Acaso e o romance

Descobri o problema das desilusões amorosas. O problema é que ficamos enxergando sinais, só para contar uma história romântica se tudo der certo. Um caderno que cai no pé dele, uma curva rápida que te faz trombar, um café que cai na roupa do futuro parceiro e tem também aquela olhadinha na balada que faz com que todos parem de dançar ao seu redor. Sério? Isso existe mesmo? Talvez sim. Talvez não.

O problema está em inventar sinais que talvez nem estejam lá. Ou não. Consumimos informação amorosa demais, e isso nos desgasta. Nunca vamos nos satisfazer com pouco. Queremos a história que a mocinha do filme viveu. Queremos contar aos outros que nos conhecemos só porque sou desastrada demais ou que você era galinha e encontrou em mim um lugar para mudar de vida.

Sei inventar uma história de amor como ninguém. Idealizo demais, e eis o resultado: Sozinha, esperando o homem que surgirá através do destino. O acaso não combina com comédia romântica. O acaso é incerto (óbvio).

Como eu posso esperar que o homem perfeito irá se apaixonar por mim quando abrir a porta do meu trabalho e me encontrar descabelada? É um pouco difícil acreditar nisso, sabendo como é o meu cabelo. Nem eu me apaixonaria.

Essa escravidão com o acaso me frusta. Não deveria esperar nada de nada. Um dia as coisas acontecem, e cabe a você dar oportunidade para cada situação. Talvez você perdeu alguém só por ele não ter esbarrado em você.

Em contra partida fico feliz quando sei de histórias reais, meu peito infla com aquele restinho de esperança. Se com a moça do departamento financeiro aconteceu, por que comigo não?

Mas é quando a realidade bate na porta que vejo que talvez eu não seja destinada as histórias de romances que estão nos livros ou filmes. Existem pessoas comuns, feitas para encontrar alguém quando o acaso não mostrar nada além da carcaça. Sem tropeções, batidas, copos no chão ou primeiros olhares.

Acho que tudo fica mais fácil quando a gente se assume humana, assume que talvez as coisas são assim e ponto final. Vou estar mentindo se dizer que não espero que o acaso dos filmes me encontre, mas não vou ser uma chata por saber que não espero por ele como antes.

- Jana Escremin