quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Agora que passou

Eu parei de escrever.
Não sofria mais.
Perdi a vontade de redigir uma linha sequer.
Eu estou mais para viver do que para escrever.

Passei os últimos dias abrindo e fechando o Word na esperança que alguma palavra saísse. Descobri que só sabia dizer o que sentia quando machucava, corroía e rebaixava. Isso foi um reflexo do que eu era. Sempre valorizando as tragédias emocionais. Fiquei sem palavras para esperar pelo o que é bom. Porém, a vida dá muitas voltas. Ela faz um loop infinito e você cansa de ter ânsia de vômito. Decide soltar as mãos e aproveitar cada segundo da loucura que ela preparou para você. Talvez eu não estivesse mais preparada para escrever sobre aquele sentimento que pensei que duraria uma década, e vejam só: durou só alguns meses. Ontem me sentei em um bar. O "nosso bar". Como sofri indo lá, mas ontem foi diferente. Pela primeira vez eu não sofri por estar ali sem ele. Quis escrever sobre isso, quis gritar. Foi engraçado. Aquele garçom que gostava tanto de quem nós éramos (e dizia que íamos casar toda vez que você ia ao banheiro), sorriu, me deu uma cerveja e contou que um cara da mesa ao lado estava me oferecendo ela sem pedir nada em troca. Eu sorri. Há algum tempo eu descobri porque as palavras não saíam. Inventei o meu destino e virei a conselheira mais foda que existe. Mudei alguns conceitos, por isso parei de escrever. Acabou o amor, acabou a inspiração. Acabou a dor e com ela veio uma vontade que deixou de lado as palavras amarguradas. Esses dias eu consegui dizer pela primeira vez e sem doer que não amo mais, que não quero mais. Continuo desejando o bem, continuo leve, continuo sorrindo, mesmo quando ele começa a falar de coisas aleatórias. Eu aprendi a sorrir de novo, e talvez eu tenha esquecido da importância de escrever sobre isto. Agora é a melhor hora, a melhor inspiração. O meu coração já não tinha mais esperanças de amar e ser amado. O tempo passou. Com ele veio um livro, uma música e outras pessoas. Ontem assisti a um programa na televisão e chorei. Chorei porque um homem disse para a sua futura esposa que quando alguém especial entra na nossa vida, ninguém precisa nos avisar. A gente sabe. Chorei de felicidade. Chorei porque voltei a ser quem sou, a amar como amo, a jogar novamente. Chorei pensando sobre o que quero. Quero aquelas palavras, aquele olhar, aquela certeza. Superar acontece e não demora. Eu esqueci de escrever sobre isso porque estava vivendo além dessas palavras. As vezes faz bem se desligar. Fico com a admiração de tudo o que levei e deixei. Sou alguém inesquecível, e me perdi. Quantas contradições a vida me reservou. Quero viver essa montanha russa só para saber até onde ela vai.

Eu parei de escrever.
Não sofria mais.
Perdi a vontade de redigir uma linha sequer.
Eu estou mais para viver do que para escrever.
Agora, não quero mais parar. As palavras terão direção.
Será a direção mais bonita que encontrei: a minha.

- Jana Escremin

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