Queria escrever sobre a minha raiva,
frustração e desapontamento. Queria não sentir esse peito cutucando com
aquele sentimento chato de quem não pode ter o que quer e mesmo assim
não consegue controlar. É muito difícil olhar e ter que entender.
Não posso gritar, não posso questionar e isso me atormenta. Sou
daquelas que perguntam tudo para ver se o alívio escapa, mas com esse
cara eu não posso fazer isso. Não é meu, nunca foi e não compreendo
porque ainda me sinto péssima. Visto um sorriso, uma frase mal feita e
engulo todo o mal estar. O motivo é mais óbvio e inseguro do que eu
posso ser. Não é meu e não posso controlar a vontade e a tristeza dessa
certeza. O que me sobra então? Escrever, ler, dormir e pensar. Fico
desapontada por não dizer, por esperar algo de alguém que não se
preocupa em se doar um pouquinho mais. Tal frustração acontece quando
ele chega, me amolece e sai como quem cumpriu a boa ação do dia. Não sou
uma boa ação e muito menos carente de atenção. Sou daquelas que aceita
os que querem e os que não querem, desde que tudo seja bem claro. Não
imploro pelo amor alheio e não sufoco quem eu sei que não está
envolvido. Comigo é tudo simples: Quer ir? Tchau. Quer ficar? Então
vamos fazer valer a pena. Mas com ele nunca é assim. Com ele o buraco é
mais embaixo e é aqui que entra a minha raiva. Não dá para ser inteira e
segura com as mil garotas iguais à mim. Eu nunca sei se ele quer ir ou
ficar. Nunca compreendi suas intenções, e ultimamente algumas provas vem
mostrando que eu preciso reavaliar as minhas intenções. Suas atitudes
andam contradizendo todos os momentos bons. Começou com o silêncio,
depois com uma oscilação fora do normal. Tenho que aturar dias especiais
e dias ignorados, e fico pensando se é isso mesmo que eu quero. É
complicado reunir esses sentimentos e engolir a vontade de saber logo o
que acontece com ele. Enquanto não compreendo fico com o papel de boa
ação. E mesmo que doa continuo sorrindo para suas vontades porque no
fundo ele também é a minha vontade. Dizem que para receber você tem que
se doar, então sou mais uma sobrevivente do sentimento de não ter, não
poder, mas querer. Só não sei até que ponto terei paciência para esperar
a sua vontade em alguém para mim.
- Jana Escremin
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