Você
já tentou conviver com um sentimento que não quer mais, porém ele está
lá cutucando, ferindo, batendo? Ele nos traz o nosso pior pesadelo. E
fugimos aqui, escapamos dali, mas ele sempre nos encontra. Conviver com o
sentimento rejeitado é quase um estado bulímico. O peito dói, as mãos
tremem, as pernas congelam e a garganta coloca as palavras na ponta da
língua para deixar que a saliva as empurre para baixo dando ânsia de algo que não sei o nome, mas dói.
Extrair o sentimento não é fácil e muito menos explicável. Dizem que o
tempo cura, novos amores surgem e o aprendizado só é capaz por causa
dele. No entanto, a conta da saudade fica extensa e os dias passam tão
rápidos que sofrer vira rotina. Pois é, perder é frustrante, claro. Mas
amar o que se perdeu é sempre pior.
Não existe uma fórmula
para acabar com ele. Seguimos em frente trabalhando, desejando,
conhecendo. Seguimos porque é a única solução que nos deram quando ele
sumiu no mapa sem dizer uma só palavra. Viramos fantasmas na vida do
outro e a cura já se perdeu a tanto tempo que não vale a pena lutar.
Aceito a dor, aceito a saudade, aceito essa maldita vontade de correr
até que tudo passe. Encontro pessoas e elas me dizem o que pensam, como
se isso fosse mudar o sentimento, mas nada muda. Eu o coloco nas mãos e
quero dá-lo a alguém. Porém, ninguém quer carregar esse fardo pesado. E
logo agora que estava fazendo tudo certo, estrago para deixar ele ferir
novamente.
Estrago o sentimento, a força, o amor próprio.
Aprendi que o meu amor deve ser dosado e que sou capaz de fazer tudo o
que eu quiser, mas o que eu quero é egoísta. Peço desculpas e mantenho o
meu silêncio, volto para aquele quarto onde falta calor, falta ele,
falta nós. Volto para ficar bem e seguir sem lutar com a ânsia de
vomitar esse sentimento.
Talvez amar seja só sobre aprender, não sobre conviver.
- Jana Escremin
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