sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um vício chamado paixão




Ela tinha o vício da paixão. Não queria parar de experimentar quando descobriu a outra manifestação de amor, era como se os seus pés saíssem do chão e só ela sabia até onde chegar. Ela sentia que ele podia ser capaz de tudo dentro do seu corpo, não existia outra pessoa que modificasse esse roteiro. Aquela menina esperou dezoito anos para encontrar alguém e deixou-se levar pela emoção. Juntos eles formaram um corpo só e nada os separava. Quando resolveu se entregar, ela não fez nada do que planejou. Queria rosas, velas e todas essas coisas que os filmes traziam na sua lembrança, ela não teve nada disso.

Mesmo assim, a menina não sabia como agir, só deixou que fizessem isso por ela, maldade nunca existiu ali. Era difícil entender esse amor que ardia dentro do seu peito, não seria capaz de dizer "não" aos seus desejos. Desejos que só foram despertados por um garoto mal intencionado. Nos olhos dele ela sentia o amor, mas queria olhar com a alma e tentou enxergar o que aquele humano era capaz de fazer com seus sonhos. Tudo se despedaçou, já estava feito, e ela foi aprendendo aos poucos como era ser mulher nas mãos de um menino fantasiado de homem.

Teve dias em que chorou sozinha, teve medo e raiva do amor. Aquela paixão não era capaz de parar com brigas, teimosias e o outro vício do tal menino. Ela fez de tudo, ficou linda para ele como nunca havia ficado, cumpriu desejos íntimos e todo dia seu vício era fazer dela o vício dele. Tudo em vão. Seus esforços precisavam ser além da paixão e do amor, porém cruzar essa linha era perigoso. Seus corpos se conectavam ainda, mas só naqueles momentos a sós. Tudo o que acontecia depois era diferente, lágrimas escorriam por seu rosto tentando encontrar respostas... Se a sua entrega não foi suficiente para ele perceber o quanto ela o amava o que mais podia fazer? Preservou todos os seus segredos e foi embora. Tem dias em que ela dorme pensando no que teria acontecido se cruzasse a linha da paixão. Teria sido feliz e ele realmente a amaria ou era mais um esforço em vão? Nunca irá saber, ou quem sabe daqui a cinco anos talvez.

Seus pensamentos são fontes inesgotáveis de perguntas sem respostas. Ela aprendeu a controlar sua paixão, afinal para que seu vício fosse sustentado era preciso que ele estivesse presente, mas isso já não era possível. Sempre que virou as costas, ela nunca sentiu a respiração, lágrimas ou até mesmo um grito dele implorando para que formassem o par que eram capaz de transformar o amor em tudo o que ela poderia imaginar.

Assim, os dias foram passando e ela só queria que ele tivesse respeito e reconhecesse o valor do presente mais caro e bonito que ela ofereceu à ele. Como toda a história da sua vida, essa história de paixão entre corpos virou mais uma em vão, e ela seguiu em frente afinal era a única alternativa que ele impôs no seu caminho, agora sua busca por outros corpos já não fazia sentido, tudo falta quando não existe amor.

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