quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nunca fui uma garota clichê

Nunca fui a garota do “não vou, não tenho roupa”. Nunca fui a garota da frescura de não beber muito, de não experimentar, de não me envolver. Fico pronta em menos de trinta minutos e não costumo atrasar para os compromissos, mesmo que aconteça algumas vezes. Sempre fui prática para as coisas simples. Sempre fui complicada para os sentimentos. Não sou uma dessas mulheres clichês, e me faz falta ser, mesmo que seja uma vez ou outra. Me preparo e faço de tudo para não perder os detalhes. Muitas amigas pedem para não deixá-las esquecerem algo ou alguém, pois sabem que podem confiar na minha memória. Enquanto todas já estão caindo com as três bebidas do bar, eu me mantenho firme e querendo sempre mais. Às vezes eu gostaria de ser mais desligada. Sou plugada em coisas que não deveria e só esqueço o que não desperta o meu interesse. Nunca fui a garota que todo mundo espera. Tenho um ciúme exagerado, mas que se você observar tem até um pinguinho de graça. Vivo uma contradição e um talvez infinito, cheio de “não sei”. Prefiro que me levem no início, mas depois sou eu quem falo onde, quando e por que. Fico submissa em algumas situações pelo simples fato de querer agradar a alguém. Mas já descobri que a maior furada da nossa vida é querer agradar os outros. Quando estou sozinha, sei dedicar o tempo e sei compartilhar das emoções. Descubro no meio do processo que o meu único defeito é demonstrar demais, é não conseguir parar e segurar as palavras ou empolgação. Não sei disfarçar. Já disse que vou mudar, já disse que me esforço dia após dia e vejo algumas mudanças, mas é complicado mudar quem nós somos. Sou sentimento em carne e osso, me machuco fácil e entrego minha vida como se fosse presente, achando que as pessoas querem vive-las comigo. Isso explica muitas frustrações, mas aceito. Nasci assim, uma contradição. Levo o meu sorriso e faço questão de ser quem sou, doa a quem doer. Mesmo que só doa em mim. Passo os dias viajando nos diálogos e nos arrependimentos para descobrir que ser quem sou, é muito mais do que corajoso, é natural. Aceite quem quiser, mas estou vendo a vida mais simples do que desejo, isso talvez esteja no processo de aprender e esquecer. Meu único medo é esquecer que alguém me fazia sorrir, no entanto preciso lembrar que eu trouxe mais sorrisos do que qualquer outra pessoa. Não nasci para despertar as lágrimas de ninguém e sinto orgulho do que me tornei.

- Jana Escremin

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