quinta-feira, 13 de maio de 2010

A procura por si só

'A procura por si só' anda me causando certo espanto. Não sei me classificar em gênero e nem ao menos sei se é correto faze-lô. Sou tantas em uma. É tão fácil dizer o estado de espírito que me encontro e temidamente horrível dizer quem eu sou. Andar pelas ruas não faz mais sentido se eu não souber para onde vou, e basicamente eu nunca sei para onde eu vou. No meio do caminho posso me desviar, e me encontrar como alguém totalmente diferente do que eu estava na esquina anterior.

Vivo em uma sociedade que não sabe por onde começar. Começar a viver, principalmente. Talvez seja um problema meu e de mais ninguém, porém a ausência de um gênero me faz falta. Sinto que posso dizer o que eu quiser para quem eu quiser, mas não posso escolher apenas um caminho. Sou todos os dias questionada sobre meus valores.

Minha procura não se limita em quem eu sou, mais em quem eu quero me tornar. Quero ser boa, mas necessito do meu pedaço ruim. Vocês veem aqui todos os dias, e leem sobre coisas que não posso explicar com atitudes, apenas palavras. E elas são tantas. Todo o sofrimento, alegria, desejos são assistidos com o máximo silêncio, sem nenhuma palavra vocês acompanham a minha vida. Consequentemente a minha procura, isso torna a situação mais complicada, pois sempre senti necessidade da conversa do outro, e falar sozinha é quase um tiro no escuro.

Pensando por outro lado, não tenho certeza se quero encontrar. Talvez quando encontrar não vou gostar do que eu sou. Ou eu sou todos os dias algo que não era e me torno algo que não sei explicar, pela constante mudança. Resolvo minhas dúvidas com mais dúvidas, e sinto que a única certeza que tenho é a de que sou confusa, e isso para mim ainda é pouco.

2 comentários:

Ananda Mendonça disse...

Adoro distorções de sentidos, confusões de pensamentos e não adstrições de sentimentos relacionados a nossa existência.. me entende? hahaha! Enfim, adorei.. e a sua busca é também a minha, inevitavelmente.

Anônimo disse...

Um dos melhores textos que eu já li por aqui. escrevi algo parecido esses dias, mas nas tuas palavras ficou muito melhor. ;) eu me sinto como se fosse tudo: como um frankstein restaurado com pedaços diferentes, e isso ao mesmo tempo é nada pois eu mesmo não consigo me enquadrar em nenhuma classe única, como muitas pessoas parecem conseguir. Eu quero entender e mudar o mundo, mas eu não consigo entender nem o mundo que existe dentro de mim para que eu possa realizar mudanças. É, só sei que nada sei...
O homem dominou o mundo, e agora quer brincar de Deus, julgando e rotulando pessoas e grupos sociais. Eu me coloco sob meu próprio julgamento o tempo todo, quero respostas pra tudo, de imediato. E as respostas muitas vezes não vem. A gente esquece que a gente é único e infinito, e o infinito não se pode medir, nem com números, nem com palavras.
Eu posso ser tudo, e ainda sim eu ainda serei uma simples interrogação (?) g.