Não entendo as voltas que a minha vida dá. Tem
horas que eu questiono o que seria de mim se continuasse na mesma vida.
Sou nova, eu sei, mas sinto como se já tivesse vivenciado coisas
grandes e pretendo conquistar muito mais. Tudo o que me fez
falta, fortaleceu quem eu sou hoje. Quando perdi meu pai, era tão nova e
senti uma chuva de acusações cair sobre a cabeça da minha família. Mas
ao invés de chorar e sentir que poderia morrer, lá fomos nós mostrar o
quanto somos boas em reconstruir cada pedacinho de dor e sentimento que
carregamos juntas. Quando eu perdi meu primeiro amor, chorei e até
deixei de comer, só que ergui minha cabeça e continuei, porque não era
um amor sem futuro que me faria desistir dos estudos, amigos e família.
Aí o tempo passou e eu conquistei outros sonhos e novos amores. Amei de
uma maneira tão pura e fui amada. E como sempre acontecia quando eu
estava aprendendo a curtir o momento, eu perdia. Perdi muita coisa e
prometi continuar. Não foi fácil e eu estava cansada de perder tanto.
Abrir mão das coisas não é fácil para pessoas levemente possessivas.
Tentei sobreviver em um lugar sem espaço, sufocado pela ostentação do
passado. Óbvio que não deu certo. Arrumei minhas malas, foquei em uma
carreira que parecia não ter futuro. Aos poucos voltei a reconstruir
minha vida. Hoje olho e penso que se eu não tivesse apanhado tanto da
vida não teria amadurecido. Seria só mais uma dessas garotas de 20 e
poucos anos que acha que sabe de tudo, mas não sabe de nada. Eu não sei
de nada, assumo, mas eu vivi quase tudo. O que eu não vivi ainda estou
correndo atrás, porque eu acho que nessa vida a gente tem que é cair,
levantar, chorar, sorrir, enfraquecer e fortalecer. Tudo de uma só vez.
Queria saber como seria minha vida se tudo fosse um castelo, e nada
tivesse ido embora sem a minha vontade. Quem eu seria, onde eu estaria
ou até mesmo por quem eu me apaixonaria. Um acontecimento muda toda a
nossa história, e foi a minha atitude que trilhou o caminho. As coisas
têm que acontecer, você queira ou não, e você tem que criar estratégias
para se orgulhar no final de tudo. Me orgulho dos caminhos que tracei.
Vivo cheia de saudades, vontades, amores, histórias, pesadelos, só que
eu nunca deixei que o tempo parasse. Eu fiz tudo funcionar, coloquei
para cima a bagunça e mostrei que de criança eu não tenho nada. Agora eu
estou planejando outros sonhos e eles são muito maiores. A lei aqui é
bateu, levou. Não deixo que a vida me mostre o quanto ela pode ser
triste. Minha felicidade dá goleada nas decepções que todos nós um dia
vamos sofrer. Nossas vontades pouco importam para a vida. O que importa é
o que você vai fazer do seu destino, e esse é a gente quem traça, não
adianta falar outra coisa.
- Jana Escremin
Nenhum comentário:
Postar um comentário