Neste
coração existe aço. Nesta cabeça existe teimosia. Como pude ficar cega
para os meus defeitos? Como deixei uma bomba explodir na minha mão sem
ao menos senti-la? Estive vivendo em um mundo paralelo e deixei minhas
atitudes tão automáticas que não fui capaz de perceber o incômodo do
outro. Talvez essa história de “me amar um pouco mais” tornou-se
egoísta, cega e sem perspectiva. Olhando somente
o que queria ver, esqueci que as pessoas também sentem, mudam e querem
ser reconhecidas por suas atitudes. Notei como é ruim estar do lado
errado. Percebi que nunca me achei errada, em nada. Erros, erros, erros.
Onde deixei aquele coração que se desculpa? Que reconhece? Que não
magoa? A culpa não é toda minha, mas uma parcela dela é, e essa parte me
dói. Dói porque nunca quis errar. Dói porque tinha certeza de que
estava tudo bem e de que estava agindo certo. Dói porque não pude
enxergar nele o quanto o meu modo automático o incomodava. Pensei que se
eu não aprender agora, nunca mais saberei como exigir menos das pessoas
que estão a minha volta. Mas também pensei nos riscos e eles não me
agradam. Nunca quis ser a chata de ninguém, nunca quis ser aquela em que
não é possível ter dois minutos de conversa, e neste exato momento é
como me sinto. Se a situação pudesse se reverter em questão de segundos,
eu faria. Mas não dá. Já machucou, estragou e o conserto demora. Demora
porque ninguém acredita mais em ninguém. Toda pergunta tem um quê de
suspeita aos olhos do outro. Todo silêncio tem um quê de suspeita aos
meus olhos. Como me tornar inteiramente humana e cheia de erros quando o
outro também se esquece de fazer algo por nós? Podemos tentar e
acredito que conseguimos, mas esse caminho dói e é difícil de aceitar.
Me perdi quando sofri e transformei mágoa em munição. Porém agora tenho
todas as armas apontadas para o meu coração. E esse é o erro de quem
acha que o mundo está errado, quando o erro também faz parte de nós.
- Jana Escremin
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