Por
dias pensei, pensei, pensei e conclui o quanto estava errada e em como
tudo aquilo machucava. Imaginei todos os caminhos para ter chegado onde
estou, e nada surgia. Até que comecei a questionar quem eu sempre fui.
Como alguém pode ficar ao meu lado por um bom tempo e me enxergar tão
inferior a ele? Tão diferente do que acredito ser? Como permiti mudar
quem eu sou para ser o que ele procura? Ele
nunca soube o que procurou, e não sei se saberá algum dia. Sou humana,
sou cheia de defeitos e qualidades, mas ao pensar na situação de modo
reverso, conclui que eu sou tão gente quanto ele um dia será. Me culpei
por não conseguir fazer o cara que eu amo ficar na minha vida. Maltratei
o meu final de semana cheio de trabalho com lágrimas e ilusões
equivocadas. Como fui capaz de deixar a coisa mais pura que tenho ser
enganada de tal maneira? Conforme os meus pensamentos iam se ajeitando,
tudo fazia sentido. O silêncio, a falta de comprometimento, a ausência
de doação em uma relação aonde só eu ia, mas ninguém vinha. Descobri que
o que eu amo já não existe mais. Eu amava o cara que conheci, que me
encantou, que me abraçava, beijava e dizia o quanto estava feliz ao meu
lado. Eu sempre vou amar o cara que me fez sentir a paixão novamente,
que olhou nos meus olhos, mãos, boca, cabelo e sorrisos. Vou amar
aqueles olhos brilhando e todos nossos amigos admirando esse momento.
Porém, eu não amo o cara que não teve compaixão na hora de dizer adeus.
Seja qual fosse a sua escolha dali para frente, ele sabe o quanto me
faria sofrer sendo rude, sendo evasivo e me tratando como a ficante do
mês, ao invés do que realmente fui em sua vida. Não amo alguém que não
quer se responsabilizar pela a minha vida, minhas vontades, meus
desejos, minhas conquistas. Esse não é o parceiro que tanto sonhei.
Esperei por dois dias, sofrendo calada, sendo a agonia em forma de
gente, mas não posso culpa-lo por ser tão limitado de sentimento. O que
posso é me culpar por não perceber como mereço algo maior do que essa
loucura, ignorância ou falta de sentimento. Nesta madrugada acordei
procurando os braços dele ao meu redor, procurando ouvir o seu ronco
engraçado e profundo, mas nada aconteceu. Era eu e a coberta, só. Senti a
falta dele naquele momento, chorei como uma criança e percebi que isso
seria a pior parte de seguir em frente. Perder os momentos bons nunca
são fáceis, mas acima de qualquer abraço no meio da noite está o que eu
quero daqui para frente. Já andei metade do caminho e não percebi como
ele ficou para trás. Agora já sei o que quero, pois lutei pelo o que
quis e se nada disso foi possível com ele, paciência. Passei os dias
pensando em como consertar as coisas e agora me dou conta de que nada do
que ele disse deveria ser consertado em mim. Eu estava ferida, fiquei
chata, fiquei triste, fiquei desmotivada por não receber mais o amor do
cara que amei. Afinal, sou a pessoa mais romântica que conheço e ele
perdeu a chance de ser o cara mais amado desse mundo. Sou totalmente
coração, enquanto ele é razão pura e cega. Não quero mais ensinar como
amar, quero dividir amor. Quero olhar nos olhos como olhei nos dele um
dia e saber que o recíproco pode ser sinônimo de responsabilidade. Sou
responsável por uma parcela da felicidade do outro, do carinho do outro,
da confiança do outro, inclusive, da dor do outro. Ele logo estará com
outra, fingindo uma paixão impulsiva até perceber como ela é chata,
afinal todas somos. O que sei é que nunca encontraremos pessoas
perfeitas, mas o que nos difere é como eu aceitei todos os defeitos
dele, todas as feridas e como escalei um muro alto, forte e cheio de
espinhos sem medo do que enfrentaria. No fundo eu queria que ele me
enxergasse como eu sou. Brilhante! Feliz! Batalhadora! Altruísta do bem!
Mas só sobrou escuridão no olhar dele por mim, só sobrou os momentos
quando estava ferida. Os meus defeitos não foram respeitados e nunca
serão. Pessoas como ele abandonam o jogo no primeiro tempo e não se
importam em encerrar ciclos com compaixão. Eu nunca serei assim porque
eu busco a felicidade em todo mundo, mas ele não foi capaz de me dar e
não posso culpá-lo. Não posso culpá-lo por ser como é, eu o aceito
assim, mas não desejo mais ao meu lado alguém com tão pouco a observar
em tudo o que sou. Sentirei sua falta todos os dias, pois com ele fiz
planos, com ele me entreguei depois dos anos de reclusão. Após esses
dias sofrendo sei que sou importante para o mundo, e foram poucos os
momentos em que me senti assim ao seu lado. Serei grata por ele.
Resgatei o que tenho de melhor, que é o amor que posso dar a alguém.
Descobri com ele no que sou extremamente talentosa: que é amar, apesar
de tudo ou de todos os obstáculos. Nunca mais vou achar que a visão dele
sobre mim é verdadeira, pois existem pessoas dizendo o quanto sou boa
em amar alguém. Não vou mentir que quis muito que o meu amor pudesse
mudá-lo, mas se ele não quis esse amor para criar responsabilidades,
chegamos ao fim. Descobri que não sou o problema, sou a solução! Porém,
só enxerga quem realmente deseja receber esse fardo que é amar e ser
amado.
- Jana Escremin
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