segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

20 anos

Não é fácil passar dos vinte anos. Não é fácil querer encontrar aquela pureza do colegial. Aquele sentimento que chegava, invadia e nos deixava apaixonada. Quando você passa dos vinte o olhar é pesado, crítico e sem pudor. Acabam-se a esperança dos filmes ou das declarações e começam as cobranças de um amor distorcido. Todo mundo acolhe o medo e os ombros já estão cansados de quem nos feriu. Tudo isso acaba importando mais do que amar novamente. Não existe uma busca pelo o amor, agora a busca é para não sofrer. E por isso tantos corações se fecham, tantas histórias mal começam e tantos textos são escritos. Até as músicas têm mais sentido depois dos vinte anos. Enquanto o sentimento continua buscando o caminho mais puro, nós vamos embaralhando as cartas de um futuro que já não quer só ter alguém. Somos mais felizes que isso. Somos além disso. A busca limita, retrai. E não deveria. É que depois dos vinte a gente procura algo que nos tire do passado e ensine uma maneira nova de amar. A maneira que dá certo, que não machuca e que não coloca dúvidas. Procuramos por algo que coloque à prova essa esperança de salvação para o amor. Mas aí o medo está na pele de todo mundo e como se não bastasse a liberdade também impera. Eu amo ser livre e isso atrapalha todos os amores que vieram depois dos vinte anos. Nunca mais consegui abrir mão da liberdade por ninguém, quero ser livre e ser amada, mas dizem que só se pode ter uma dessas coisas. Nunca soube se isso é verdade, só sei que meu medo se espalha e atrapalha. A liberdade, a idade e a insegurança são sentimentos desconhecidos e que tentam fazer sentido, mas eu só quero alguma coisa que não faça nenhum sentido. Os meus vinte anos só procuram balancear minha loucura, com minha sede de conhecer o mundo e a minha vontade de amar. Dizem que um é oposto do outro, mas para quem fala tanto em esperança, ainda acredito que ela é a última que morre. E continuarei acreditando e me libertando.

- Jana Escremin

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