Mulher
é louca, e você já deve ter lido isso em algum lugar. Nós nos dividimos
entre as que querem, exigem, controlam e dão duro para que seja do
jeito certo, entre aquelas que se fazem de cegas, surdas e mudas. A
escolha entre o que você vai ser na sua vida pode vir do caráter, do
convívio ou da falta de amor próprio, tanto faz. O fato é que todas
somos loucas durante a nossa vida.
Uma vez fui obrigada
a ouvir de um namoradinho que eu precisava me amar mais. Oi? Quê?
Quando? Onde? Em que momento eu pareci essa louca que fica cega, surda e
muda? Não sei, mas vou lhe responder uma coisa. Esse namoradinho estava
acostumado com o “namoro-livre”. Sabe aquele que você apronta e ama
como se nada tivesse acontecido? Pois é. O que ele não esperava é que
uma louca, de vinte e poucos anos, fosse questionar e cobrar essas
atitudes.
Era ele me abraçar e eu já lembrava do velho ditado:
“O mal do esperto é achar que todo mundo é bobo”. Eu me amei tanto, mas
"pareceu" que deixei de lado porque eu tinha que bancar a espiã. Era um
trampo todo dia, monitorar, amar, ser foda para que ninguém
atrapalhasse. Se eu relaxasse, pronto! Um par de chifres na minha cabeça
era instalado com sucesso e sem chances de descobrir.
Eu
posso ter deixado de me amar sim, acontece. Sei que deixei quando
perdoei uma conversinha aqui, um arrependimento ali e uma desculpa
acolá. Somente nestes momentos, e repito: somente nestes momentos, eu
deixei de lado todo o amor que sinto pelo o meu sorriso, o 'meu olhar, o
meu sexo, o meu desejo, as minhas unhas e a minha simpatia. Mas ok.
Essas coisas acontecem, porque mulher é louca. Diz que é independente e
de repente está de quatro pelo moço que não faz questão dela.
O
que eu pensava era que o meu namoradinho estava com medo. Tadinho, ele
nunca tinha experimentado a sensação de ser fiel, isso realmente assusta
(oh, lord!). Passei os meses administrando o meu sentimento e bancando a
professora do amor. Tentava mostrar e ensinar que aquilo era errado,
que machucava e que meu amor poderia curá-lo. Quanta ingenuidade!
Me tornei a insegura, a moça louca, de gênio forte e que “precisava se
amar” um pouco mais. Qual o problema de querer amar e ser amado? Bom, eu
deixei para lá. Observei todas as minhas amigas e entre as cegas,
surdas e mudas eu descobri o que aconteceu entre tantas coisas erradas
com aquele namoradinho.
Eu era (sou) ponta firme!
Marquei presença, espantei as moscas da traição e com todas as letras:
P-R-O-I-B-I! Lembro de uma vez pegá-lo no flagra, e sabe o que ele
respondeu: "Chega, eu quero paz!". Um cara tão culto deveria saber a
diferença entre paz e safadeza, mas quem sou eu né? Fui a moça insegura e
com um descontrole fora do normal que ele nunca tinha se relacionado.
No meu terreno ninguém ia ciscar mais que do que eu, entende? Ninguém
ia chegar achando que sou cega, surda e muda. Causei e causei feio. Eu
ria das minhas confusões, achava graça no ciúme e no sexto sentido. Sou
mulher louca e com o sentido à flor da pele. Se algo estivesse errado,
minha cabeça já apitava: pi pi pi pi pi pi pi! Sirene sem fim.
Agora eu entendo porque duramos tão pouco tempo, ele prefere uma senhora
que não vai ter gritar para esse "mimimi" de traição. Começar do zero
depois de certa idade enche o saco, sabe? Acredito que o desespero é
maior do lado de lá. Enfim, é difícil sair da zona de conforto dos
relacionamentos superficiais. Me joguei e joguei ele junto, sem
paraquedas ou seguro de vida.
Mulher é louca, sem exceções.
Mas nós nos diferenciamos por sermos autênticas, exigindo o correto, ou
essas loucas que aceitam a “meia boca” que alguns homens entregam para
poder pular o muro. Não me arrependo de ter sido tão dura, mesmo que
tenha aprendido a controlar certos impulsos.
O que não admito é
homem me olhar e achar que sou frágil. Sou problema, sem vergonha de
dizer. Tive um outro namoradinho que vivia dizendo e sorrindo o quanto
amava o meu jeito louco, ele dizia que eu não era fácil de enganar e eu
morro de orgulho disso.
O que o outro namoradinho poderia ter
feito era aprender que namoro não é bagunça, mas eu estive lá para isso.
Fiz a bagunça, tirei a paz e quer saber? Se eu não me amasse, deixaria
tudo acontecer sem chiar por isso.
Talvez eu não dure com
ninguém, talvez eu seja interpretada como insegura, mas uma coisa eu
sei: não vem querer desculpar a sua fragilidade com o meu amor próprio.
Se eu lhe der amor, saiba receber, não retroceder.
- Jana Escremin
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