Sei que sou um corpo cheio de defeitos. Tenho o
tamanho de um anão de jardim e quero crescer por todos os lados.
Costumo ficar em silêncio, e não falo nada nunca! Mas escrevo tudo o que
fica entalado e erro tanto por esconder o que sinto. Meu
orgulho é pesado e normalmente desisto fácil das pessoas. Carrego um
coração medroso, porém cheio de vontades. Esqueci onde está o botãozinho
que ativa os novos amores e vivo sonhando com tudo o que o mundo pode
oferecer, principalmente alguém para encontrar esse dispositivo. Sou
adaptável e raramente reclamo das coisas. Sou mutável e gosto de tudo,
ou melhor, quase tudo. Procuro sarna para me coçar e só assim sinto que
ainda não endureci por completo. Se perguntarem do que mais gosto, nunca
sei dizer. Meus níveis não regulam bem e por isso sou um poço de
informação. A questão é que eu gosto de viver, e isso sempre bastou para
mim. Mergulho de cabeça nos meus sonhos e só tenho medo do que não pode
ser correspondido. Meu medo de não ser amada me transforma nesse cubo
de gelo que demora para derreter. Tenho uma vida maravilhosa e busco o
caminho de volta para o amor, mas travo quando a insegurança toma conta.
Esse sentimento tem dívidas altas comigo e eu custo a acreditar nele.
Sinto seus sintomas e ao invés de me entregar, acabo enchendo copos,
amigos e cabeça. Sou difícil de amar e isso já foi mais fácil do que
imaginam. Possuo defeitos que se propagam como grosserias, mas é que as
vezes preciso mostrar que também sou de carne e osso. Só não queria
correr, só não queria ter medo, só não queria estar insegura. Sou um
defeito ambulante que escreve e não entende nada do que sente, ou pelo
menos não deixa que entendam.
- Jana Escremin
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