quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Como ser o chão de alguém

 Ontem comecei a ler um livro que dói até na alma. Chorei, claro. São contos sobre experiências de vida e como encarar as consequências de uma notícia ruim, de um coração partido ou de uma saudade que não vai embora. Engoli o livro de tão aprendizado que ele é. Sou tão alma que chega a ser chato quando começo a falar. Hoje acordei com uma ligação que me tirou todas as lágrimas do dia. A esperança é cruel. Ela nos dá a chance de sonhar e isso é perigoso.

Fui para o trabalho tentando engolir a tristeza que tal ligação causou. Me recompus, limpei o rosto e o Raul começou a cantar. Lá vamos nós de novo. Coração na mão e força no peito, é apenas isso que me ensinaram a fazer quando não temos escolhas. Ele cantou tão fortemente: "Pare o mundo que eu quero descer", que foi a única coisa que eu queria pedir.

Um minuto de silêncio porque não aguentava mais ver as coisas como elas são. Ele me lembra meu pai, responsável pela paixão nas canções do "Maluco Beleza". Sim, o choro veio em dobro. É Raul, a gente paga para tudo, inclusive para sofrer. Eu não podia contornar o quarteirão, voltar para casa e chorar baixinho na minha cama. Eu só podia seguir, tem uma pessoa que precisa tanto de mim que não dá para ser fraca.

Falei com uma pessoa hoje, fiquei mais animada. A vida tem dessas coisas. Coloca no nosso caminho pessoas que nos fazem acreditar, nos fazem sorrir quando a vontade é só de deixar o tempo passar. Fiquei feliz de novo. Rezei para que meu desejo fosse atendido e o rosto até deu uma iluminada. As pessoas se esquecem de se preocupar, e eu esqueço de não me preocupar. Vou no sentido contrário da população. É chato, eu sei.

Uma irmã disse que eu gosto muito das frases de filmes, e que devia parar de usá-las. E daí se eu fecho o plano americano enquanto recito aquele verso e escuto aquela música de fundo? Eu sorri. Tem gente que nos ilumina, e eu quero iluminar também. Passei a mão no telefone, engoli o choro e dei aquela força que não tenho, mas faço de tudo para ter quando precisam de mim. As vezes a gente tem que ser de ferro e fogo.

Uma vez ouvi a frase: sorria na sala, chore no quarto. Nunca mais esqueci isso. Volto a citar Raul: levante sua mão sedenta e recomece a andar. Não pense que a cabeça aguenta se você parar.

Esperança, ligações, Raul e pessoas especiais. Em menos de 24 horas todas as emoções passaram por mim. Me restou cuidar do que virá, e preparar o coração para a vida, pois ela é uma história com começo, meio e fim.

- Jana Escremin

2 comentários:

Bruna Soares disse...

Jana...voce é foda!! Quanto sentimentos em palavras! Eu AMO seus textos

meyriane teixeira disse...

Pq eu sempre tenho a impressão de que eu e vc vivemos ao mesmo tempo as mesmas situações na nossa vida?! Mais um texto perfeito