segunda-feira, 28 de junho de 2010

Acabou o amor

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?" - FERNANDO PESSOA
 


É curioso o fim de um relacionamento. Sempre tem quem sofre mais, quem esquece rápido, quem procura a diversão para fugir da solidão. Assim vai. Mas o curioso no fim de um relacionamento são as dúvidas. O bendito e maldito "SE". 'SE' fosse de outro jeito estaríamos nesse instante pensando 'SE' estaríamos juntos? O 'SE' nos atrapalha, nos engana e principalmente nos tortura. Quem é que nunca foi torturado com as duas letras que mais desagradam no mundo? 'SE' você tivesse mudado quando disse que iria, seria tudo mais fácil. É difícil terminar, mais o maior causador do sofrimento são as perguntas que nunca foram respondidas. É bem ali, onde encontra-se o "SE" no começo de cada frase/tortura. 

Curioso também é como o outro sempre está mais errado do que nós. Nós erramos, mas o outro muito mais. Ele que nos causa dor, ele é o culpado. Difícil é aceitar que a nossa dor só tem uma culpada: NÓS. Essa dói muito mais. Cobrir o sol com a peneira e culpar o outro sempre foi mais prático, mais normal concordam? Como vou dizer a minha melhor amiga, que me apoia tanto, que sou eu  a culpada por perder a pessoa que amo? Impossível! O melhor é sempre achar que o outro errou. Curioso como seria mais bonito os relacionamentos e principalmente mais duradouros, se toda vez houvesse essa sinceridade. As coisas seriam bem melhores. Assumir um erro é curioso, é dolorido e ninguém quer mais um fardo para carregar.

Curioso são também as frases do fim do relacionamento. "Eu não vou fazer, ele(a) não fez."; "Não vou abaixar minha cabeça"; "É culpa dele(a)"; "Sou orgulhoso(a)"; "Vou mudar". São tantas que aposto que quem já passou dos quinze anos já ouviu estas frases em algum momento da vida. É difícil você dizer que ama, abrir seu coração, ou até quem sabe pensar em algo que possam rir depois se o outro ainda não fez. É mais fácil ter que contar brigas, desconfianças, revirar o passado. O passado. É mais curioso ainda quando inventamos de ter ciúmes da vida passada. Do que a outra pessoa viveu antes de conhecê-lo. Acredite: esse é o mais curioso do término. Ninguém tem culpa de ter uma ex, infelizmente ex's existem e estão aí (a não ser que esta ainda vá atrás dele). É injusto querer desconfiar só porque o seu último romance acabou com suas esperanças de príncipe encantado. Ninguém é igual. Acabou o amor. Era previsível com tantas curiosidades ruins.

Hoje é tudo tão mais complicado e a minha teoria para estes relacionamentos não durarem é a intensidade. Você no primeiro mês de namoro quer que ele diga que te ama, coisas caras, romance à flor da pele. Você procura desejo, mais não aquele desejo minúsculo, você quer um desejo sem tamanho. Meu conselho sempre será: O começo é o começo. Não precisa e não tem nada demais. Sabe quando você lê o livro e a introdução é sempre a mesma coisa? Quem são. Onde estão. Quais são os personagens principais. É disso que eu falo, são pontos a identificar. Na vida é igual, você precisa identificar o começo. Demora para se criar amor, ele vem com o tempo, tudo começa com admiração, afeto, simpatia pelo o outro. O amor e a intensidade vem depois. E no século em que vivemos isso triplica! Ninguém ama no começo. Se conhece, se envolve, seduz. Por isso o começo é sempre apaixonante (e depois cobramos essa paixão no final). 

Saiba se relacionar. Os relacionamentos são aprendizados, nunca esqueça disso. É preciso cair e levantar muitas vezes. Mas o modo como se levanta é o que diferencia. É curioso como ninguém será especialista no amor cem por cento. Não é preciso e nunca foi. O fim de um relacionamento é sempre dolorido, nos sufoca. Mas é preciso encarar a realidade e perceber que nada tem um fim, tudo sempre recomeça. O "SE" depende de você. Se quiser ficar perguntando o resto da vida sobre questões doloridas precisa primeiro se perguntar SE você está agindo da melhor forma. 

O amor é um cômodo sem luz. Se você tiver medo vai escutar e ver coisas que te colocarão para correr. Mas se você caminhar apoiada na parede uma hora vai encontrar a luz, e esta só vai se apagar quando a energia se for. Assim é o amor, assim são os relacionamentos. 

Seja curiosa, porque curiosidade é boa quando usamos ela com confiança. É curioso o amor.
 É viciante querer descobrir o outro, e não o DO outro.

3 comentários:

LH. disse...

Simplismente um dos melhores que ja li mesmo, se não o melhor !
Retratou muita coisa da minha vida jana, me senti como se eu tivesse que escutar isso de alguem.
Parabééns, um dia eu fico bom assim ;)

Anônimo disse...

tudo que começa grande, não tem pra onde crescer. O amor começa pequeno - nem mesmo se precisa falar, geralmente o que realmente sentimos é o que menos dizemos - e aumenta com o tempo, com a cumplicidade com a sincronicidade... mas o desejo e a paixão podem sim existir desde o começo, ou não, tudo depende... por mais que pareça igual toda vez é diferente.
tempos que não lia por aqui. deu até saudade de te incomodar pelo formspring,, haha. excluiu pq? ;/ té. se cuide. g.

Pima disse...

final de relacionamento é tenso.
e o que também é curioso é o seguinte:
se você namora, ou tem um relacionamento amoroso com outra pessoa, você nunca sabe, se este relacionamento vai ser pra sempre. nunca se sabe se a namorada(o) vai ser pra sempre.
agora, EX-namorada(o) é pra sempre. ela ou ele, principalmente se vocês nunca mais voltarem, vai continuar sendo sua ou seu ex.