Nunca escondi sobre o garoto que causou grande
estrago no meu coração, mas também nunca escondi como o tempo foi justo
comigo. Reconstruí e colei cada pedacinho e até hoje mantenho ele em
constante restauração. Comigo tudo sempre foi lento:
Apaixonar, falar, querer, chorar, não querer, desistir. Sempre penso no
que estou arriscando e mesmo que goste da sensação de jogar tudo para o
alto, tenho meus receios. Mas hoje lembrei de um garoto que provou como
ainda estou em fase de reconstrução. Ele chegou no meio do processo,
foi rápido e não conseguiu o que queria. Prometi tentar, prometi me
entregar, não consegui. Pulei fora na primeira vez em que ele mostrou o
tamanho do seu sentimento. Era como se aquilo não fosse possível, e fugi
assustada. O tempo foi passando e consegui encontrar alguém que fizesse
as coisas no meu tempo. Deixou crescer, ajudou a reconstruir e um belo
dia, como quem não quer nada, deu um soco em tudo. E mais uma vez eu
reconstrui meu órgão predileto, problemático e inseguro. Fiz diversas
promessas sobre não me entregar, não querer e não deixar mais ninguém
quebrar o que já estava em cacos. O tempo passou e fui refazendo meus
caminhos com novos amigos, novas histórias, novos sentimentos. Nesse
momento muita coisa apareceu e eu espantei todas com meu medo e
insegurança. Até que um dia aquele de quem eu fugi apareceu. Parecia a
mesma pessoa e até melhor. Pensei em tudo o que tinha passado e dessa
vez queria alguém que sentisse alguma coisa, que pudesse bater no mesmo
ritmo. O final de tudo isso foi ele chegando, falando, se declarando e
quando pensei que poderia consertar meu erro, ele fugiu. Assim como eu,
ele encontrou segurança em outras pessoas e deixou que eu sentisse tudo o
que um dia causei no seu coração. Foi aí que percebi que meu egoísmo
era tão grande. Todo mundo tem coração, todo mundo tem bagagem e mesmo
que por medo, eu fugi deixando os sonhos e desejos de outra pessoa me
esperando. Quando a gente se machuca acha que nossa dor é única e perde
oportunidades, fere pessoas e causa em quem só nos quer bem o mesmo
sofrimento. Aprendi pela dor a não causá-la em ninguém. Porque
reconstruir pode ser fácil, pode ser difícil, pode não ser, mas é
importante que nós não nos fechemos para quem tem tanto para dar. Nunca
fiquei desapontada com ele, porque no final a gente recebe do mundo o
que ofertamos. Nunca mais quis ele e agora vivo esperando a chance de
não fugir do que é novo para mim.
- Jana Escremin
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