A
vida é irônica. Quando ela se refaz e surpreende, esquecemos de
agradecer, escrever ou gritar. A felicidade fica tão grande que não
sobra espaço para as linhas. É tempo demais para amar, tempo que
esquecemos e somos felizes sem ter que publicar em alto e bom som. A
ironia é sentir ter o mundo nas mãos sabendo que ele não está ali. É
entender que o passado passa, e que os medos se escondem com a luz
de um sorriso. Não tenho mais tempo para as dúvidas, pois agora fico
querendo me conhecer e conhecer o outro. Não preciso participar de
joguinhos, pois acabou a fase de ler nas entrelinhas. O meu valor não é
dado pelas desculpas do mundo, o meu valor é meu, é dele. Ele que refez
os meus pensamentos, que causou estranheza. A ironia é quando o mundo me
olha e já sabe que aqui reside um amor. Talvez seja difícil encontrar
um tempo entre o trabalho e esse sentimento, mas encontrá-lo talvez é a
melhor definição de esperança. Eu, descrente de todo e qualquer amor,
vivendo a solidão mais divertida e jogando no ar palavras que nunca
chegaram ao seu destino final, me encontro feliz sem medo do depois.
Existia um plano e agora ele se foi. Existia uma vontade e agora ela
mudou. A vida é irônica. Sorrio sem medo, sem perceber e sem querer me
machucar. Mas quem está na chuva é para se molhar, certo? Então
aproveito. Talvez a maior ironia é a troca inesperada de personagens, ou
talvez seja a reviravolta no final do segundo ato. Seja como for, a
vida encontrou um jeito de sinalizar mais forte do que eu, e não faço
ideia de como ela encontrou ironia no que estava perdido, mas em troca
eu encontrei amor olhando mais para o lado de cá, do que para o lado de
lá.
- Jana Escremin
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