quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O traço de quem realmente se envolve, se interessa.

Existe um louco em cada canto do mundo. Há quem fale demais, há quem fale de menos. Loucos por comida, bebida, música, dança, livros, política e etc. Consultando para serem consultados, gosto de pensar assim. Na verdade eu sempre quis saber de coisas aleatórias, coisas fúteis e interessantes, não importava. Quis consumir o mundo para poder falar dele para alguém e chamo isso de “Síndrome de Mafalda”. Sabe aquela garotinha baixinha que questiona o mundo nos quadrinhos? Pois é, eu adoro ela e os seus pensamentos loucos e contestadores. Não sou tão contestadora e admito ter raiva de quem é. Não sei para que tanto burburinho quando a solução é mais simples do que o famoso 2 + 2. No entanto, os últimos dias vem mudando meu jeito simples de pensar. Sim, o mundo me engoliu e não está fácil. Pela primeira vez tudo o que busquei é pouco. Sinto como se precisasse saber mais, mais, mais e mais. Sou contra a regra do destino e fico à vontade sem estar. Todos os dias o meu corpo sai do chão enquanto ouço aquelas palavras, aquele jeito novo de ver o mundo. O meu pensamento, que já dispersa facilmente, escapa pela tangente e está admirando e lutando para falar, questionar e aparecer, mas eu sumo no mapa por não saber nada e achar isso um nada tão gigante e grosseiro que o meu coração quase para. Logo eu que achava tão legal passar da água para o vinho, mudar de opinião quando quiser e seguir rumos diferentes quando for preciso, começo a admirar quem opta pelo traço reto e fixo. O traço de quem realmente se envolve, se interessa. Sim, eu admito que não sou a pessoa mais envolvente do mundo. As coisas me atraem, eu atraio as coisas, mas a profundidade delas não me interessa. Não sei se foram os anos, mas as coisas começaram a mudar. A mala que carrego está crescendo, mudando e sinto as placas do meu mundo se afastando. Sem algum motivo aparente me comporto como uma criança desprotegida. Quero saber do mundo, mas acho que o mundo não quer saber de mim. As pessoas envolvem os meus dias com conselhos e eu percebo a maldade que existe em mim. O susto é grande, mas infelizmente o mundo me engoliu. Ainda vivo com os antigos pensamentos e caminho por milhares de lugares, só que agora começo a ficar crítica comigo e com o mundo. Parei de relevar certos absurdos, e por não estar acostumada com essa nova maneira de enxergar a vida, o meu consciente castiga o meu coração. Quem foi educada como eu, traz o peso de deixar o mundo cometendo os seus erros e relevar. Existe um mundo louco com pessoas loucas e me encaixar nele é tarefa difícil. Tenho que ser eu, tenho que ser daquele, tenho que entender, compreender, viver. Tenho muitos verbos para conjugar e tudo em menos de 24 horas. Santa inocência! Quem consegue carregar a mesma pessoa sem agregar nada para si? Sou esponja da pior espécie. Sugo tudo para dentro de mim e quando vou ver já peguei a mania do outro. Não por querer, mas por querer ser tão próxima que preciso ter algo deles comigo. O mundo me enganou e não me preparou para suas armadilhas. Sou esperta até que me provem o contrário, e não ser está fora do meu vocabulário.

- Jana Escremin

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