quarta-feira, 25 de março de 2015

A história sem fim

Se tentássemos enumerar a quantidade de sentimentos que passam pela a nossa vida no decorrer dos anos, perderíamos as contas em menos de dez minutos. Ela seria uma grande e extensa lista para explicar como nos sentimos quando a esperança acaba, quando um amor começa ou, quando pela primeira vez, experimentamos aquela sensação de sermos donos do nosso caminho. O orgulho em conquistar nossos pequenos objetos ou pessoas é um sentimento único. Somos feitos de meros acasos, e eles nos colocam em dúvida sobre a independência que todos um dia almejam ter.
Ser dono do próprio nariz parece fácil. Mas nunca foi. Contas, sentimentos, perdas, negociações, sonhos, desilusões. Quantas coisas podem atrapalhar a sua independência? Há quem a tenha sem medo, mas há quem a deseje e por medo gruda na janela da vida, deixando que o vento as leve embora. Há também quem não sabe o seu significado, mas sente que vive cada segundo dessa sensação que está na grande lista de sentimentos.
Eu vivo a minha independência. Apesar de sentir falta de alguns ombros que embalaram os meus sábados a noite, eu sei continuar com coração na mão, sabendo que não vou morrer por qualquer um que tente tirar minha esperança. No entanto, sei que a falta de alguém para pessoas como eu é um preço alto a se pagar para viver neste mundo.
Já conheci quem se diz independente, mas depende de um amor qualquer para se sentir importante. Já conheci quem se diz independente, mas depende da família para tomar decisões. Nós sempre temos um pé na dependência e alguns fingem não vivê-la. Eu já fiz isso, hoje não mais.
Pago minhas contas, moro sozinha, comprei o meu carro e vou levando a vida como se ninguém pudesse me parar. Mas param. A independência é o custo mais alto de vida. Sentimental ou material. Ela nos cobra e por isso exigimos tanto de nós. Um passo na frente do outro, sem escolhas de fugir para o colo da mãe. Ninguém pode voltar atrás quando o caminho é ser livre. E esse é o meu caminho a muito tempo.
Na grande lista de sentimentos, que não seríamos capaz de contar quantos existem, tem um que nos cobra alto e carrega todos eles em uma única atitude. Não basta chegar, tem que atrair. Não basta perder, tem que sofrer. Não basta correr de volta para o aconchego da vida, tem que fazer das tripas um coração. Isso se chama "escolhas", e eu escolhi ser dona de mim.
Sou um gato na escala animal, enquanto alguns gostam de ser cachorros. Por isso, abrir mão das coisas fáceis pesa, mas nos modificam. Todos deveriam tentar. Ah, e isso não é uma reclamação! Sou madura, apesar de parecer uma adolescente apaixonada, e talvez esse seja o benefício ao optar pela a minha independência desde sempre: ninguém batalha por mim, apenas eu.
- Jana Escremin

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