quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O peso das mulheres loucas

Mulher é louca, e você já deve ter lido isso em algum lugar. Nós nos dividimos entre as que querem, exigem, controlam e dão duro para que seja do jeito certo, entre aquelas que se fazem de cegas, surdas e mudas. A escolha entre o que você vai ser na sua vida pode vir do caráter, do convívio ou da falta de amor próprio, tanto faz. O fato é que todas somos loucas durante a nossa vida.

Uma vez fui obrigada a ouvir de um namoradinho que eu precisava me amar mais. Oi? Quê? Quando? Onde? Em que momento eu pareci essa louca que fica cega, surda e muda? Não sei, mas vou lhe responder uma coisa. Esse namoradinho estava acostumado com o “namoro-livre”. Sabe aquele que você apronta e ama como se nada tivesse acontecido? Pois é. O que ele não esperava é que uma louca, de vinte e poucos anos, fosse questionar e cobrar essas atitudes.

Era ele me abraçar e eu já lembrava do velho ditado: “O mal do esperto é achar que todo mundo é bobo”. Eu me amei tanto, mas "pareceu" que deixei de lado porque eu tinha que bancar a espiã. Era um trampo todo dia, monitorar, amar, ser foda para que ninguém atrapalhasse. Se eu relaxasse, pronto! Um par de chifres na minha cabeça era instalado com sucesso e sem chances de descobrir.

Eu posso ter deixado de me amar sim, acontece. Sei que deixei quando perdoei uma conversinha aqui, um arrependimento ali e uma desculpa acolá. Somente nestes momentos, e repito: somente nestes momentos, eu deixei de lado todo o amor que sinto pelo o meu sorriso, o 'meu olhar, o meu sexo, o meu desejo, as minhas unhas e a minha simpatia. Mas ok. Essas coisas acontecem, porque mulher é louca. Diz que é independente e de repente está de quatro pelo moço que não faz questão dela.

O que eu pensava era que o meu namoradinho estava com medo. Tadinho, ele nunca tinha experimentado a sensação de ser fiel, isso realmente assusta (oh, lord!). Passei os meses administrando o meu sentimento e bancando a professora do amor. Tentava mostrar e ensinar que aquilo era errado, que machucava e que meu amor poderia curá-lo. Quanta ingenuidade!

Me tornei a insegura, a moça louca, de gênio forte e que “precisava se amar” um pouco mais. Qual o problema de querer amar e ser amado? Bom, eu deixei para lá. Observei todas as minhas amigas e entre as cegas, surdas e mudas eu descobri o que aconteceu entre tantas coisas erradas com aquele namoradinho.

Eu era (sou) ponta firme!

Marquei presença, espantei as moscas da traição e com todas as letras: P-R-O-I-B-I! Lembro de uma vez pegá-lo no flagra, e sabe o que ele respondeu: "Chega, eu quero paz!". Um cara tão culto deveria saber a diferença entre paz e safadeza, mas quem sou eu né? Fui a moça insegura e com um descontrole fora do normal que ele nunca tinha se relacionado.

No meu terreno ninguém ia ciscar mais que do que eu, entende? Ninguém ia chegar achando que sou cega, surda e muda. Causei e causei feio. Eu ria das minhas confusões, achava graça no ciúme e no sexto sentido. Sou mulher louca e com o sentido à flor da pele. Se algo estivesse errado, minha cabeça já apitava: pi pi pi pi pi pi pi! Sirene sem fim.

Agora eu entendo porque duramos tão pouco tempo, ele prefere uma senhora que não vai ter gritar para esse "mimimi" de traição. Começar do zero depois de certa idade enche o saco, sabe? Acredito que o desespero é maior do lado de lá. Enfim, é difícil sair da zona de conforto dos relacionamentos superficiais. Me joguei e joguei ele junto, sem paraquedas ou seguro de vida.

Mulher é louca, sem exceções. Mas nós nos diferenciamos por sermos autênticas, exigindo o correto, ou essas loucas que aceitam a “meia boca” que alguns homens entregam para poder pular o muro. Não me arrependo de ter sido tão dura, mesmo que tenha aprendido a controlar certos impulsos.

O que não admito é homem me olhar e achar que sou frágil. Sou problema, sem vergonha de dizer. Tive um outro namoradinho que vivia dizendo e sorrindo o quanto amava o meu jeito louco, ele dizia que eu não era fácil de enganar e eu morro de orgulho disso.

O que o outro namoradinho poderia ter feito era aprender que namoro não é bagunça, mas eu estive lá para isso. Fiz a bagunça, tirei a paz e quer saber? Se eu não me amasse, deixaria tudo acontecer sem chiar por isso.

Talvez eu não dure com ninguém, talvez eu seja interpretada como insegura, mas uma coisa eu sei: não vem querer desculpar a sua fragilidade com o meu amor próprio. Se eu lhe der amor, saiba receber, não retroceder.

- Jana Escremin

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