É com os seus olhos que me preocupo. São
naqueles dois pequenos e claros que passo os dias pensando e é a
distância deles que me assustam, porque eu sou gente para ser vista e se
teus olhos não enxergam os meus, então não enxergamos nada. Meu
silêncio não tem nada a ver com o meu olhar. Meu olhar entrega e o teu
não nega. Se eu ficar dependendo das nossas palavras o meu coração não
suportará esse "talvez" que talvez nunca aconteça. No fundo a última
esperança que ainda alimenta a minha ilusão é que o que nos falta é
olhar, sentir, estar e mesmo que a vontade seja de acabar com todas
essas faltas, eu ainda tenho medo. Porque acima de tudo, os nossos olhos
contam verdades e elas podem machucar. Hoje não me sinto especial, não
me sinto nada além de mais uma na sua vida e são muitas dúvidas, muitos
espaços para preencher. Você não faz nada para entendê-los e com o
passar do tempo descubro que posso ser amada, que alguém consegue
preencher e que te esquecer parece fácil se as coisas começam a dar
certo para o meu lado. Sofro com medo, pois perder esse sentimento e a
lembrança que construí de nós não parece justo, não a essa altura do
campeonato. Mas ao mesmo tempo parece menos dolorido. Tem gente por aqui
querendo ser especial e acima de tudo querendo me tornar especial.
Porém não são os seus olhos, não são suas palavras, não é a sua boca,
seu toque e sua risada. Na verdade não parece nada com você. E aí é como
se te esperar fosse a minha única escolha e a minha única decepção,
porque no fundo você nunca pediu com todas as letras que te esperasse,
eu fiz porque quis. E hoje eu não sei se pulo desse barco, porém desejo
silenciosamente que se esse for o meu destino final, você acorde do sono
profundo que a liberdade te colocou e lembre-se que são os meus olhos
que os seus procuram e que o fim de todas essas dúvidas possam ser o
começo de alguma coisa.
- Jana Escremin
Nenhum comentário:
Postar um comentário