Não é fácil passar dos vinte anos. Não é fácil
querer encontrar aquela pureza do colegial. Aquele sentimento que
chegava, invadia e nos deixava apaixonada. Quando você passa dos vinte o
olhar é pesado, crítico e sem pudor. Acabam-se a esperança
dos filmes ou das declarações e começam as cobranças de um amor
distorcido. Todo mundo acolhe o medo e os ombros já estão cansados de
quem nos feriu. Tudo isso acaba importando mais do que amar novamente.
Não existe uma busca pelo o amor, agora a busca é para não sofrer. E por
isso tantos corações se fecham, tantas histórias mal começam e tantos
textos são escritos. Até as músicas têm mais sentido depois dos vinte
anos. Enquanto o sentimento continua buscando o caminho mais puro, nós
vamos embaralhando as cartas de um futuro que já não quer só ter alguém.
Somos mais felizes que isso. Somos além disso. A busca limita, retrai. E
não deveria. É que depois dos vinte a gente procura algo que nos tire
do passado e ensine uma maneira nova de amar. A maneira que dá certo,
que não machuca e que não coloca dúvidas. Procuramos por algo que
coloque à prova essa esperança de salvação para o amor. Mas aí o medo
está na pele de todo mundo e como se não bastasse a liberdade também
impera. Eu amo ser livre e isso atrapalha todos os amores que vieram
depois dos vinte anos. Nunca mais consegui abrir mão da liberdade por
ninguém, quero ser livre e ser amada, mas dizem que só se pode ter uma
dessas coisas. Nunca soube se isso é verdade, só sei que meu medo se
espalha e atrapalha. A liberdade, a idade e a insegurança são
sentimentos desconhecidos e que tentam fazer sentido, mas eu só quero
alguma coisa que não faça nenhum sentido. Os meus vinte anos só procuram
balancear minha loucura, com minha sede de conhecer o mundo e a minha
vontade de amar. Dizem que um é oposto do outro, mas para quem fala
tanto em esperança, ainda acredito que ela é a última que morre. E
continuarei acreditando e me libertando.
- Jana Escremin
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