segunda-feira, 2 de maio de 2011

Quem é você?



- Oi!
- Oi, quem é você?
- Não se lembra de mim?
- Desculpa, nunca vi tão baixa e nem tão acabada na vida.
- Nossa! Ainda continua com sua sutileza, bom saber.
- Você me conhece?
- Sim, e muito.
- Ninguém me conhece, nunca me mostro!
- Então eu penso que te conheço.
- E conhece de onde?
- Conheço de um ano em que fiquei ao seu lado.
- Um ano? Como posso esquecer então de você?
- (risos) Não é de surpreender, você nunca se lembrava mesmo quando estava ao seu lado.
- Me desculpa, mas...
- Não peça, você estraga quem você é pedindo desculpas.
- Então você me conhece mesmo para saber que nunca peço desculpas.
- Claro, eu sempre implorei por elas, nunca ouvi nenhuma, não é agora que as quero.
- Não tinha a intenção de lhe dar nenhuma.
- Tudo bem. Mas e aí como você está?
- Estou bem, sempre estive.
- É... você sempre esteve.
- Não entendi a ironia.
- Não foi ironia, foi apenas você sendo você.
- Você está parecendo minha mãe já!
- Por falar em mãe, como ela está?
- Você a conhece também?
- Já disse que fiquei um ano ao seu lado, como poderia não conhecê-la. Conheço sua família quase inteira!
- Estou começando a lembrar de você, estranho isso.
- Estranho é pouco, cada palavra sua rasga meu peito.
- Não é a intenção, gostaria de me lembrar, mas infelizmente...
- Ok. Me diz uma coisa o que é importante na sua vida?
- Nada, não vejo muita graça nas coisas da vida.
- (risos) Você não muda nunca, que engraçado!
- Hum, eu não mudo mesmo, sou assim e ponto.
- Posso te perguntar então outra coisa?
- Diga.
- O que foi importante na sua vida, no caso digo 'alguém'.
- Para que você quer saber?! Não me conhece, não ia adiantar.
- Você não sabe, tenta, gostaria de saber.
- Uma garota.
- Bonita?
- Sim, mas deixou de ser algum tempo, nem a reconheço mais.
- E como ela era?
- Alegre e ao mesmo tempo muito brava. Até quando ficava brava era engraçada.
- Hum, e o que mais?
- Ah não sei, nunca tive muito o que dizer sobre ela, nunca disse a ninguém.
- Então comece por mim, me fala mais dela.
- Ela chorava por qualquer coisa, e eu tinha a mania de magoá-la. Ela também tinha, mas eu nunca me importei muito.
- Porque?
- Ela me amava, não precisava me importar com nada, entende?
- E você?
- Eu o que?
- Amava ela?
- Acho que sim, não sei.
- Como você acha? Não tem certeza mas ela é importante! Ou não?
- Ela é, mas não sei o que é "amar", ela sempre soube... Fiz muita coisa errada.
- E ela? Como agia com você?
- Ela sempre estava lá, eu podia sentar na cabeça dela que ela estaria lá!
- Você teve coragem de magoar alguém que estava lá por você?
- Sim. Mas porque tantas perguntas?
- Nada. Mas me explica uma coisa, onde ela está agora?
- Não sei, a muito tempo não a vejo, e não quero também.
- Porque?
- Ela traz lembranças que eu prefiro não reviver.
- Então vou gostou dela?
- Claro, foi importante já disse. Mas passou, como tudo na minha vida passa, ela passou.
- Que triste!
- Triste? Que nada, a vida continua.
- E a vida dela?
- Já disse que não sei, ela foi viver longe de mim.
- Talvez por medo quem sabe, já que você disse que ela o amava.
- É, foi isso mesmo. Ela sumiu para não sofrer mais.
- Sente saudade?
- Não.
- Que triste!
- Não é! São águas passadas, ela deve estar bem. Sempre esteve.
- Você não teve a curiosidade de ir atrás?
- Não, prefiro assim.
- Que horror, que mulher seria capaz de te amar sabendo o quão frio você é.
- Tem as malucas da vida, o mundo é grande.
- Malucas? É pode ser...
- Mas e você? Quem foi importante na sua vida?
- Muitas pessoas.
- E no sentido amoroso?
- Um garoto aí.
- Hum, e estão juntos?
- Não, não seria possível.
- Porque?
- Ele é diferente de mim, nos completavamos, era mais eu com ele, entende?
- Acho que sim. E o que você mais gostava nele?
- O sorriso, ele tinha um jeitão inocente, de moleque mesmo.
- (risos) Engraçado como vocês mulheres transformam tudo em romance.
- A gente tenta, mais nunca é possível ser feliz para sempre.
- Concordo (risos). E ele, te amava?
- Não sei. Eu achava que sim, mas não tenho mais certeza.
- E isso é possível? Ou ama ou não ama.
- Acho que não.
- Você ficou triste né, me desculpa! Você é muito bonita para sofrer assim, e muito nova também.
- Tudo bem, eu me acostumei com ele, com a mania de ser tão grande e não se lembrar do que eu fui em sua vida.
- O que você quer dizer?
- Você pode amar alguém com todas as suas forças e no segundo seguinte tudo se transformar em nada.
- Não deixaria isso acontecer comigo se encontrasse alguém que realmente amo.
- Você deixaria sim, afinal eu também disse isso, e olha onde estou.
- Gostei de você sabia?!
- Ué, eu não era aquela do começo da conversa: baixa e acabada?
- Não, naquele momento eu estava só sendo eu pois não te conhecia.
- Mas você conhece!!
- Agora sim
- Não, você já conhecia.
- Esse papo de novo?! Você me lembra alguém, só não sei quem.
- Você sabe, mas não vou forçar nada, sempre foi assim, lembrando e esquecendo.
- Que drama ein.
- Não é, é que já vim aqui muitas vezes.
- Fazer? Aqui é o meu espaço, sabia disso?
- Sim, e venho aqui todos os dias para tentar fazer você se lembrar. Acontece algumas vezes, na verdade é raro!
- Quem é você?
- Sou alguém que não desiste de você.
- Já senti isso antes.
-Eu sei, pois eu quem te fiz sentir das últimas vezes.
- MEU DEUS! Não pode ser!
- O que foi?
- Você é minha menina!! A que te contei, da história! Nunca esqueceria esses olhos. Agora eu me lembro.
- Quase acertou, eu ERA a sua menina, hoje eu só sou alguém que passa algumas vezes pela sua memória, alguém sem importância.
- Mas eu disse que você é importante! Lembra?
- Então porque nunca se lembra só de olhar nos meus olhos?
- Não sei, eu deveria lembrar!  Estava distraído é isso!
- Distração sempre foi seu mal, tanto que me perdeu por se distrair e me esqueceu se distraindo por aí.
- Não te esqueci, me desculpa. Eu deveria ter lembrado quando te olhei, não me era estranha.
- É, você deveria, mas você nunca lembra, você nunca se desculpa, você nunca se importa.
- Não entendo, você mudou.
- Sim, e você é quem não mudou. Eu sou a mesma, do contrário não estaria aqui.
- Não acredito no que fiz.
- Só mais uma coisa: Importante é alguém ou algo de quem a gente não esquece. Tchau!

E assim ela vai mais uma vez embora, querendo que ele sinta saudades dela, e principalmente deles.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa.

Ninguém acreditaria se eu contasse, mas esse texto é tão real ao que eu vivo hoje, que... Sei lá, chega a doer.
É um texto lindo, simples, porque profundidade não precisa de enfeites pra acontecer - é necessário sentimento, e só.
Encontrei muito por aqui, vou voltar.

Um abraço!