quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O sonho



Foi ruim e perfeito. Matei uma saudade que até agora eu estou me perguntando se foi verdadeira. Eu estava parada, em algum lugar que não consigo reconhecer, e tem várias pessoas que assim como eu estão perdidas. No meio da multidão ele surge, em minha direção sem falar uma única palavra. Meus olhos automaticamente já começaram a chorar, era a primeira vez em oito anos que conseguia algo tão real, sinto que chorei mas do que em janeiro de 2003. Uma dor enorme tomou conta do meu coração, eu abri os braços e quis eternizar aquele momento, e as minhas lágrimas eram de uma dor boa e ruim ao mesmo tempo. Eu não esperava essa surpresa, entre todas as lágrimas e o aperto no coração criei uma força que nunca pensei existir dentro de mim. Alguém o puxava de mim, enquanto ele falava frases como "desculpa por abandonar vocês", "eu te amo" e cada palavra dele aumentava minha dor. Pedi para Deus não puxar mais ele, eu precisava daquele momento.

Reconheci porque era impossível não saber as marcas daquele rosto que tanto me faz falta. Mas o toque, a voz e o jeito tudo isso eu não conseguia lembrar, e várias noites tentei imaginar e forçar um encontro, mas sem uma única lembrança de som ou presença era impossível realizar tal encontro. Foi tão demorado esse encontro e quando aconteceu eu me sinto como uma criança, na verdade como aquela criança que teve uma presença física mas não consegue se lembrar. O abraço que sempre dei quando ele surgia na porta de casa, foi como se a cena se repetisse e eu não queria mais soltar. Havia uma terceira pessoa que não deixava ele ficar para sempre ali, a dor entre eu e ele era tão grande que começava a machucar.

Todo aquele sentimento que escondi nas brincadeiras, fingindo me acostumar com uma saudade que tanto dói, eu deixei esvaziar. E mesmo quando escrevo essas palavras me lembro do nosso primeiro encontro. A noite foi a mais estranha e perfeita que tive, estou tentando me acostumar com essa sensação. Só de pensar que estive com ele por minutos, segundos, horas, eu não sei, perdi a noção de tudo. Só quero esperar pelo próximo momento, eu preciso vê-lo de novo. Minha saudade ainda está sufocada aqui. Toda noite eu quero você no meu caminho.

Sonhar pode ser tão real quanto viver, e hoje eu sonhei com alguém que durante oito anos eu não conseguia sentir a presença, foi o abraço mais perfeito que pude receber, meu sonho teve algum significado e começo a acreditar que vivi uma experiência real durante meu sono, eu tive o encontro com o homem que mais me faz falta no mundo. Pai, vou sempre esperar você, nem que seja por mais oito anos.

Um comentário:

Unknown disse...

Jana, esse post é lindo! lindo! lindo!
Palavras bonitas de um sentimento mais que bonito.. Maravilhoso! Enquanto eu lia, fui me colocando no seu lugar, fiquei mais que mexida, confesso. Coraçãozinho aqui bateu forte. Não é fácil a existência dessa perda, e sei que NENHUMA PALAVRA poderá amenizar sua dor/saudade. Apenas saiba que eu acredito SIM, que ele sempre está (e estará) com você por toda sua vida, até o fim! Opa, não acredito nesse "fim".. Acredito que após a vida temos outra pra viver (se é que me entende). Beijo grande e eu não posso deixar de dizer que eu adoro seu blog! (mas isso você já sabe né hahahaha) ;*
- Beatriz de Lucca.