Praticando o amor

Dizem que a prática leva à perfeição e lamento não ter praticado mais. Talvez se eu não tivesse desistido de amar há alguns anos atrás eu poderia saber lidar com esse sentimento que consome os meus dias. Quis inventar de ser durona e esqueci como agir. Fui bancar a moça forte que não precisa de ninguém e enferrujei, transformei meu coração em um monstro. Quero deixar entrar, mas ele insiste em fazer sair. Não sou perfeita, nunca fui e sinto muito por isso. Vejo pessoas se conhecendo, trocando mensagens, marcando encontros e minha ficha cai bruscamente no chão. Eu passei quatro anos da minha vida sem ao menos querer conhecer alguém. Alguns até tentaram entrar, mas afastei todos. Usei as ferramentas da liberdade, do medo e da minha fragilidade para não me apaixonar de novo. Agora entendo quando as pessoas olham para mim e soltam frases do tipo: "Você é muito chata com você mesmo". Sim, eu sou. Eu sempre culpei meu passado e os idiotas que me machucaram, mas agora vejo que sou a única culpada. Eu deixei que eles fizessem isso comigo. Enquanto minha vida crescia no trabalho, nos estudos e com os amigos, ela diminuía com os homens. Conheci todos os errados, homens com pós graduação em fazer sofrer. Se a gente atrai o que transmite, lamento dizer que eu sou um péssimo imã. Me tornei a segunda opção de qualquer pessoa que cruzou meu caminho, mas acredito que eu também não tenha colocado ninguém na primeira opção, então ficou elas por elas. Praticar está complicado. Chegar à perfeição vem se tornando tarefa de gigante e eu sou tão pequena. Se eu não tivesse passado por esses caras errados talvez ainda acreditasse em algo maior, algo que pudesse ser diferente. Mas nunca é. Não falo isso por pessimismo, mas por experiência. Hoje não sei mais atuar, não sei mais jogar, não sei mais amar. Há quatro anos atrás eu deixei de acreditar no sentimento que escrevo há anos. Há quatro anos atrás parei de praticar. Há quatro anos atrás eu reeduquei minha maneira de amar. Há quatro anos atrás eu me tornei uma completa idiota.

- Jana Escremin