejos.
Acertei em cheio o coração de alguém que só poderia me dar amor. Acertei
em cheio o meu coração que está procurando por passagens secretas. Hoje
sou dona de mim e gosto de ser assim. Talvez a química esteja em
encontrar alguém tão dono de si quanto eu sou hoje.
- Jana Escremin
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