sexta-feira, 31 de maio de 2013

Segurando as lágrimas

 Eu só não queria chorar. Chorar é quase uma fraqueza e não sou dessas. Eu não queria chorar porque disseram que isso é sinal de quem não consegue ir além, mas eu consigo. Consigo chorando e com os olhos inchados. Consigo porque se eu não chorar e continuar seguindo talvez não seja a mesma nunca mais. Sei que certas situações irão acontecer mais do que o normal. Pessoas vão, pessoas ficam. Mas a dor daquelas que se vão sem ao menos ter a chance de se despedir é o que causam as lágrimas. Eu não quero chorar, não quero sentir e tudo o que sei é que faço isso como a mesma maestria de uma orquestra. Tudo seria mais prático se pudéssemos apenas bater, gritar, reclamar e aliviar. Mas o que fazer quando o alívio só vai quando sujo o rosto de água salgada? Isso de vivenciar a dor dos outros um dia vai me colocar em confusão. Conter lágrimas e convertê-las em atitudes parece simples para algumas pessoas, mas para mim nunca foi. Sou a chorona do país e não seguro as pontas quando sinto essas dores. Eu só queria ser um pouco mais dura. Toda vez que penso que mudei, a vida mostra o quão enganada estou. Repito: Não é fraqueza, é só um exagero de sentimentos. Eu sinto muito. Sinto por mim, pelo o outro, pelo vento, por cada pedaço de gente que chega e se apresenta. Ontem ouvi que a vida é feita de injustiças e que são esses momentos que nos provam quem somos e com quem lidamos. As pessoas tem razão. Não dá para saber o limite do outro sem testá-lo. Não dá para pedir segurança de quem não é seguro. Implorar nunca fez ninguém ficar. Somente ficam aqueles que estão dispostos a se doerem. Eu sempre "fiquei" na vida. Fiquei na vida das pessoas, fiquei com sentimentos antigos, fiquei com lágrimas, fiquei com a injustiça no coração, fiquei calada. Acho que no fundo ficar assim é a consequência de uma vida pautada em ser sentimental. Nasci assim, vou morrer assim. Posso ter ficado mais esperta com a vida e suas armadilhas, mas eu nunca vou deixar de chorar quando for preciso. É isso que sinto quando tudo o que posso fazer é nada. É o 'nada' que consome, que derrete, que faz arder. É o 'nada' que impulsiona, que traz à tona tudo o que ficou escondido. Enfim, eu não queria chorar, mas talvez foi a melhor maneira de aliviar, de entregar meu sentimento para esse 'nada'.

- Jana Escremin

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